domingo, 30 de maio de 2010

Uma corrida de obstáculos

Por muito tempo Atenas aspirava atrair os Jogos Olímpicos de volta ao seu local de origem. Marcando o centenário dos jogos nos tempos atuais, 1996 parecia o ano mais apropriado para o retorno da Olimpíada à sua terra natal.

Entretanto, a disputa de Atenas para candidatar-se a sede da Olimpíada em 1996 não teve êxito. Alegou-se que a cidade não tinha a necessária infra-estrutura para as grandes demandas das duas semanas de jogos.

Essa rejeição levou a Grécia e sua capital a entrar em ação. Atenas prometeu corrigir a situação. Com boas intenções e sólidos planos, em 1997 a cidade disputou de novo para sediar os Jogos Olímpicos em 2004. Dessa vez venceu.

Atenas preparou-se para fazer uma transformação. O desejo de sediar os Jogos deu início a uma atividade e desenvolvimento sem precedentes. Em toda a parte, máquinas trabalhavam para melhorar a infra-estrutura e construir estradas e complexos esportivos para os Jogos. Mesmo durante os fins de semana intensamente quentes em pleno verão, podiam-se ver escavadeiras, guindastes e pessoas em vigoroso trabalho por toda a parte.

Em março de 2001, pousou a primeira aeronave no novo aeroporto internacional de Atenas, considerado um dos principais do mundo em sua categoria. Também, planejou-se construir 120 quilômetros de novas rodovias e agendou-se melhorar 90 quilômetros das existentes auto-estradas. Umas 40 vias elevadas foram incluídas no novo sistema de rodovias para facilitar o trânsito. Novas linhas de metrô foram criadas, com providências para mais 24 quilômetros de linhas de bonde. Foi projetada uma malha ferroviária suburbana de 32 quilômetros, pontilhada de estações ferroviárias modernas, para desviar o trânsito e reduzir a poluição atmosférica.

Em suma, Atenas em poucos anos tentou transformar-se numa nova cidade, com mais áreas verdes, um meio ambiente mais limpo e um novo sistema de transporte. Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), disse: “Quem conheceu Atenas antes dos Jogos e chegar a ver Atenas depois dos Jogos não reconhecerá a cidade.”

Os Jogos Olímpicos voltam ao seu local de origem

ESCAVAÇÕES arqueológicas levaram ao renascimento dos Jogos Olímpicos nos tempos modernos. Descobertas na antiga Olímpia, Grécia, motivaram o barão francês Pierre de Coubertin a apresentar a proposta para o retorno dos jogos, o que resultou na primeira Olimpíada moderna realizada em Atenas, em 1896.

Poucos anos antes de 2004, buldôzeres e britadeiras abriram o caminho para o retorno dos jogos ao seu local de origem. A capital da Grécia parecia um enorme canteiro de obras, ao passo que estava sendo modernizada em preparação para a Olimpíada.

A 28.a Olimpíada, nome oficial dos Jogos Olímpicos de 2004, decorrerá em Atenas, de 13 a 29 de agosto. Cerca de 10 mil atletas, de um número recorde de 201 países, competirão em 28 tipos de esportes. Eventos esportivos serão realizados em 38 locais e culminarão em mais de 300 cerimônias de entrega de medalhas. Cerca de 21.500 membros da mídia serão ultrapassados em número por uns 55 mil agentes da segurança pública que trabalham com diligência.

sábado, 29 de maio de 2010

As modalidades de esporte

Comparado com o atletismo moderno, o número de modalidades era bastante reduzido, e apenas homens participavam. O programa das antigas Olimpíadas não tinha mais de dez modalidades. As estátuas, os relevos, os mosaicos e as pinturas em vasos de terracota, expostos no Coliseu, retratavam os atletas em ação.

Havia corridas a pé de três distâncias: o estádio, equivalente a uns 200 metros; a corrida dupla, comparável aos atuais 400 metros; e a corrida de longa distância, de uns 4.500 metros. Os atletas corriam ou faziam exercícios totalmente nus. Os competidores no pentatlo participavam num conjunto de cinco provas: corrida, salto em distância, arremesso de disco, arremesso de dardo e luta. Outras competições incluíam pugilismo e pancrácio, este último descrito como “esporte brutal que combinava socos com luta livre”. Depois havia a corrida de carros puxados por cavalos por uma distância de oito estádios. Os carros eram leves, abertos, com rodas pequenas, e puxados por dois ou quatro potros ou cavalos adultos.

O pugilismo era extremamente violento e às vezes fatal. Os competidores usavam em torno dos punhos tiras de couro duro, reforçadas com pedaços de metal. Não é difícil imaginar por que certo competidor, chamado Stratofonte, não conseguiu reconhecer a si próprio quando olhou num espelho depois de quatro horas de luta. Antigas estátuas e mosaicos comprovam que os pugilistas ficavam horrivelmente desfigurados.

Na luta romana, segundo as regras, o lutador só podia agarrar a parte superior do corpo do adversário; e o vencedor era quem fosse o primeiro a conseguir imobilizar o outro no chão três vezes. Em contraste, no pancrácio não havia nenhuma restrição de onde segurar o oponente. Os competidores podiam dar pontapés, socos e torcer articulações do corpo do adversário. Os únicos golpes não permitidos eram arrancar o olho com o dedo, arranhar o adversário ou mordê-lo. O objetivo era imobilizar o oponente no chão e obrigá-lo a desistir. Alguns achavam esse “o melhor espetáculo de toda a Olimpíada”.

Diz-se que o mais famoso encontro pancrácio da antiguidade ocorreu no final da Olimpíada de 564 AEC. Arraquião, que estava sendo estrangulado, ainda conseguiu deslocar um dos dedos do pé do seu rival. O oponente, vencido pela dor, rendeu-se no mesmo instante que Arraquião morreu. Os juízes declararam o cadáver de Arraquião vencedor da luta.

A corrida de carros puxados por cavalos era a mais prestigiada das modalidades e também a mais popular entre os aristocratas, visto que o vencedor não era aquele que guiava os cavalos, mas o dono do carro e dos cavalos. Os momentos mais críticos na competição aconteciam no começo da corrida, quando os condutores tinham de manter-se na sua própria faixa e, mais difícil ainda, quando tinham de fazer a curva com o carro em torno dos postes nas duas extremidades da pista. Erros ou faltas podiam causar acidentes que tornavam esse evento popular ainda mais espetacular.

Uma instituição antiga

A Grécia não foi a primeira civilização a se envolver em esportes. Mesmo assim, talvez no oitavo século AEC, o poeta grego Homero descreveu uma sociedade humana estimulada por ídolos heróicos e um espírito de competição, em que a bravura militar e o atletismo tinham grande valor. Explicou-se na exposição que a mais antiga das festividades gregas teve início como um evento religioso para honrar os deuses nos funerais de personagens heróicos. Por exemplo, a Ilíada de Homero, a mais antiga obra existente da literatura grega, descreve como guerreiros nobres, companheiros de Aquiles, depuseram as armas nos ritos fúnebres de Pátroclo e competiram para provar seu valor no pugilismo, na luta romana, no lançamento de discos e de dardos, e na corrida de carros puxados por cavalos.

Festividades similares passaram a ser celebradas em toda a Grécia. Disse a brochura explicativa sobre a exposição: “As festividades ofereciam uma oportunidade básica para os gregos, em respeito aos seus deuses, deixarem de lado suas freqüentes e intermináveis disputas violentas e conseguirem sublimar seu espírito tipicamente competitivo numa realização pacífica, mas igualmente verdadeira, de competição atlética.”

Grupos de cidades-estados adotaram a prática de se reunirem regularmente em centros comuns de adoração para prestar homenagem às suas deidades por meio de competições atléticas. Com o tempo, quatro dessas festividades — a olímpica e a neméia, dedicadas a Zeus; e a pítica e a ístmica, dedicadas respectivamente a Apolo e a Posseidon — aumentaram em importância até se tornarem festividades pan-helênicas. Quer dizer, estavam abertas a competidores de todo o mundo grego. As festividades destacavam sacrifícios e orações e também honravam os deuses por superlativas competições de atletismo ou artísticas.

A mais antiga e prestigiada dessas festividades, segundo o que se diz, data do ano 776 AEC, e era realizada de quatro em quatro anos em honra a Zeus, em Olímpia. A segunda na ordem de importância era a festividade pítica. Realizada perto do mais famoso oráculo do mundo antigo, em Delfos, também incluía atletismo. Mas, em honra do padroeiro da poesia e da música, Apolo, dava-se ênfase ao canto e à dança.

Esportes da antiguidade e a importância de vencer

“CADA homem que toma parte numa competição exerce autodomínio em todas as coisas.” “Quando alguém compete . . . nos jogos, não é coroado a menos que tenha competido segundo as regras.” — 1 Coríntios 9:25; 2 Timóteo 2:5.

Os jogos a que Paulo se referiu eram um aspecto integrante da antiga civilização grega. O que nos diz a História sobre tais competições e o ambiente em que eram realizadas?

Recentemente, realizou-se no Coliseu de Roma uma exposição sobre os jogos gregos, Nike—Il gioco e la vittoria (Nike — O jogo e a vitória). A exibição forneceu algumas respostas à pergunta acima e deu o que pensar a respeito do conceito cristão sobre os esportes.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Surge um Novo Ídolo




Jamais esquecerei um jogo contra o Santos, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Já estávamos bem avançados no segundo tempo e a partida estava empatada. A nossa classificação para as finais do campeonato dependia desse jogo. Daí, que horror! Sofremos uma penalidade máxima! Esta penalidade praticamente decidiria o jogo, e quem foi escolhido para cobrá-la? Pelé, o mundialmente famoso “rei do futebol”! Os 60.000 torcedores no Estádio e os milhões de outros que escutavam o jogo pelo rádio prendiam a respiração, enquanto encarávamos um ao outro.

Ao observar Pelé, lembrei-me de que ele costumava dar uma quase imperceptível ‘paradinha’ antes de chutar a bola, na tentativa de deslocar o goleiro, fazendo-o pular para o canto oposto de onde planejava chutar a bola. De modo que fiquei parado e só pulei depois que ele chutou a bola — e agarreia-a! Foi um pandemônio! Em toda a cidade milhares de torcedores que ouviam o jogo pelo rádio saíram às ruas para comemorar, soltando fogos. O jogo terminou empatado e saí do campo carregado nos ombros dos torcedores. Nascia um novo ídolo!

Em meio a toda a euforia que se seguiu, lembro-me das palavras sábias do experiente Gilmar, goleiro da seleção, que me mandou um recado pelo rádio: “Heitor, não se iluda. As flores de hoje poderão ser pedras de amanhã!”

Grandes Aspirações

Minha nova carreira logo começou a render dividendos. Em poucos meses fui apontado como o goleiro “revelação” do ano e, logo depois, comecei a ganhar troféus, primeiro como o melhor goleiro e depois como o goleiro menos vazado, em 1964. Além de presentes, recebia convites para participar de programas esportivos na TV. Minha casa vivia cheia de torcedores e de repórteres, tínhamos intensa atividade social e a minha conta bancária aumentava.

‘Depois das flores, as pedras’ — nos campos de futebol

COMO a maioria dos garotos brasileiros, criei-me jogando futebol em qualquer terreno baldio, ou no meio da rua. Os astros do futebol daquela época eram os nossos ídolos. Tornar-se jogador profissional era meu grande sonho. Assim, aos 13 anos, quando me mudei com a família para o Rio de Janeiro e fomos morar perto do Estádio do São Cristóvão, fiquei ‘radiante de alegria’.

Depois de alguns anos, comecei a despontar como bom jogador de ataque. Mas, em 1958, pouco antes dum jogo importante, ficamos sem goleiro. “Heitor Amorim, você é o mais alto”, disse o treinador. “Você será o nosso goleiro.” Assim começou minha carreira qual jogador solitário debaixo do travessão, o jogador que jamais pode falhar.

O tempo passava, enquanto eu dividia meu tempo entre a escola e os treinamentos no campo de futebol. Em 1963, fiquei emocionado ao ser convocado para a Seleção Olímpica Brasileira. Naquele ano, ganhamos o campeonato pan-americano, em São Paulo. Isto me valeu um convite para jogar no famoso time do Corinthians, de São Paulo, e não pensei duas vezes antes de aceitar a oferta. Assim, deixando o emprego e a faculdade de engenharia, mudei-me para São Paulo a fim de dar atenção indivisa ao futebol profissional.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Esportes radicais — Vale a pena correr o risco?

“HOJE EM DIA, CADA VEZ MAIS PESSOAS DEIXAM DE SER MEROS ESPECTADORES PARA PARTICIPAR DE ESPORTES COMO PÁRA-QUEDISMO, RAPEL, CANOAGEM E MERGULHO COM TUBARÕES.” — JORNAL THE WILLOW GLEN RESIDENT.

ESSE comentário descreve uma tendência cada vez mais comum nos esportes. O aumento significativo na popularidade de atividades como pára-quedismo acrobático, escalar montanhas de gelo, paragliding e BASE jumping reflete um mundo fascinado com o perigo. Os aficionados dos snowboards, mountain bikes, skateboards e skates in-line também estão sempre procurando quebrar o seu próprio recorde por tentar conquistar as montanhas mais altas, descer os penhascos mais íngremes e dar os saltos de maior distância. Segundo a revista Time, a crescente popularidade dos “esportes radicais” — esportes em que os participantes assumem grandes riscos — destaca a ânsia de milhões de chegar ao “limite, onde o perigo, a habilidade e o medo se combinam para proporcionar aos guerreiros de fim de semana e aos atletas profissionais a emoção de alcançar o desempenho máximo”.

Mas o aumento da popularidade vem acompanhado de aumentos do custo. Cada vez mais pessoas ficam feridas quando esportes relativamente seguros são levados a extremos. Nos Estados Unidos, durante o ano de 1997, o aumento no número dos que foram parar em um pronto-socorro devido a ferimentos causados por skateboarding, snowboarding e escalar montanhas foi de mais de 33%, 31% e 20%, respectivamente. No caso de outros esportes, os resultados são ainda mais dramáticos, como se evidencia no crescente número de mortes relacionadas com esportes radicais. Os defensores desses esportes estão cientes dos perigos. Certa mulher que participa de esqui radical diz: “A idéia da morte sempre me persegue.” Um snowboarder profissional resume o assunto por dizer que, “se você não se machuca, é porque não está se esforçando o suficiente”.

Em vista do que consideramos, como o cristão deve encarar a participação em tais atividades? Como a Bíblia pode nos ajudar a decidir se devemos participar de esportes radicais? Considerarmos qual é o conceito de Deus sobre a santidade da vida nos ajudará a responder a essas perguntas.
O bungee jump é um esporte em que a pessoa, presa a uma longa corda elástica chamada de bungee, salta de pontes, guindastes e até de balões de ar quente. O salto lhe permite cair em queda livre, até o ponto em que a corda estica completamente, sustendo a queda.

Se você está deprimido ou se está lutando contra impulsos autodestrutivos, por que não conversar com alguém e obter ajuda, em vez de correr riscos desnecessários?

Pese bem as conseqüências

É razoável pensar seriamente nas possíveis conseqüências de pular de um guindaste, de saltar de um avião para fazer acrobacias no ar ou de fazer qualquer coisa que pareça excessivamente arriscada. Não vá simplesmente confiando no que ouve falar ou em histórias entusiásticas de outros jovens. (Provérbios 14:15) Obtenha os fatos.

Por exemplo, qual é exatamente o índice de acidentes de determinado esporte? Que precauções de segurança são tomadas? Um especialista diz sobre o mergulho autônomo: “[As pessoas acham que] passar da atmosfera para o meio aquático é perigoso. . . . Mas só é perigoso sem a devida instrução.” Portanto, você deve perguntar-se também: Que treinamento e equipamento são necessários para esse esporte? Há benefícios legítimos, como exercício, por exemplo? Será que possíveis riscos são incidentais, ou o objetivo primário do esporte é desafiar a morte?

Se o objetivo é desafiar a morte, você talvez devesse perguntar-se por que atividades de risco o atraem tanto. É apenas uma reação ao tédio ou ao estresse? Então, por que não encontrar uma maneira mais segura e mais prudente de lidar com esses sentimentos? O livro Teenage Stress (Estresse nos Adolescentes) diz que o envolvimento em atividades de risco é um “método perigoso e essencialmente ineficaz de lidar com o lado negativo do estresse”. — Note Provérbios 21:17.

Depois de fazer uma boa investigação — e de conversar com seus pais —, é bem provável que se conclua que seria melhor evitar esportes radicais. Seus pais talvez prefiram que você se envolva em atividades que por natureza parecem menos perigosas, como ciclismo, patinação, esqui e mergulho com respirador, para mencionar só algumas. É claro que mesmo atividades relativamente seguras podem ser perigosas quando não se tomam as devidas precauções.

Isso aconteceu com um grupinho de jovens, cristãos, que decidiu fazer uma caminhada. Eles saíram da trilha e começaram a escalar um trecho estreito de um penhasco íngreme. Em pouco tempo viram-se praticamente encurralados, sem poder ir com segurança nem para a frente nem para trás. Então o jovem que liderava o grupo ouviu um barulho súbito. Dois dos seus colegas haviam caído e morrido. Que tragédia!

Portanto, seja cauteloso! ‘Alegre-se na sua mocidade’, desfrutando a força e o vigor com que você foi abençoado. (Eclesiastes 11:9) Mas, antes de aceitar um convite para fazer algo arriscado, faça o mesmo que o jovem Brian. Ele diz: “Eu me pergunto: ‘O que Deus acharia disso? O que isso revelaria sobre minha atitude para com a vida que ele me deu?’” Pese os riscos, avalie suas motivações. A vida é preciosa demais para seguir outro critério.

São realmente arriscados?

Qualquer que seja o atrativo, os esportes radicais podem ser perigosos. ‘Atravessar a rua também’, alguns argumentam. Mas atravessar a rua não é o mesmo que deliberadamente buscar perigos ou emoções. E, embora muitos esportes, como o bungee jump, tenham antecedentes de segurança razoavelmente bons, as coisas podem sair errado. O Dr. Mark Bracker diz sobre isso: “Em muitos desses esportes de alto risco, quando algo sai errado, pode ser um desastre. Quanto maior a emoção, geralmente maior o risco, quer seja no pára-quedismo, quer no vôo de asa-delta, ou ainda no motociclismo.” Ao praticar o bungee jump, um jovem de 20 anos saltou de um balão de ar quente a 58 metros de altitude. O problema? A corda tinha 79 metros de comprimento! Sua morte foi terrível.

É claro que algumas atividades, como o motociclismo, podem ser praticadas com relativa segurança e moderação. Mas um especialista em medicina esportiva diz o seguinte sobre caçadores de emoções: “À medida que aperfeiçoam suas técnicas, ficam cada vez mais ousados, e terminam sofrendo um acidente.” Um jovem admitiu: “Estou viciado. Agora é mais difícil alcançar aquele nível de medo e a euforia.”

O que há de tão atraente?

“Experimento qualquer coisa que me deixe apavorado”, diz o jovem Norbert. “Gosto de todos os esportes — beisebol, basquete —, mas fiquei apavorado quando saltei duma ponte! É incrível!” O jovem Douglas concorda. “Os esportes comuns são legais, mas são previsíveis”, diz ele. “A gente está sempre restrito. Gosto da sensação de estar caindo. E a velocidade . . . A gente nunca tem essa sensação em outros esportes.”

Os esportes radicais vão além de desafiar sua capacidade atlética; eles o põem face a face com a morte! Os praticantes parecem gostar da euforia causada pela descarga de adrenalina. Alguns especialistas dizem que certas pessoas estão geneticamente programadas para ser do tipo que procura emoções. No entanto, a maioria dos jovens se envolve em algum tipo de atividade de risco; é seu jeito de testar limites e criar autoconfiança.

Infelizmente, os jovens nem sempre usam de bom critério nisso. “A beleza dos jovens é o seu poder”, diz Provérbios 20:29. Mas alguns parecem achar que seu poder é ilimitado. O Dr. David Elkind diz que os adolescentes muitas vezes acham que “são especiais e inigualáveis — que estão isentos das leis de probabilidades que atingem os outros. O que mais contribui para os adolescentes decidirem arriscar-se é acharem que são especiais, que estão envoltos num manto de invulnerabilidade”. O Dr. Robert Butterworth diz algo semelhante: “Quando você faz uma coisa como pára-quedismo acrobático, isso lhe dá a sensação de desafiar as probabilidades, de controlar seu próprio destino.”

No entanto, pode ser também que motivos mais sombrios estejam por trás do desejo de arriscar-se. No seu livro Childstress! (Estresse Infantil!), a escritora Mary Susan Miller indica que muitos jovens ousados correm riscos tolos porque simplesmente não conseguem lidar com as tensões da vida. Assim, os esportes radicais talvez revelem tendências autodestrutivas ou até suicidas. “Eles deliberadamente se colocam em situações perigosas”, diz Miller, “como se desafiassem o destino, negando-lhe a oportunidade de matá-los”.

É apropriado arriscar-me em esportes radicais?

“SERÁ o momento mais aterrorizante da sua vida”, alguém lhe diz, enquanto você treme na plataforma. Começa a contagem regressiva: “Cinco, quatro, três, dois, um — PULA!” A queda lhe tira o fôlego. Você despenca, achando que a morte parece certa, mas de repente sente o puxão abrupto da corda elástica. Uma estimulante sensação de alívio o envolve. Você sobreviveu!

É o bungee jump. Calcula-se que esse esporte já atraiu, só nos Estados Unidos, de um a dois milhões de praticantes. É apenas um dentre muitos esportes que recentemente ganharam grande popularidade em pouco tempo: escalada em rocha, vôo de paraglider (mistura de pára-quedas e planador), rafting (descer corredeiras num bote inflável) e surfe aéreo, para mencionar apenas alguns. “A década de 90 é a década dos esportes radicais”, diz um patrocinador de bungee jump.

Atividades arriscadas não são exclusividade dos ricos. Pessoas que buscam emoções na cidade aventuram-se em façanhas perigosas (e ilegais) como surfar em elevadores (andar de elevador na parte de cima da cabina em movimento), correr pelo sistema de dutos de grandes edifícios, surfar em metrôs (pegar carona em cima de vagões em movimento) e “mergulhar” em escadarias (deslizar em escadarias cobertas de graxa).

sábado, 22 de maio de 2010

Tratar os Sintomas

Exigir a carteira de identidade e efetuar revistas têm sido propostos como meios de reduzir a entrada de arruaceiros nos estádios de futebol. O Ministro Popplewell, da Alta Corte, ao dirigir uma investigação sobre a segurança no futebol, concluiu que exigir cartões de membros dos clubes contribuiria para reduzir as arruaças. Esta proposta, se posta em execução, impediria que visitantes casuais entrassem nos campos de futebol. “Isso, no meu conceito”, afirma Popplewell, “é o preço que o público e o clube têm de pagar para se tentar reduzir a violência no futebol”.

Entre outras recomendações, Popplewell aconselhou a polícia a fazer pleno uso da televisão de circuito fechado para observar se surge a violência das turbas. Em certas áreas, esta sugestão já foi posta em prática, e a polícia utiliza veículos conhecidos em inglês como hoolivans (furgões de combate aos arruaceiros). Estes propiciam um local de onde se pode manter vigilância, utilizando-se câmaras de vídeo em cores. Ao divisar problemas, a polícia pode identificar e então fotografar indivíduos arruaceiros.

Planos de proibir a venda de bebidas alcoólicas nos campos de futebol, ou nas vizinhanças, ou até mesmo a caminho deles, também podem contribuir, segundo se espera, para reduzir a violência. Disse em editorial The London Times: “O futebol inglês talvez tenha de ser jogado, por fim, em anfiteatros fortificados com grades de ferro, onde costumava haver arquibancadas, e um bafômetro [para medir o teor alcoólico no bafo] em cada borboleta . . . Futuras partidas de futebol talvez não tenham a excitação e o romance dum jogo nacional de nosso passado. Mas, pelo menos, talvez volte de novo a ser uma partida, uma partida que vale a pena disputar e que também é segura para exportação.”

Tais medidas, embora bem-intencionadas, lidam com os sintomas, mas deixam que a doença ainda grasse. Conforme se expressou The Guardian Weekly: “Nenhum jogo vale as fortificações que simplesmente tratam dos sintomas, e não da doença.” Daí, como pode tal doença ser tratada com êxito? Como se pode erradicar as arruaças, não só dos eventos esportivos, mas também da sociedade humana?

Uma Sociedade Doentia?

O jornal The Sunday Times, de Londres, descreveu o futebol como “espelho da sociedade, e nossa própria sociedade atual é nojenta, gananciosa e violenta”. Acrescentava o jornal: “O futebol não é, em si mesmo, a causa da violência, mas é um palco perfeito para ela . . . Atrai e canaliza a violência, que, de outra forma, ficaria hibernando ou explodiria esporadicamente.”

A violência manifesta na rivalidade entre clubes de futebol segue um padrão refletido em outras ações toleradas por muitos dos cidadãos supostamente acatadores da lei. David Robins, depois de sete anos de estudos das arruaças no futebol, explica o seguinte, no livro We Hate Humans (Odiamos os Humanos): “A tendência das nações-estados de resolver as disputas territoriais por meios violentos, e com apenas as mais tênues referências possíveis aos ideais, ou aos princípios morais, pode ser entendida pelos politicamente analfabetos como não sendo nada mais do que uma versão adulta das brigas do futebol.”

Assim, a revista The Economist [transcrita na revista SENHOR, de 12/6/85, p. 14], aconselhava: “Enquanto uma Grã-Bretanha envergonhada pondera a tragédia de Bruxelas, deveria examinar o sistema de valores culturais que a tornou possível.”

Identificando as arruaças como sintoma de uma sociedade doentia, o Presidente da Associação dos Chefes de Polícia da Inglaterra, Charles McLachlan, lamentou a falta de disciplina na vida moderna e clamou por melhor orientação para os jovens. O delegado Robert Bunyard, da Polícia de Essex, descreveu os tumultos no futebol como “a concentração do comportamento que as pessoas demonstram em outras partes”.

É terminal a moléstia que permeia a sociedade humana? Ou existe uma cura? Que tratamento terá êxito?

Arruaças no futebol — mal ou sintoma?

Do correspondente de Despertai! nas Ilhas Britânicas

“DEVEMOS ter uma excitante final da Taça da Europa, digna do nome”, veiculou o jornal Times, de Londres, de 29 de maio de 1985. Mas, acrescentou: “Bruxelas se prepara para a chegada dos torcedores do Liverpool. . . . Montou-se enorme aparato policial.”

Mesmo assim, 38 pessoas morreram e mais de 150 ficaram feridas, quando alguns arruaceiros agiram à solta no Estádio Heysel, em Bruxelas no jogo entre a Inglaterra e a Itália. Noticiou o jornal Daily Mail, de Londres:

“A tragédia, uma hora antes de o jogo começar, foi causada quando os torcedores do Liverpool, possivelmente provocados, avançaram contra a área da multidão de torcedores do Juventus. Havia apenas um frágil alambrado separando as duas torcidas naquele ponto, e os torcedores do Liverpool passaram por cima dele e o derrubaram. O muro e as cercas improvisadas ruíram sob o peso dos italianos que fugiam em pânico . . .

“Depois de o muro ruir, os homens com a parte de baixo de seu corpo presa, e esmagados no meio dos destroços, gritavam de agonia, com os braços estendidos suplicando ajuda.

“Mas em sua volta e na parte de cima da arquibancada, os torcedores ainda brigavam, chutando e esmurrando uns aos outros, e atirando petardos . . . O tumulto foi visto pela televisão em 80 países que faziam a cobertura ao vivo do jogo . . . Mais de 1 hora e meia depois da tragédia, enquanto os capitães de ambos os times apelavam para que todos tivessem calma, os torcedores de ambos os lados ainda zombavam da polícia anti-motins da Bélgica, e atiravam neles garrafas, latas, pedras, rochas, e rojões acesos.”

Estas arruaças, contudo, não são algo novo. Torcedores que criam tumultos têm espalhado o pânico, corridas desenfreadas e mortes durante e depois de muitos jogos de futebol. Ora, no mesmo mês do desastre de Bruxelas, 8 pessoas morreram e 51 ficaram feridas num tumulto entre torcedores no Estádio Olímpico da Cidade do México! Mas, citando-se apenas alguns outros incidentes:

Em outubro de 1982, 20 pessoas morreram após uma partida de futebol no Estádio de Lênine, em Moscou. Em fevereiro de 1981, outras 19 morreram em Pireu, na Grécia. Em agosto de 1980, 16 morreram em Calcutá, na Índia. Em fevereiro de 1974, lá no Cairo, Egito, 48 pessoas foram pisoteadas até morrer. Em junho de 1968, brigas entre torcedores em Buenos Aires, na Argentina, resultaram em 72 mortes. E, em maio de 1964, pelo menos 318 pessoas morreram e 500 ficaram feridas em Lima, Peru, ao irromper uma briga quando o árbitro anulou um gol peruano.

As arruaças no futebol, contudo, predominam em especial entre os torcedores ingleses. O Times, de Londres, imprimiu uma lista triste que enumerava os feitos dos arruaceiros nas partidas de futebol inglesas nos últimos 23 anos. Os torcedores dos clubes ingleses provocaram devastações em diversas cidades européias, tais como Roterdã, Paris, Saint-Étienne, Turim, Madri, Basiléia, Oslo, Amsterdã, Bruxelas, Valência, Copenhague, Luxemburgo e Lisboa. Não é de admirar que os europeus chamem as arruaças futebolísticas de “mal inglês”.

Narrando a tragédia de Bruxelas, o repórter David Miller, do Times de Londres, refletiu os sentimentos de muitos, ao escrever: “Do lado de fora, um monte de ambulâncias e de unidades médicas de emergência cuidavam dos mortos e dos feridos numa cena que nos faria lembrar um campo de batalha, e enquanto a briga continua horrendamente pelas ruas, é preciso exigir-se seu fim.”

As arruaças no futebol são deveras uma praga para a sociedade. Mas, poderia a violência ligada a tais arruaças ser simples sintoma? Se for, de que moléstia?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Problemas Relacionados com os Espectadores

Atualmente, as pessoas gastam mais tempo vendo eventos esportivos do que participando neles, e o resultado tem sido o aparecimento de problemas significativos. Por um lado, assistir aos jogos não raro envolve ficar exposto a comportamentos obscenos e até mesmo violentos da parte de outros espectadores. São comuns as brigas numa atmosfera emocionalmente carregada de alguns eventos esportivos e centenas de pessoas ficaram feridas e algumas foram mortas ao comparecerem a eles.

Mas, atualmente, a maioria dos espectadores não se acham fisicamente presentes aos eventos; eles os vêem na televisão. Nos Estados Unidos, um canal que transmite esportes 24 horas por dia dedica mais tempo aos noticiários esportivos diários do que qualquer das grandes redes dedica aos telejornais diários! Mas, será que ver eventos esportivos na privacidade do seu próprio lar é isento de problemas?

Longe disso! “Por anos a fio, meu marido conhece cada esportista profissional”, explica uma senhora, “e ele não é, de forma alguma, um caso isolado. Poucos são os amigos dele que não assistem a eventos esportivos com regularidade. O pior crime envolvido nesta atividade”, afirma esta senhora, “é a influência que ela exerce sobre as crianças”. Ela acrescenta: “Fico ressentida de que meu marido utilize seu tempo pessoal para ver eventos esportivos sem mostrar consideração para comigo ou para com os nossos filhos.”

Os fãs dos esportes não raro ficam desequilibrados em outros sentidos também. Eles comumente idolatram os jogadores, o que alguns dos próprios jogadores consideram um problema. “Quando entrei em minha cidade natal, as pessoas ficaram de pé ali e me olharam como se estivessem esperando bênçãos do Papa”, comentou Boris Becker, astro alemão do tênis. “Quando olhei bem nos olhos de meus fãs . . . pensei que estava contemplando monstros. Os olhos deles estavam parados, e não havia vida neles.”

Não há dúvida sobre isso, os esportes podem ser uma força magnética que gera excitação e fortes lealdades. As pessoas ficam fascinadas não só pelo trabalho em conjunto dos jogadores, e pelas proezas de craques, mas também pela incerteza do resultado da partida. Desejam saber quem vencerá. Ademais, os esportes oferecem a mudança de ritmo para milhões de pessoas que levam uma vida totalmente enfadonha.

Todavia, podem os esportes trazer felicidade às pessoas? Existem reais benefícios que eles possam prover? E como pode você evitar os problemas relacionados com eles?

Dinheiro e Trapaça

Outro problema com os esportes é que o dinheiro tornou-se o principal interesse. A ganância, em vez de o espírito esportivo e o fair play (jogo limpo), parece agora dominar os esportes. “Sinto relatar que a inocência dos esportes desapareceu por completo durante os anos 80”, lamenta o colunista Jay Mariotti, do jornal The Denver Post. “Estes pavoneiam-se nos anos 90 como uma força monstruosa em nossa cultura, uma indústria gigantesca de multi-trilhões de dólares (na realidade, de US$ 63,1 bilhões, a 22.a maior indústria dos Estados Unidos), que às vezes é melhor descrita como um negócio fraudulento.”

No ano passado, 162 jogadores de beisebol das principais ligas, nos Estados Unidos — mais de 1 em cada 5 deles — ganharam mais de um milhão de dólares cada um, sendo o salário máximo de mais de três milhões de dólares. Agora, um ano depois, mais de 120 jogadores receberão mais de dois milhões de dólares, inclusive 32 que receberão mais de três milhões de dólares, e pelo menos um que receberá, por ano, mais de cinco milhões de dólares, de 1992 até 1995! A busca de dinheiro e de altíssimos salários também se tornou comum em outros esportes.

Mesmo nos esportes universitários, muitas vezes se dá ênfase ao dinheiro. Os treinadores de times vencedores são sobejamente recompensados, chegando a ganhar até um milhão de dólares de salário e de promoções publicitárias. As faculdades cujas equipes de futebol americano se habilitam aos jogos de fim de ano, nos Estados Unidos, recebem muitos milhões de dólares — 55 milhões num ano recente. “Os times de futebol americano e de basquete precisam ganhar dinheiro”, explica o presidente duma faculdade, John Slaughter, “e eles têm de vencer para ganhar dinheiro”. Isto resulta num ciclo vicioso em que vencer se torna uma obsessão — com conseqüências desastrosas.

Visto que os empregos dos jogadores profissionais dependem de eles vencerem as partidas, eles, não raro, fazem praticamente tudo para vencer. “Não se trata mais de um esporte”, afirma o ex-astro de beisebol Rusty Staub. “É um negócio maligno, físico.” A trapaça permeia tudo. “Se você não trapacear, não está tentando vencer”, explica Chili Davis, um outfielder (defensor da grande área). “Você faz tudo que pode, se conseguir safar-se”, diz Howard Johnson, um infielder (defensor da área interna), do “New York Mets”.

Assim, mina-se a fibra moral e isto é um grande problema nos esportes universitários também. “Alguns treinadores e diretores de atletismo trapaceiam”, admite Harold L. Enarson, antigo presidente da Universidade do Estado de Ohio, “enquanto os presidentes e os curadores fingem não ver”. Num ano recente, 21 universidades, nos Estados Unidos, foram multadas pela Associação Nacional de Atletismo Universitário por terem cometido infrações, e 28 outras universidades estavam sendo investigadas.

Não é de admirar que os valores de jovens jogadores tenham sido destroçados, o que constitui outro dos principais problemas com os esportes, atualmente. É comum o consumo de drogas para melhorar o desempenho atlético, mas, com freqüência, pouco se faz para melhorar a formação universitária. Uma importante pesquisa confirma que os jogadores dos campi, alistados nos principais programas de atletismo, gastam mais tempo jogando seu esporte durante a temporada do que estudando e assistindo às aulas. Uma pesquisa federal também comprovou que menos de 1 de cada 5 jogadores chegou a se formar algum dia em um terço das faculdades e universidades americanas dotadas dos principais programas de bolsas de basquete para homens.

Mui freqüentemente acontece que, mesmo os poucos alunos que com o tempo alcançam êxito nos esportes profissionais e recebem bons salários, tornam-se figuras trágicas. Eles não conseguem cuidar de suas finanças e enfrentar a vida realisticamente. Travis Williams, que morreu em fevereiro último, pobre e sem abrigo, aos 45 anos, é apenas um exemplo. Em 1967, quando jogava no time de futebol americano dos “Green Bay Packers”, ele conseguiu um recorde ainda válido no futebol americano dos EUA, no rebate de chutes do meio do campo, uma média de 37,6 metros. Ele certa vez comentou que, enquanto cursava a faculdade, “jamais tinha de freqüentar as aulas. Apenas me apresentava nos treinos e nos  jogos".

Extrema Competitividade

Um problema relacionado, que acontece nos esportes atualmente, é a extrema competitividade. Não é exagero algum dizer que os competidores podem transformar-se, efetivamente, em monstros. Larry Holmes disse, quando disputava o campeonato dos pesos-pesados, que tinha de mudar ao entrar no ringue. “Tenho de deixar toda bondade fora dele”, explicou, “e trazer tudo que há de mal, como uma espécie de o Médico e o Monstro”. Os atletas adquirem uma compulsão obsessiva, no esforço de impedir que outros com igual talento os derrotem.

“É preciso ter dentro de si um fogo”, disse certa vez um ex-treinador de futebol americano, “e não existe nada que atice mais esse fogo do que o ódio”. Até mesmo o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, disse certa vez, segundo alegado, a uma equipe universitária de futebol americano: “Você pode sentir um ódio limpo por seu adversário. É um ódio limpo, visto ser apenas simbólico, dentro da camiseta da equipe.” Mas, será realmente bom nutrir tal ódio pelo adversário?

Bob Cousy, ex-jogador e grande astro do basquete, da equipe dos “Boston Celtics”, expressou-se certa vez sobre sua tarefa de marcar Dick Barnett, um jogador que fazia muitos pontos para os “Los Angeles Lakers”. “Eu ficava sentado em meu quarto de manhã até à noite”, disse Cousy. “Eu só ficava pensando em Barnett, em parte repassando o modo de competir com ele e em parte cultivando ódio contra ele. Na hora em que entrava na quadra, eu estava tão inflamado que, se Barnett me dissesse ‘Olá’, eu provavelmente daria um pontapé nos dentes dele.”

O fato é que os jogadores com freqüência tentam deliberadamente contundir seus adversários para que abandonem a partida, e são recompensados por isso. Ira Berkow, cronista esportivo, disse que um jogador de futebol americano que consegue contundir um adversário, obrigando-o a abandonar a partida, é “abraçado e cumprimentado [pelos colegas de equipe] por uma tarefa bem executada. Se conseguiu aplicar bastantes desses golpes prejudiciais . . . ele é recompensado, no fim da temporada, com um aumento de salário, ou, no caso de jogadores que não são grandes craques, com uma extensão do contrato. Assim, os jogadores orgulhosamente consideram uma honra ser chamados por apelidos, tais como o Cruel Joe Greene, Jack (Assassino) Tatum”, e assim por diante. — The New York Times, 12 de dezembro de 1989.

Fred Heron, um tackle [jogador que procura agarrar o adversário] da equipe de “St. Louis” de futebol americano, relatou: “Os treinadores nos disseram que o zagueiro ou armador [do “Cleveland Browns”] tinha o pescoço machucado. Sugeriram que, se eu tivesse oportunidade, deveria tentar tirá-lo do jogo. Assim, durante a partida, eu atravessei a linha de jogadores, passei correndo o centro e o marcador, e lá estava ele. Tentei machucar-lhe gravemente o pescoço por agarrá-lo com o braço, e ele perdeu o controle da bola e a deixou cair. Meus colegas de equipe me elogiavam. Mas eu vi o zagueiro deitado no chão e se contorcendo obviamente de dor. Subitamente, pensei comigo mesmo: ‘Será que me transformei numa espécie de animal? Esta é uma simples partida, mas eu estou tentando aleijar alguém.’” Todavia, Heron observou: “A torcida me aplaudia entusiasticamente.”

Muitos lamentam as contusões resultantes da extrema competitividade como um dos principais problemas dos esportes atualmente. Infelizmente, milhões destas contusões envolvem menores de idade que bem cedo em sua vida são expostos a jogos altamente competitivos. Segundo a Comissão de Segurança de Produtos do Consumidor, dos EUA, a cada ano quatro milhões de menores são tratados em salas de emergência, devido a contusões esportivas, e calculadamente oito milhões de outros são tratados por médicos da família.

Muitas crianças e adolescentes sofrem atualmente de lesões pelo empenho excessivo, que eram raramente vistas há alguns anos. Quando as crianças jogavam apenas para divertir-se, elas voltavam para casa ao se machucarem e não jogavam de novo até que a ferida tinha cicatrizado ou a dor passado. Mas, nos esportes altamente competitivos e organizados, as crianças e os adolescentes continuam jogando, lesionando ainda mais as partes do corpo já feridas ou doloridas. Segundo Robin Roberts, um astro e ex-arremessador de beisebol, os adultos são a principal causa do problema. “Estão exercendo pressão demais — psicológica e física — sobre os meninos, muito antes de eles estarem preparados para isso.”

Problemas atuais com os esportes

AS PESSOAS costumavam argumentar que os esportes tinham seu valor porque aprimoravam o caráter. Afirmavam que os jogos promoviam o apreço pelo trabalho árduo, pelo espírito esportivo e pela alegria de participar. Mas para muitos, hoje em dia, tais argumentos soam “furados”, e até hipócritas.

A ênfase em ganhar constitui especialmente um problema. A revista Seventeen chama isto de “um lado obscuro dos esportes”. Por quê? Porque, para citar a revista, “vencer sobrepuja as preocupações com a honestidade, com os deveres escolares, com a saúde, com a felicidade, e com a maioria dos demais aspectos importantes da vida. Vencer passa a ser tudo”.

A experiência de Kathy Ormsby, estrela universitária das pistas de corrida dos EUA, foi usada para ilustrar as tristes conseqüências da ênfase excessiva nas consecuções atléticas. Em 4 de junho de 1986, algumas semanas depois de estabelecer um recorde nacional universitário, para mulheres, nos 10.000 metros rasos, Kathy desviou-se da pista, enquanto competia nos campeonatos da NCAA (sigla, em inglês, da Associação Nacional de Atletismo Universitário), correu para uma ponte próxima e jogou-se dali numa tentativa de suicídio. Ela sobreviveu, mas ficou paralítica da cintura para baixo.

Scott Pengelly, psicólogo que trata de atletas, comentou que Kathy não é a única. Depois da tentativa de suicídio de Kathy, Pengelly relatou: “Recebi telefonemas que diziam: ‘Acho que me sinto assim também.’” E outra atleta, Mary Wazeter, da Universidade de Georgetown, que tinha estabelecido um recorde nacional em sua faixa etária para a meia-maratona, também tentou suicidar-se por saltar de uma ponte, e ficou paralítica pelo resto da vida.

A pressão de vencer, de satisfazer as expectativas, pode ser tremenda, e as conseqüências do fracasso podem ser devastadoras. Donnie Moore, astro arremessador do time de beisebol “California Angels”, esteve a um passo de colocar seu time na disputa da “1986 World Series”. Mas o rebatedor da equipe de Boston conseguiu um home run (alcançou a base inicial), e essa seleção veio a ganhar o jogo e o campeonato da Liga Americana. Donnie, que de acordo com seus amigos ficara obsedado com seu fracasso, matou-se com um tiro.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A COOPERAÇÃO SERÁ RECOMPENSADA

. As equipes esportivas frisam a cooperação. Grange, o “Fantasma Galopante”, ex-astro do futebol americano, relembra que sempre se sentia embaraçado quando as pessoas o elogiavam. Ele disse: “Gostaria que as pessoas entendessem que são necessários onze homens para compor um time de futebol.”

O mesmo princípio se aplica a outras áreas da vida. Não é o cônjuge que coopera para o bem comum, ao invés de competir com seu companheiro ou sua companheira para obter vantagem pessoal, que ganha o amor e o respeito?

A PERSEVERANÇA VENCE.

 Os esportes amiúde requerem grande perseverança física. Por exemplo, Eric Heiden, cinco vezes ganhador da medalha olímpica, disse sobre corrida de patinação: “A pessoa acha que daria a vida para poder suportar. As costas ficam doendo tanto que faria tudo para sair dessa posição agachada.”

Está disposto a perseverar para alcançar metas dignas na vida? Pessoas jovens talvez tenham de deixar de lado certos confortos e a sua liberdade para obter uma boa educação. A pessoa que vive segundo os princípios da Bíblia talvez tenha de suportar maus tratos dos outros.

O AUTODOMÍNIO CONDUZ AO SUCESSO.

 Björn Borg, campeão de tênis, é conhecido pelo seu grande autodomínio. Ele explica que o autodomínio é imperativo a fim de se conseguir a devida concentração. E, conforme qualquer atleta o sabe, a mais breve falta de concentração pode custar-lhe o jogo. Mas é uma lição que Borg admite que teve de aprender. Quando era criança, se comportava mal. Seu clube o suspendera, e sua mãe havia trancado no armário sua raquete durante cinco meses. Ele diz agora: “Desde o dia em que terminou aquela suspensão, não importa o que acontecesse, eu me comportava bem na quadra.”

O autodomínio nos habilitará a nos concentrar nas tarefas realmente importantes da vida, não nos deixando desviar do rumo certo desnecessariamente. Não gastaremos nosso tempo, nossa energia e nossas habilidades em empreendimentos tolos ou em hábitos maus.

A CONDUTA ESPORTIVA PROMOVE O RESPEITO PRÓPRIO

 Willye White, atleta norte-americana de salto em distância, achou que sua principal rival fora injustamente eliminada da competição nos campeonatos de 1965. Dando um excelente exemplo de conduta esportiva, ela apelou para as autoridades e conseguiu fazer com que a moça fosse readmitida. O resultado? Sua rival a venceu e White perdeu o campeonato. Mais tarde, ela disse: “Eu estava tão desejosa de ganhar como qualquer outra pessoa, mas de que proveito me seria ganhar [injustamente]?”

Um estudante que usa de fraude nos exames, um homem de negócios que obtém desonestamente restituição de impostos, ou uma pessoa que ganha uma reputação por trás de uma máscara de hipocrisia estão desconsiderando os princípios do jogo honesto. Quem engana os outros rouba de si mesmo o respeito próprio, e, por conseguinte, engana acima de tudo a si mesmo.

OS QUE OBEDECEM ÀS REGRAS SE SAEM BEM

 Um jornalista descreveu os esportes como “o melhor meio já inventado para ensinar os humanos a obedecer a regras, mesmo quando a conquista é muito importante”. Na verdade, todo tipo de esporte tem regras. Se um jogador ou seu time não as obedecer, impõem-se penalidades. No hóquei sobre o gelo, por exemplo, um jogador pode ter de passar algum tempo na área de pênalti. Poderia significar derrota.

Todos nós desejamos ser vencedores na vida. A desconsideração das regras da sociedade quanto aos tratos com os outros pode fazer com que prováveis vencedores se transformem em perdedores certos. As agências para fazer cumprir a lei poderão punir os infratores, talvez até mesmo prendendo-os num lugar mais restrito do que apenas numa área de pênalti.

A DETERMINAÇÃO PRODUZ RESULTADOS.

 Mais de 60.000 vozes aplaudiram. A ocasião? As Olimpíadas de 1960 em Roma. Uma corredora de cor, Wilma Rudolph, de 20 anos, acabava de ganhar sua terceira medalha de ouro. Ela, talvez melhor do que qualquer outro atleta presente, era uma prova viva do valor da determinação. Durante cerca de um terço de sua vida jovem, sua perna esquerda paralisada a impedira de caminhar, muito menos de correr. Mas ela estava decidida a superar o seu obstáculo. Os exercícios a ajudaram, bem como o conselho de sua mãe: “Faça o melhor que puder, e, acima de tudo, jamais desista.” Wilma nunca desistiu, e a sua determinação surtiu efeito.

Quando você se vê confrontado com contratempos ou quando fica desanimado por causa de suas próprias inaptidões, desiste da corrida da vida, ou continua na sua determinação de atingir seu alvo? Pense só em quão melhor seria o mundo se, ao invés de admitir a derrota, os casais continuassem decididos a fazer de seu casamento um sucesso, se os pais continuassem decididos a criar seus filhos adequadamente e se cada um de nós permanecesse decidido a promover a paz.

TER UM ALVO NA VIDA É PROVEITOSO PARA NÓS

. Todos os esportes têm certos alvos ou objetivos. Como exemplos, no beisebol, os participantes procuram correr na pista para percorrer certa distância o mais rápido possível, e no basquetebol, fazer a bola entrar na cesta. Sem alvos específicos e sem tentar alcançá-los, qual seria o objetivo?

Da mesma forma, a vida sem metas não tem finalidade, não consegue nada. Certifique-se, pois, de que tenha metas, dignas, para que orientem seu uso do tempo e da energia.

Lições que você pode aprender dos esportes

ELE parece arrebatado, encurvado na cadeira, o corpo tenso e os olhos grudados na tela de TV. É o campeonato e seu time favorito está jogando. Só falta um minuto, que pode ser decisivo. Ele escorrega pouco a pouco até a beirada da cadeira, de punhos cerrados e olhos fixos na tela.

Nesse momento decisivo, aparece a esposa no vão da porta e pergunta: “Meu bem, que tal meu vestido novo?”

Será que é preciso continuar?

Para muitos, os esportes os atraem por causa da ânsia de sentir emoção e suspense. Fornecem a emoção de se sair vencedor, quer diretamente, quer por pertencer a um clube. Podem ajudar a esquecer problemas, pelo menos temporariamente. Podem ajudar-nos a manter a forma, ou talvez, mais exatamente, a perder a nossa forma atual. Naturalmente, não são todas as pessoas que se interessam nos esportes. Entretanto, toda pessoa pode aprender alguma coisa deles. Que princípios podem os esportes ensinar às pessoas que não estão especialmente interessadas neles?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Esporte Atraente

Simplesmente por se ver uma partida de futebol, é incompreensível como o esporte, em si, pudesse ser fonte de tais problemas. Basicamente, o futebol é um jogo sem complicações, saudável. Há 11 jogadores em cada equipe (assim como também há no futebol americano), e o campo é aproximadamente do mesmo tamanho. Nos extremos do campo há o gol, que é um arco de 7 metros de largura por 2,40 metros de altura, com rede para segurar a bola. O alvo é lançar a bola redonda no gol, sem que o goleiro a possa agarrar. Vence a equipe que fizer a maioria dos gols depois de 90 minutos da partida.

O goleiro é o único jogador que pode usar as mãos. Os outros 10 jogadores de cada equipe podem chutar ou cabecear a bola, ou tocá-la com o corpo, quando a bola está em jogo. A habilidade dos craques em driblar o adversário com a bola, passá-la com exatidão, e chutá-la a gol, sem usar as mãos, é notável. Passes feitos à altura do peito são dominados pelo pé, e então fazem-se dribles, como se a bola estivesse amarrada aos pés. E um arremesso direto ao gol poderá ser feito por meio de potente cabeçada de um jogador que salta.

O que muitos apreciam no futebol é que não é tão perigoso quanto outros esportes. “Futebol é mais uma questão de destreza e perseverança”, comentou certo pai, feliz de que seus filhos preferem jogar futebol ao invés de futebol americano. Naturalmente, existe certa dose de perigo de ficar ferido ao jogar futebol, assim como há, por exemplo, ao jogar basquete. Isto se dá, especialmente, quando a partida é disputada com intensidade indevida para ganhar a todo custo. Assim, use de bom critério ao jogar.

Outra vantagem do futebol é que pessoas de tamanho mediano podem tornar-se craques. Pelé, por exemplo, considerado o maior jogador de todos os tempos, tem apenas 1,75 metros de altura, e pesa 75 quilos. Além disso, pouquíssimo equipamento, além da bola, é necessário para se jogar futebol. Assim, as despesas são mínimas.

O futebol, por fim, está-se tornando popular nos Estados Unidos. Em 14 de agosto de 1977, uma multidão de 77.691 lotou por completo o Estádio dos “Giants” de Nova Jérsei, em Meadowslands, para uma partida. Um dos principais fatores no aumento da popularidade são os muitos jogadores famosos que foram para os Estados Unidos, atraídos por enormes salários. O Cosmos de Nova Iorque, por exemplo, pagou a Pelé, brasileiro, US$ 4,75 milhões para jogar por três anos, e a Franz Beckenbauer, que liderou a Alemanha a ganhar o campeonato mundial de 1974, US$ 3 milhões, por quatro anos. Mas, o que promete tornar o futebol um dos principais esportes permanentes nos EUA é que está espalhando-se pelas “bases”. Cerca de 5.000 escolas de 2.° grau e 700 faculdades possuem agora seus times.

Talvez esteja entre as centenas de milhões de pessoas que jogam futebol, assistem aos jogos ou os vêem pela TV. Está sendo influenciado de forma benéfica? Como pode evitar os efeitos adversos?

Apenas um Jogo, ou O Quê?

O futebol não raro atiça as chamas do nacionalismo, com temíveis resultados. Considere o que aconteceu numa partida em Lima, Peru, em 1964.

Cerca de 50.000 torcedores lotavam o estádio. No final da partida, a Argentina ganhava de um a zero quando o Peru fez um gol. No entanto, o juiz marcou uma falta, o que invalidou o gol de empate. Os torcedores irados e desapontados se amotinaram; 328 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas. “Pesada porta de ferro do vestiário provavelmente salvou a vida do juiz e dos jogadores”, comentou o Times de Nova Iorque.

Quão importante é ganhar ou perder no futebol? Ao se considerar o sucedido entre Honduras e El Salvador, isso nos deixa pensativos. Em junho de 1969, os dois países disputaram uma série de partidas para determinar que seleção disputaria a Copa do Mundo de 1970. Tensões e hostilidades atiçadas pelos jogos foram um fator para o irrompimento duma guerra. The Americana Annual (Livro do Ano da Enc. América), de 1970, sob o verbete “A ‘Guerra do Futebol’”, comenta que mais de 2.000 soldados e civis foram mortos.

Na verdade, trata-se de exemplos extremados, mas a violência no futebol não é, de forma alguma, algo raro. Na Grã-Bretanha, segundo certa notícia, um de cada quatro torcedores tem-se envolvido na violência. Também, 100 torcedores por semana, ali, segundo noticiado, acabam sendo presos por vandalismo futebolístico.

O 1975 Britannica Book of the Year (Livro do Ano da Enc. Britânica, de 1975) reconheceu a “infeliz saga da violência dentro e fora do campo”, e afirmou: “Trincheiras, valas, barricadas, e outros obstáculos constrangedores, foram utilizados.” Mas, apesar de tais medidas, a violência continua sendo marca registrada de muitas partidas de futebol.

Todavia, o problema não existe apenas no futebol. “Se as atitudes não mudarem”, avisa o médico da equipe de certo time norte-americano de basquete profissional, “teremos de fazer o que eles fazem na América do Sul; colocar grades e um fosso, para manter os fãs longe dos jogadores”.

O que é responsável por tais problemas no esporte? Existe, por exemplo, algo fundamentalmente errado no futebol, que provoque tais terríveis conseqüências?

Sobe a Febre Futebolística

Durante muitos meses antes da Copa, as estações de rádio no Brasil e na República Federal da Alemanha lembravam: ‘Faltam apenas 100 [ou tantos] dias para a Copa do Mundo.’ Comerciantes ofereciam aos fregueses que adquiriam sua mercadoria a oportunidade de ganhar uma viagem, com todas as despesas pagas, à Argentina, para assistir aos jogos. Cerca de 150 torcedores da Escócia fizeram a viagem duma forma incomum — de submarino.

A ampla maioria dos torcedores, naturalmente, viu os jogos pela televisão. A TV brasileira e alemã, por exemplo, exibiu dois ou três jogos ao vivo em cada um dos 12 dias da disputa. Outros jogos receberam uma cobertura a posteriori. Durante a Copa do Mundo de 1974, exibiram-se umas 92 horas de futebol na TV alemã!

Durante as partidas em 1974, as fábricas fecharam. Organizações religiosas ajustaram as horas de reuniões, de modo a não colidirem com as partidas. No Rio de Janeiro, os crimes alegadamente atingiram uma baixa de todos os tempos. No Zaire, motoristas de ônibus abandonavam seus veículos quando entrava em campo a seleção nacional. Em Roma, interromperam-se as negociações para restaurar o governo moribundo quando os líderes saíram para ver os jogos.

As partidas, pelo que parece, assumem aspecto religioso para muitos. Observa Times Magazine, de Nova Iorque: “O futebol se tornou, na era européia do após-guerra, uma espécie de nova religião das massas, milhões de pessoas orando pela salvação nos estádios esportivos, e dezenas de milhões acompanhando fielmente os ofícios, na televisão em cores.”

Mas, assim como o fanatismo religioso tem sido perigoso, até mesmo mortífero, assim também o fanatismo pelo futebol. Não só impediu que muitos cultivassem saudáveis interesses e qualidades espirituais; também levou a motins, matanças e até mesmo à guerra.

A Taça Mundial de 1978

A atenção de centenas de milhões de torcedores de futebol esteve concentrada na Argentina. Ali, no mês de junho passado, realizaram-se 38 jogos para decidir quem ganharia a Copa do Mundo, símbolo da supremacia internacional no futebol. A cada quatro anos, realizam-se jogos da Copa do Mundo, um país diferente sediando-os a cada vez.

A Federação Internacional de Futebol (FIFA), o grupo administrativo do futebol, é a patrocinadora da Copa do Mundo. Mais de 140 países filiam-se à FIFA. Os jogos da Copa do Mundo foram realizados pela primeira vez em 1930, e, desde então, tornaram-se o evento esportivo mais popular do mundo, com a possível exceção dos Jogos Olímpicos.

É assim que as 16 seleções chegam às finais da Copa do Mundo: Os países que pertencem à FIFA escolhem uma equipe de craques, formada dos melhores jogadores de sua nação. Tais homens treinam juntos como equipe, e disputam partidas regionais eliminatórias. Nos últimos dois anos, por exemplo, foram realizadas 248 partidas eliminatórias entre 95 países, estreitando o total para as 16 seleções que foram à Argentina.

O país anfitrião, a Argentina, gastou mais de Cr$ 8.000.000.000,00 para financiar a Copa do Mundo. Dum ponto de vista comercial, foi um capital bem gasto, a julgar pelo grande interesse mundial. Dezenas de milhares de torcedores de fora da Argentina foram assistir às partidas.

O esporte favorito do mundo

Beisebol? Futebol americano? Basquetebol?

OS ESPORTES mencionados acima são alguns que provavelmente lhe vêm à mente. Todavia, fora dos Estados Unidos — e de alguns poucos lugares — comparativamente pouco se ouve falar destes esportes. O caso do futebol é diferente.

A revista alemã, Der Spiegel, disse a respeito do campeonato mundial de 1974: “Espera-se que pelo menos um bilhão de pessoas — de Santiago a Sofia, de Hélsinqui a Hobart — fiquem em frente às telas de seus televisores para a partida final.”

Um bilhão de pessoas! Isso é um quarto da população mundial — quase dez vezes a população do Brasil! Conforme observou Der Spiegel: “Isso é mais do que o número de pessoas que já curvaram a cabeça em direção a Meca, na hora de oração. E todas as igrejas cristãs, juntas, jamais conseguiram ajuntar tantos crentes em seus altares em uma só ocasião, nem mesmo no Natal.”

Sim, o futebol é, sem comparação, o esporte favorito do mundo. Mais de 200.000 ou mais pessoas já compareceram a um único jogo. “Dificilmente existe um assunto, neste país, em que as pessoas demonstrem tanta convicção”, comenta o Frankfurter Allgemeine Zeitung, da Alemanha. E, atualmente, o futebol está novamente crescendo de forma rápida, tendo-se realizado há pouco o campeonato mundial de futebol.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Esporte ou Guerra?



Consideremos apenas um aspecto típico de tantos eventos esportivos modernos — a violência. Este fenômeno ocorre freqüentemente nas partidas de futebol — no gramado, nas arquibancadas e fora do estádio. Psicólogos, sociólogos e jornalistas concordam que, num mundo tão intensamente violento, o esporte não é exceção. Há uma subversão implacável dos valores morais básicos. Como tentativa de amainar as violentas realidades do esporte moderno, não produz resultado o uso de frases tais como “o esporte é uma competição honesta”, “o espírito de amizade” ou de “fraternidade”.

A Copa do Mundo não foi exceção. Algum tempo antes de começar, ouviram-se informes alarmantes. “É Assustador o Violento Fanatismo dos Torcedores de Futebol, e os Turistas Evitam a Itália”, rezava uma manchete do jornal La Repubblica, 18 dias antes da partida inicial. Os mais temidos eram os notórios hooligans [arruaceiros], uma parcela de torcedores ingleses conhecidos por toda a Europa por seu vandalismo antes, durante e depois de cada partida.

A edição de 1.° de junho de 1990, do diário La Stampa, de Turim, analisou as causas da violência nos estádios e o comportamento grosseiro dos hooligans, comentando: “Na tribo do futebol, não existem atualmente meias medidas. Os adversários não são mais apenas adversários, mas são ‘inimigos’; um choque não é mais a exceção, senão a regra, e tem de ser duro, tão duro quanto possível.” Mas, por quê? “‘Porque odiamos uns aos outros’, responderam alguns hooligans de Bolonha.” Ao tentar explicar a lógica por trás de tal ódio, o sociólogo Antonio Roversi disse: “Os jovens que vão aos estádios sofrem da ‘síndrome do beduíno’. Os que padecem desta síndrome consideram os inimigos de seus amigos como também sendo seus inimigos, os amigos de seus inimigos como sendo seus inimigos, e, vice-versa, o amigo de um amigo é um amigo, e o inimigo de um inimigo é um amigo.”

Ódio, violência, rivalidade, vandalismo, a “síndrome do beduíno” — a Copa do Mundo ainda nem fora iniciada e a atmosfera parecia a de uma declaração de guerra. Apesar disso, foi num espírito festivo que a Itália se preparara para tal evento.

A copa do mundo de futebol — esporte ou guerra?

Do correspondente de Despertai! na Itália

A ATENÇÃO do mundo focalizou-se no futebol. De 8 de junho a 8 de julho de 1990, os olhos de centenas de milhões de pessoas ficaram grudados em suas telas de televisão para acompanhar o acontecimento do ano — a Copa do Mundo, realizada na Itália. Uma audiência global de 30.000.000.000 de pessoas assistiram aos 52 jogos do período — isso é seis vezes a população mundial!

Este espetáculo televisivo se tornou possível graças a uma organização de alta tecnologia sem precedentes — um centro de produção de TV que alimentava 147 redes, representando 118 nações, com 180 câmaras de televisão, 38 unidades de produção e 1.500 técnicos. Estavam também presentes aos jogos, realizados em 12 estádios de futebol italianos, 2.515.000 espectadores e 6.000 jornalistas de todas as partes do mundo. Os números, porém, não contam a história toda. A fim de descrever esta gigantesca “fuga da realidade”, como alguns a denominaram, escritores, sociólogos, psicólogos, artistas e até teólogos comentaram o acontecimento.

No entanto, será que a Copa do Mundo contribuiu para a harmonia internacional e para o bom espírito esportivo? Unidas pela sua paixão por tal esporte, será que os milhões de pessoas que assistiram aos jogos via satélite conseguiram superar seus antagonismos nacionalistas naqueles 30 dias? Serviu o futebol como uma força unificadora?

Como os Esportes o Influenciam?

Devido ao exercício envolvido, participar em jogos, como os de futebol, podem ter seu valor. Mas como se dá com qualquer outra atividade recreativa, é preciso equilíbrio. Quanto tempo e energia dedica a jogar, ou até a ficar vendo eventos esportivos, quer ao vivo, quer na TV? Será que tal recreação interfere com atividades cristãs mais importantes, tais como reuniões, estudo pessoal, e o ministério? (Filipenses 1:10) A Bíblia aconselha: “Os exercícios físicos são bastante úteis, mas a utilidade da espiritualidade é ilimitada, uma vez que apresenta a recompensa da vida aqui e agora, bem como da vida futura.” — 1 Timóteo 4:8, The Jerusalem Bible.

O apóstolo Paulo também nos aconselha: “Não fiquemos egotistas, atiçando competição entre uns e outros, invejando-nos uns aos outros.” (Gálatas 5:26) Ao passo que não existe nada de necessariamente errado em o cristão empenhar-se em atividades esportivas com moderação, devemos guardar-nos do espírito competitivo de ganhar a qualquer custo, tão evidente nos esportes profissionais. A competição feroz pode levar à violência. — Filipenses 4:5.

Citando o escritor Rudyard Kipling, o presidente da Federação Mexicana de Futebol, Rafael del Castillo, instou com os jogadores da Copa do Mundo a “preencher os preciosos minutos com sessenta segundos de disputa feroz”. Um contraste e tanto com o conselho do apóstolo Pedro, de se ‘buscar a paz e empenhar-se por ela’. — 1 Pedro 3:11.

Outro perigo associado com os esportes profissionais é o do nacionalismo e do orgulho patriótico. Se Cristo Jesus estivesse na Terra hoje, por qual nação ou cidade acha que ele torceria? Israel? Itália? Jerusalém? Roma? Ou por nenhuma delas? Deveriam os cristãos ficar divididos por atividades tão transitórias como os esportes e a recreação? (1 Coríntios 1:10-13) Antes, os verdadeiros cristãos deviam estar ‘cheios de bons frutos’, ser ‘pacíficos’ e ‘sem parcialidade’, pois “o fruto da justiça tem a sua semente semeada sob condições pacíficas para os que fazem paz”. — Tiago 3:17, 18.

Por conseguinte, o cristão consciencioso não permitirá ser engodado por uma atitude de fanatismo para com o futebol, ou qualquer outro esporte. Afinal de contas, é apenas um esporte, um jogo. Um certo interesse comedido ou passageiro talvez seja inofensivo. Como recreação, pode ser proveitoso, se utilizado com moderação. Mas os interesses espirituais mais importantes na vida têm valor permanente. — Mateus 6:33; 1 Coríntios 15:33.

Um Sonho Transformado em Realidade?



Referindo-se à importância social do futebol, Albert Camus, filósofo francês, disse certa vez: “Devo ao futebol os mais verdadeiros conceitos que tenho sobre a moral e as obrigações dos homens.” Embora expressões positivas, tais como “a família universal do futebol”, “jogo limpo” e “espírito esportivo” fossem todas empregadas durante os jogos finais da Copa do Mundo, será que as partidas corresponderam a tais expectativas? Pode o futebol, ou mesmo qualquer outro esporte, realmente trazer paz, unidade e boa moral?

Pedro Escartín, editor de esportes, comentando a partida México e Paraguai, disse: “Quando um campo de futebol se converte numa babel de violência, do antifutebol, da execução da orientação objetável de que ‘a bola passa, mas o jogador não’, então, imaginar que apenas um homem, sem a colaboração de jogadores e técnicos, possa converter a atmosfera de violência num espetáculo de esportividade e de boas maneiras, é pedir demais.” Acrescentou ele: “Numa partida em que se cometem 77 faltas, pergunto a mim mesmo se o futebol pode ser positivo.” Felizmente, nem todos os jogos foram tão violentos quanto aquele.

Às vezes, durante os treinos, fecharam-se os portões, até para jornalistas. Por quê? As equipes temiam que espiões de outras seleções tentassem infiltrar-se junto com a imprensa e o público, tentando descobrir algumas de suas táticas de jogo. De acordo com o diário Excelsior, da Cidade do México, “as seleções participantes dos jogos finais da Copa do Mundo, pelo que parece, tornaram-se paranóicas quanto à possível presença de espiões de seus rivais. . . . O total de acusações de espionagem feitas por diferentes delegações poderia encher uma novela de espionagem de John Le Carré”. Isto dificilmente constituía um exemplo duma atmosfera unificadora da paz.

Em outro comentário, o mesmo diário citava as palavras do papa: “O esporte não basta . . . Com freqüência se transforma em excessiva competição, rivalidade, agressividade, brutalidade, deslealdade, industrialização, e comercialismo.” Este espírito é transmitido às multidões, em cujas faces “pode-se ler a agressividade, a angústia, a ira, a fúria, a tristeza, e, muitas vezes, uma alegria delirante e histérica”. Estes fatores, junto com o nacionalismo cego, com freqüência levaram à violência e a banhos de sangue. E a violência no futebol não é raridade.

Para evitar tais problemas nos jogos finais da Copa do Mundo de 1986, tomaram-se estritas medidas de segurança. Cerca de 50.000 homens — policiais e soldados — foram mobilizados para manter a ordem. Esquadrões especiais antibombas estavam a postos, para o caso dum ataque terrorista. Havia quatro brigadas altamente treinadas de comandos antiterroristas situados em pontos estratégicos. Quinze policiais da Seção Especial da Scotland Yard, da Inglaterra, garantiam a proteção da seleção inglesa. Guarda-chuvas e outros objetos “perigosos”, que poderiam ser usados num surto de violência, eram confiscados, à medida que o público entrava nos estádios. Serviam-se até mesmo bebidas sem os cubos de gelo. Por quê? Os cubos poderiam ser usados como projetis!

Se os esportes profissionais não podem sequer estabelecer a paz e a harmonia dentro e fora dos campos, como poderiam ser uma influência duradoura a favor da paz mundial?

Outra pergunta é: Como deveriam os cristãos sinceros encarar os esportes profissionais? Será que estes representam alguma ameaça para a integridade cristã?

Unidos por Uma Pelota?

Às vezes se utilizam eventos esportivos qual instrumento para promover fins e ideais políticos. Como isto foi feito nos jogos finais da Copa do Mundo de 1986?

Miguel de la Madrid, presidente do México, juntou-se às Nações Unidas em “enviar uma mensagem de paz para todo o mundo”. O emblema oficial dos jogos finais da Copa do Mundo de 1986 era composto de dois hemisférios tendo no meio uma bola de futebol. Assim, Rafael del Castillo, presidente da Federação Mexicana de Futebol, declarou: “Nossa nação, mediante seu lema México-86, sonha e anseia por um mundo unido por uma pelota.” Mas o México não estava sozinho em seus devaneios. Observe o que outros declararam:

O presidente da Argentina, Raúl Alfonsín, considerou o Campeonato Mundial de Futebol “o símbolo duma busca que nos deveria fazer sentir a necessidade de trabalharmos em prol do companheirismo, da paz, [e] da justiça universal”.

João Havelange, presidente da FIFA (Fédération Internationale de Football Association), a comissão dirigente do futebol, em seu discurso de abertura da Copa, sublinhou o “espírito de companheirismo e de entendimento, tudo para servir ao ideal da paz”.

Numa mensagem enviada aos participantes da série final de jogos da XIII Copa do Mundo, Javier Pérez de Cuéllar, secretário-geral das Nações Unidas, disse: “Num mundo em que coexistem uma louca corrida armamentista e condições de injustiça, de fome e de necessidade, vocês . . . são convocados a lembrar constantemente a seus líderes a necessidade imperativa de cooperarem, a fim de alcançarmos a paz.”

Até o Papa João Paulo II disse esperar que a Copa do Mundo favorecesse ‘os relacionamentos e a cooperação pacíficos entre as nações, e promovesse os valores sociais, tais como o entendimento, a lealdade, o espírito de equipe, a fraternidade universal, e — acima de tudo — a paz mundial’.

Na verdade, muitas nações estiveram unidas, pela televisão via satélite, por um curto período, ao assistir aos jogos finais da Copa do Mundo. Mas, embora unidas em torcer e na excitação, estavam divididas pelo nacionalismo e por intensa competição. Assim, estavam os povos do mundo realmente sendo ‘unidos por uma pelota’?

Fuga da Realidade




Como os tóxicos e o álcool, os esportes também têm sido usados como ‘fuga da realidade’. Armando Barriguete, psicanalista mexicano, referiu-se à atual situação econômica apertada do México e disse que, para o povo mexicano, os jogos da Copa do Mundo serviam como ‘uma fuga dos problemas imediatos’. O diário El Universal, da Cidade do México, afirma que ‘a televisão comercial e governamental tentou convencer o povo de que a vitória de onze jovens vigorosos — a seleção do México — é a vingança nacional contra tanta calamidade que nos sobreveio’. Disse-se, assim, que a Copa do Mundo ‘elevou o moral dum povo ferido em seu orgulho e em suas esperanças’. Sim, para muitas pessoas, o futebol é mais do que um esporte — é sua dose semanal de sonhos e de ilusões.

Embora possa prover excitação temporária, o futebol — assim como os tóxicos e o álcool — não pode prover duradoura paz mental. Mas será que pode, como alguns afirmam, suscitar unidade internacional?

A copa do mundo — apenas um esporte?

“Um uruguaio de 63 anos deixou temporariamente de vender comida nas ruas de Carmelo, viajando de carona por uns 10.000 quilômetros, durante quase um ano, para estar junto da seleção de seu país.” — El Universal, diário mexicano.

Este torcedor era uma das centenas de milhares de pessoas que assistiram aos jogos finais da Copa do Mundo de 1986 no México.

EM VISTA da atual febre mundial de futebol, o relato supracitado não é incomum. Uma notícia revelava que o trabalhador médio mexicano teria de gastar quatro meses de salário para assistir apenas à partida de abertura. Milhares, todavia, fizeram exatamente isso. Não é de admirar que um torcedor sofresse um ataque cardíaco ao chegar ao Estádio Asteca da Cidade do México — tinha perdido as entradas para os jogos! Mas deixemos que as estatísticas contem a história da popularidade do futebol.

As 52 partidas foram jogadas em 12 estádios situados em nove diferentes cidades mexicanas. A Copa do Mundo de 1986 foi o acontecimento mais visto da História. Cerca de dois bilhões de torcedores ao redor do mundo acompanharam as transmissões de televisão ao vivo da partida inaugural, em 31 de maio. Quase três bilhões viram a final entre a Alemanha e a Argentina, em 29 de junho. A audiência total dos 52 jogos foi calculada em cerca de dez bilhões de telespectadores — cerca do dobro da atual população mundial!

Visto que há pessoas, em muitos países, que preferem assistir a partidas de futebol a quase qualquer outra coisa, alguns políticos evitaram cuidadosamente marcar comícios ou fazer apresentações públicas durante os horários dos jogos. E quando o Iraque derrotou a Síria, classificando-se para a Copa do Mundo, os soldados na frente da guerra, já de cinco anos, do Iraque contra o Irã, dispararam seus fuzis em comemoração, iluminando o céu com os riscos das balas. Sim, bilhões de pessoas levam a sério o futebol hoje em dia. Afirma Rogério Achilles, locutor esportivo de uma estação de rádio de São Paulo: “O futebol é mais do que um esporte, é a religião do povo.” Mas, o que o torna tão popular?