sábado, 2 de outubro de 2010

Não É Perícia Natural

As pessoas não sabem nadar por natureza, como os peixes, as rãs e outros animais. Os humanos precisam aprender a nadar. Mas, trata-se duma perícia que pode ser adquirida sem muita dificuldade.

Nadar é simplesmente mover os braços e as pernas de modo a impelir o corpo através da água. Há vários métodos de assim fazer. Alguns visam a velocidade, ao passo que outros se prestam mais a percorrer longas distâncias sem se cansar. É melhor aprender mais de um método. Isto não só provê mais satisfação e melhor exercício, mas pode salvar-lhe a vida.

Numerosos Benefícios

Certa enfermidade que a natação às vezes melhora são as varizes. O movimento na água as massageia e repuxa, dando às veias um tono mais firme. De fato, toda parte externa do corpo recebe massagem da água à medida que o nadador se move. A natação com freqüência ajuda os acometidos de insônia, seus nervos sendo suavizados pelos efeitos da água.

Mas, de especial proveito é o excelente exercício. Praticamente todo músculo do corpo é envolvido nos movimentos coordenados do nadador. Pode-se criar excelente tono muscular. Melhora-se com freqüência a circulação, e também a função dos rins, intestinos e outros órgãos internos.

Nadar também pode ser útil em melhorar a aparência. Bater as pernas serve para firmar os quadris e as coxas, e com o tempo pode contribuir para adelgaçar a cintura. As braçadas fortalecem os músculos do ombro e das costas, e auxiliam a postura. Em alguns casos, notou-se que nadar melhora até a tez, fazendo muitas vezes que a acne nos jovens desapareça.

Mas, saber nadar pode revelar-se ainda de maior valor. Pode salvar sua vida. Milhares de pessoas se afogam cada ano, umas 7.000 só nos EUA e Canadá. E cerca da metade dos afogamentos ocorrem dentro de apenas seis metros da segurança! Se tão-somente as pessoas soubessem nadar, ou nadassem melhor, muitos poderiam salvar a vida numa emergência.

Pode a natação trazer-lhe proveito?

DURANTE o tempo quente há um êxodo em massa para as piscinas, praias e lagos. Muitos parecem gostar de nadar. Mas, há valor real em saber nadar? Pode a natação trazer-lhe proveito?

Nadar é obviamente uma forma agradável de distração. Mas, é também atividade muito sadia. Alguns médicos a recomendam como tratamento e prevenção de muitos distúrbios mentais e físicos.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Assim, Vamos ao Jogo!

O campo ideal para o críquete é oval ou um campo de cerca de 150 metros de comprimento por 140 metros de largura. Próximo do centro do campo está o pitch (campo de jogo), de 20 metros de comprimento e 3 metros de largura. Nos jogos de primeira classe, o pitch é de grama, sendo cortada e bem cuidada. Em outras partidas, pode ser de concreto ou de chão batido, coberto com uma esteira de fibra. Em cada extremo do pitch estão as balizas, feitas de três estacas eretas de madeira, com 71 centímetros de altura e espacejadas de um lado das balizas para o outro num total de 23 centímetros. Assim, a bola não pode passar entre as estacas. Dois pequenos travessões, ou pedaços modelados de madeira, são encaixados no todo, uma ponta tocando a outra ponta, ligando assim as três estacas.

Linhas de cal, chamadas creases, são marcadas de um lado ao outro do pitch, a 1,20 metro à frente de cada conjunto de balizas e sendo paralelas a elas. As linhas marcam as áreas de segurança para os rebatedores, quando a bola está em jogo. O arremessador não deve ultrapassar esta linha quando lança a bola; de outra forma isso é chamado de no ball (uma bola incorretamente arremessada) e o rebatedor ganha um ponto.

Pelo sistema de cara ou coroa, os capitães dos times adversários decidem que time rebaterá primeiro. Quem ganha pode decidir se quer que seu time rebata primeiro ou se deixará que o time adversário rebata, se julgar que existe algumas vantagens para seu time, por causa das condições do tempo, do campo ou de outros aspectos.

Dois rebatedores se dirigem às creases — um em cada extremo do pitch. Ambos usam perneiras e protetores para o corpo e luvas especiais de rebatedores e, nos anos recentes, a maioria dos rebatedores profissionais usam capacete. Todos os jogadores do time que não está rebatendo colocam-se em posições estratégicas no campo, a várias distâncias do rebatedor que está recebendo o arremesso. Suas posições são identificadas por termos bem pitorescos, tais como “the slips”, “silly mid-on”, “point”, “the covers”, “the gully”, “square leg” e “fine leg”. O bem protegido wicket-keeper (guarda-meta; catcher, na linguagem do beisebol) coloca-se atrás das balizas do rebatedor, visando pegar qualquer bola que passe pelo rebatedor, bem como tentando pegar a bola ou derrubar as balizas quando ele está fora de sua crease.

O capitão designa dois arremessadores para ficar a postos enquanto ele assim determinar. Cada um arremessa seis bolas consecutivas (oito na Austrália e na África do Sul), dos extremos alternados do pitch. Estes seis arremessos são chamados de “overs”. Existem, geralmente, vários arremessadores em cada time, e o capitão decide quando alternar os arremessadores, passando dos rápidos para os médio-rápidos, ou os mais lentos, ou spin (giro). A bola não deve ser arremessada ou lançada como se faz no beisebol, mas o arremessador, com um movimento do braço levantado, tem de manter o braço estendido, sem curvar o cotovelo, até completar o movimento e a bola ser arremessada. — Veja a página 2.

A bola de críquete, geralmente vermelha e de couro, pesa pouco mais de 150 gramas e é ligeiramente menor, mais dura e mais pesada do que a bola de beisebol. O giro que o arremessador imprime à bola, conseguido pelo uso da forte costura, influi em seu trajeto aéreo e determina sua direção depois de tocar no chão, pois, em contraste com o beisebol, a bola geralmente toca no chão uma vez antes de chegar ao rebatedor. Apenas ocasionalmente é que o arremessador fará um arremesso sem que a bola toque no chão, ou full pitch, um que o rebatedor possa atingir antes de ela tocar no solo. É mais difícil jogar contra um astuto arremessador, que faz girar a bola, do que contra um arremessador rápido. Ele faz girar a bola por direcioná-la, quer para a esquerda, quer para a direita, assim que ela sai de sua mão. Isto resulta em dois tipos de giro, chamados de “off breaks” e “leg breaks”.

Será que o Críquete Assemelha-se ao Beisebol?

Ele se assemelha, e, ao mesmo tempo, não se assemelha. Para a maioria dos fãs do beisebol, o críquete parece ser um jogo tranqüilo, um tanto lento, um ‘beisebol sob Valium’, como se expressou um comediante dos Estados Unidos. Alguns termos do críquete, contudo, lhe soarão familiares. Por outro lado, a finalidade das partidas e as regras do jogo são bem diferentes. Todavia, o entendimento do que os times adversários tentam alcançar no campo de críquete poderia transformar sua frustração em fascínio.

Como se dá com o beisebol, o críquete tem dois times opostos. Cada time se compõe de 11 jogadores, havendo um jogador reserva conhecido como o 12.° homem. Isto se contrasta com o time de beisebol, composto de nove jogadores. O termo batsman, em vez de batter (rebatedor) é usado para o jogador que rebate a bola, e o formato do bastão de críquete é bem diferente do bastão de beisebol. (Veja ilustração, página 23.) Também, quem arremessa a bola é chamado de bowler e não de pitcher (arremessador). A expressão “scoring runs” (pontos marcados através de corridas) é comum em ambos os jogos, embora o método de marcar pontos difira. O termo “innings” (turno) é usado em ambos os esportes. Não deve ser surpresa, contudo, que tais termos sejam similares; a Encyclopedia International (Enciclopédia Internacional) nos conta que o beisebol se desenvolveu, em fins do século 19, à base do jogo inglês de críquete, combinado com outro esporte conhecido como rounders.

Todavia, à parte das semelhanças citadas, são muitas as diferenças entre o críquete e o beisebol. O uniforme e a postura dos jogadores, o formato e a disposição do campo oval de críquete, em contraste com o diamond (campo de beisebol), a posição dos defensores no campo, e a velocidade da partida, parecem ter muito pouco em comum. Todavia, apesar das diferenças, os entendidos em um desses jogos geralmente têm pouca dificuldade de compreender e de apreciar o outro, uma vez que os rudimentos do jogo lhe sejam explicados.

Críquete ou beisebol — Qual a diferença?

Do correspondente de Despertai! na Austrália

QUANDO a Rainha Vitória, da Inglaterra, celebrava seu jubileu, em 1897, um quarto da superfície terrestre estava sob o domínio britânico. Atualmente, o outrora poderoso Império Britânico só existe como lembrança do passado. Ainda assim, surpreendentemente, a sua influência ainda pode ser vista e sentida em muitas partes do mundo, hoje. Um de tais legados é o intrigante jogo inglês chamado críquete.

Ele é bem popular na maioria dos países que antes eram colônias britânicas, tais como na Ásia, nas Índias Ocidentais e na África — mas não nos Estados Unidos, onde o beisebol assume a primazia. Todavia, relata-se haver pelo menos cem clubes de críquete naquela ex-colônia. Para os que nunca viram uma partida de críquete, convém uma explicação. Trata-se de um esporte jogado num grande campo oval, com todos os jogadores vestidos de branco, em que os arremessadores tentam atingir, ou derrubar, as balizas defendidas por um rebatedor. Mas falaremos mais sobre isso depois.

sábado, 18 de setembro de 2010

Por Que É Duro Perder?

Por que perder significa tamanho choque para muitos de nós? Entre outras coisas, fizeram-nos crer que vencer é tudo que conta. Ser o segundo ou terceiro, ou apenas participar, significa que perdeu! Como declara um ex-jogador amador de futebol da Alemanha: “Uma derrota muitas vezes é um ‘canto fúnebre’ espiritual, resultando em duras críticas.”

Afirma o veterano jornalista esportivo, Leonard Koppett, em seu livro Sports Illusion, Sports Reality (A Ilusão dos Esportes, a Realidade dos Esportes): “A psicologia de só vencer se torna dominante. . . . Trata-se duma influência nefasta em nossa cultura, porque é irrealística (só pode haver um número um) e porque nos empobrece por degradar tantas outras virtudes: a perícia, a coragem, a dedicação, o brilhantismo, o esforço satisfatório, o aprimoramento, o desempenho honroso.” Sim, outras excelentes qualidades podem ser demonstradas sem que a pessoa seja, necessariamente, o vencedor. Então, será que o perder deveria causar um trauma? “Reduzir todos os valores a se a pessoa vence ou não significa autolimitação e tolice”, é como Koppett o encara.

A pressão de vencer, e de só apreciar os esportes quando se ganha, amiúde começa em casa — com os pais. Eles, às vezes, procuram realizar-se através das consecuções dos filhos. Inconscientemente, há pais que dão a impressão de que a reputação deles está em jogo, caso seus filhos não vençam. No nível escolar, também há pressão. Falando de seu treinador na escola, Abdul-Jabbar diz: “Tínhamos de enfrentar sua crítica mordaz se alguém chegasse perto de vencer-nos. Perder — nem pensar! — e o basquete perdeu sua graça. . . . [Ele] nos treinava por meio de bondosa humilhação. Suscitava os nossos brios, sabendo que a pior coisa que pode acontecer a um adolescente é parecer ruim na frente dos caras.” — O grifo é nosso.

Eis aí a chave da síndrome de vencer a todo custo — o ORGULHO. Ninguém aprecia ser rebaixado na frente dos outros ou que alguém o faça sentir-se inferior por ter perdido. A verdade é que, se se jacta de ter vencido ou fica desesperado de perder, É MESMO uma pessoa inferior. Por quê? Porque, como vencedor, deixa de respeitar a dignidade e a auto-estima do perdedor. A Bíblia sublinha este perigo, dizendo: “Mas agora vos orgulhais de vossas fanfarrices pretensiosas. Todo esse orgulho é iníquo.” Como perdedor aniquilado, atribui demasiada importância a uma ilusão — à ilusão de que os esportes significam a vida real, quando, efetivamente, são uma “vaidade” passageira. Escreveu o sábio Rei Salomão: “Eu mesmo vi todo o trabalho árduo e toda a proficiência no trabalho, que significa rivalidade de um para com o outro; também isto é vaidade e um esforço para alcançar o vento.” Lembre-se, seu verdadeiro valor como pessoa não depende de alguns segundos ou minutos de atividade esportiva! — Tiago 4:16; Eclesiastes 4:4.

Será que ganhar é tudo?

QUANDO venço, é rotina. Quando perco, parece o fim de tudo.” O fim não parece muito freqüente para Martina Navratilova, atual campeã feminina de tênis. Raramente perde. Todavia, conforme ela mesma admite, perder é uma experiência traumática.

“Sentíamo-nos liquidados, e eu estava em péssimo estado. Depois do jogo, sentei-me no vestiário e chorei, como um bebezão ali sentado e chorando. Detestei perder, e detestei ainda mais ter-me saído mal diante do público.” Com certeza, mesmo nos dias de ginásio, perder era um duro golpe para o gigantesco cestobolista americano, Kareem Abdul-Jabbar.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Onde Se Origina a Energia

O ATP (trifosfato de adenosina) é a rica fonte de energia para a contração muscular. É produzido nas fibras musculares por corpúsculos chamados mitocôndrias e é formado de vários modos. As gorduras nos tecidos musculares (tecido adiposo) são decompostas e se transformam em ácidos isentos de gordura, no músculo e também no sangue. Com o tempo, nas fibras musculares eles são oxidados para liberar energia e produzir o ATP. A glicose do sangue é também oxidada nas fibras musculares para formar o ATP. Certa porção de glicose do sangue é armazenada nos músculos em forma de carboidratos, chamado glicogênio. Daí, à medida que o ATP for necessário, este glicogênio decompõe-se em glicose, que, sem usar oxigênio, produz o ATP.

Estes métodos para produzir o ATP são empregados simultaneamente, mas, em graus variados, de acordo com as circunstâncias. O tipo de exercício, sua intensidade, sua duração, a aptidão física do indivíduo — todos são fatores que determinam quanto ATP cada método suprirá, em ocasiões determinadas. Pertinente à corrida a longa distância, contudo, quando o exercício tiver sido intenso por longo período, o principal recurso para a produção do ATP é o glicogênio.

Os participantes de maratonas muitas vezes fazem o que é chamado de sobrecarga (ou acúmulo) de carboidratos. Poucos dias antes duma corrida eles devoram carboidratos, e por assim fazerem podem aumentar a quantidade de glicogênio armazenado nos músculos em até 300 por cento. Um subproduto de tal uso do glicogênio, contudo, é o ácido láctico e é seu acúmulo nos músculos que provoca fadiga, e, eventualmente, músculos doloridos.

Decisões! Decisões!

A situação é tal que o sistema nervoso central ininterruptamente faz decisões relativas a quantos feixes de fibras precisa impulsionar para que se contraiam na execução das muitas tarefas ao encargo dos aproximadamente 650 músculos do corpo. Os componentes sensoriais nas fibras, denominados receptores da distensão fazem a monitorização das fibras e enviam de volta informações ao sistema nervoso central, e por meio desta realimentação ajudam na tomada de decisões. Talvez odeie fazer decisões, mas, inconscientemente, você faz milhões delas, constantemente!

Quando mais fibras se contraírem, tanto maior e mais rígido será o músculo. Por exemplo, seu bíceps se contrai para erguer a mão e coçar a cabeça. Não são necessários muitos feixes de fibras, de modo que seu bíceps fica bem macio. Mas, ponha nos ombros, com o mesmo movimento, um peso de uns 15 quilos, e seu bíceps avultará e endurecerá, à medida que mais fibras entram em ação.

Alguns músculos dispõem dum controle muito melhor da tensão do que outros. Os dedos, por exemplo, podem fechar-se como se fossem uma garra de aço, ou manusear, delicadamente, ovos de fina casca. Tais músculos contêm muitos feixes de fibras, mas cada feixe só tem apenas poucas fibras — alguns com não mais de 10. Outros músculos grandes, como alguns das pernas, não conseguem executar tais movimentos, de alta precisão. Possuem menos feixes de fibras, mas muito mais fibras em cada feixe — amiúde mais de 100.

Os músculos esqueléticos possuem basicamente dois tipos de fibras: escuras, para ação lenta, firme; claras, para ação imediata. (Chamadas fibras de contração lenta e fibras de contração rápida). Alguns músculos são compostos quase que inteiramente de fibras de ação lenta, mas outros de uma combinação de lentas e rápidas. Pessoas que são incomumente rápidas nos movimentos têm mais fibras claras ou rápidas do que as pessoas cujos movimentos são mais lentos. Ágeis ginastas, por exemplo, necessitam fibras rápidas para a execução dos giros deslumbrantes e retumbantes, que nos impressionam. Também, destacados corredores de curta distância possuem mais de tais fibras rápidas do que os corredores de longa distância. O exercício produz resultados, mas não pode mudar a proporção de fibras rápidas e lentas — isto é hereditário, um dom.

O que os músculos podem e o que não podem fazer

Seus mais simples movimentos são maravilhas que temos como certas. Submetidos a exercícios, realizam espantosas proezas de força e resistência. Existe, porém, outro tipo de adestramento muito mais importante, que pode realizar o que os músculos jamais podem.

UMA caixa cheia de penas. Você deseja apanhá-la. Sua mente instrui o grupo de músculos envolvidos e você a apanha. Agora a caixa está cheia de barras de chumbo. Sua mente instrui o mesmo grupo de músculos que ergueram as penas a que suspendam agora o chumbo, e eles obedecem. Elementar? De maneira nenhuma.

Uma fibra do músculo esquelético não se contrai com menor ou maior força, dependendo se for para pesos mais leves ou mais pesados. Quando um terminal nervoso comanda a fibra a se contrair, ela assim o faz completamente. Uma vez que se contrai, se contrai integralmente. Como é que se explica, então, que, em resposta a um comando os músculos exercem apenas força suficiente para levantar penas, e em resposta a outro comando esses mesmos músculos reúnem a força maior necessária para levantar chumbo?

Um músculo compõe-se de muitos feixes de minúsculas fibras musculares, cada feixe recebendo o nome de unidade motora. Para cada unidade existe um nervo motor que, no seu terminal, ramifica-se de um modo tal que cada fibra muscular tem seu terminal nervoso particular, para estimulá-lo. O impulso eletroquímico é transmitido por substâncias químicas, a partir do terminal do nervo, para a fibra, onde o impulso de novo se torna eletroquímico. A fibra se contrai. Todas as fibras nesse feixe ou unidade motora se contraem.

Agora, nem todos os feixes de fibras dum músculo se contraem quando tal músculo é usado. Se a mente sabe que ele está apenas levantando penas, o sistema nervoso central impulsiona apenas os comparativamente poucos feixes necessários para levantar penas. Mas, se o caso é levantar chumbo, um número bem maior de feixes serão estimulados a se contraírem.

Às vezes, a mente é enganada. Se pensa que a caixa está cheia de penas quando na realidade contém chumbo, um número insuficiente de fibras são informadas de que devem se contrair e a mente se surpreende. Ela tem a impressão de que a caixa foi pregada no chão. Mas, caso a mente imagine que a caixa esteja cheia de chumbo, quando, na realidade, está cheia de penas, muitos feixes de fibras são acionados para suspender chumbo, e a impressão é que a caixa levanta vôo do chão.

domingo, 29 de agosto de 2010

Tratar os Sintomas

Exigir a carteira de identidade e efetuar revistas têm sido propostos como meios de reduzir a entrada de arruaceiros nos estádios de futebol. O Ministro Popplewell, da Alta Corte, ao dirigir uma investigação sobre a segurança no futebol, concluiu que exigir cartões de membros dos clubes contribuiria para reduzir as arruaças. Esta proposta, se posta em execução, impediria que visitantes casuais entrassem nos campos de futebol. “Isso, no meu conceito”, afirma Popplewell, “é o preço que o público e o clube têm de pagar para se tentar reduzir a violência no futebol”.

Entre outras recomendações, Popplewell aconselhou a polícia a fazer pleno uso da televisão de circuito fechado para observar se surge a violência das turbas. Em certas áreas, esta sugestão já foi posta em prática, e a polícia utiliza veículos conhecidos em inglês como hoolivans (furgões de combate aos arruaceiros). Estes propiciam um local de onde se pode manter vigilância, utilizando-se câmaras de vídeo em cores. Ao divisar problemas, a polícia pode identificar e então fotografar indivíduos arruaceiros.

Planos de proibir a venda de bebidas alcoólicas nos campos de futebol, ou nas vizinhanças, ou até mesmo a caminho deles, também podem contribuir, segundo se espera, para reduzir a violência. Disse em editorial The London Times: “O futebol inglês talvez tenha de ser jogado, por fim, em anfiteatros fortificados com grades de ferro, onde costumava haver arquibancadas, e um bafômetro [para medir o teor alcoólico no bafo] em cada borboleta . . . Futuras partidas de futebol talvez não tenham a excitação e o romance dum jogo nacional de nosso passado. Mas, pelo menos, talvez volte de novo a ser uma partida, uma partida que vale a pena disputar e que também é segura para exportação.”

Tais medidas, embora bem-intencionadas, lidam com os sintomas, mas deixam que a doença ainda grasse. Conforme se expressou The Guardian Weekly: “Nenhum jogo vale as fortificações que simplesmente tratam dos sintomas, e não da doença.” Daí, como pode tal doença ser tratada com êxito? Como se pode erradicar as arruaças, não só dos eventos esportivos, mas também da sociedade humana?

Uma Sociedade Doentia?

O jornal The Sunday Times, de Londres, descreveu o futebol como “espelho da sociedade, e nossa própria sociedade atual é nojenta, gananciosa e violenta”. Acrescentava o jornal: “O futebol não é, em si mesmo, a causa da violência, mas é um palco perfeito para ela . . . Atrai e canaliza a violência, que, de outra forma, ficaria hibernando ou explodiria esporadicamente.”

A violência manifesta na rivalidade entre clubes de futebol segue um padrão refletido em outras ações toleradas por muitos dos cidadãos supostamente acatadores da lei. David Robins, depois de sete anos de estudos das arruaças no futebol, explica o seguinte, no livro We Hate Humans (Odiamos os Humanos): “A tendência das nações-estados de resolver as disputas territoriais por meios violentos, e com apenas as mais tênues referências possíveis aos ideais, ou aos princípios morais, pode ser entendida pelos politicamente analfabetos como não sendo nada mais do que uma versão adulta das brigas do futebol.”

Assim, a revista The Economist [transcrita na revista SENHOR, de 12/6/85, p. 14], aconselhava: “Enquanto uma Grã-Bretanha envergonhada pondera a tragédia de Bruxelas, deveria examinar o sistema de valores culturais que a tornou possível.”

Identificando as arruaças como sintoma de uma sociedade doentia, o Presidente da Associação dos Chefes de Polícia da Inglaterra, Charles McLachlan, lamentou a falta de disciplina na vida moderna e clamou por melhor orientação para os jovens. O delegado Robert Bunyard, da Polícia de Essex, descreveu os tumultos no futebol como “a concentração do comportamento que as pessoas demonstram em outras partes”.

É terminal a moléstia que permeia a sociedade humana? Ou existe uma cura? Que tratamento terá êxito?

sábado, 28 de agosto de 2010

A origem

Há quem pense que o cross-country é um esporte novo, recente, mas não é bem assim. Em 1927, nas cavernas da ilha de Rødøya, na Noruega, foram encontradas gravuras em rocha de milhares de anos. Um deles mostra um caçador que, pelo que parece, está usando uma máscara de coelho e deslizando com esquis bem compridos nos pés. Mais recentemente, trabalhadores na Escandinávia encontraram nas turfeiras centenas de esquis antigos em ótimo estado de conservação. No passado, durante os longos invernos com muita neve, esquiar era um meio de transporte indispensável para os povos nórdicos. Estava tão arraigado ao sistema de vida deles que eles até adoravam e prestavam homenagem a um deus e a uma deusa-esqui! Hoje, muitas cidades e vilarejos na Noruega e na Suécia têm nomes que são resquícios de crenças pagãs antigas. Não precisa ir muito longe. O nome Escandinávia, pelo que tudo indica, se refere a Skade, deusa dos esquiadores.

Por séculos, esquiar teve um papel muito importante na vida nórdica. Mas foi só no século 19 que o cross-country veio a se tornar um esporte internacional. Nessa época os noruegueses aperfeiçoaram os patins tradicionais, mudando o formato e tornando-os mais afilados e estreitos. Eles também desenvolveram um sistema de tiras amarradas no calcanhar e outras amarradas nos dedos do pé. Mais tarde essas tiras foram substituídas por presilhas de segurança para prender as botas nos esquis. E logo também deram início a uma série de competições em Telemark, uma região montanhosa na região centro-sul da Noruega. Acredita-se que a primeira competição de cross-country cronometrada de que há registro aconteceu nesse local e o vencedor percorreu a distância de 5 quilômetros em cerca de 30 minutos. Pouco tempo depois, corridas de cross-country tornaram-se populares nos países do norte da Europa. Mas foi um outro evento que o tornou conhecido no resto do mundo.

Em 1888, Fridtjof Nansen, explorador norueguês, chefiou uma expedição Groenlândia adentro usando esquis como meio de transporte. Em seguida, ele escreveu um livro sobre essa aventura que em 1891 foi traduzido para o alemão, francês e inglês. A descrição sobre a travessia exaustiva da desolada região ártica deu asas à imaginação dos leitores vitorianos. Surgiram idéias heróicas de se desbravar terras desconhecidas.

Na década de 60, organizaram-se excursões de esqui para famílias dando início a um grande empreendimento. Surgiram muitas estações de esqui especializadas em cross-country. As indústrias não ficaram para trás e logo lançaram novos equipamentos sofisticados. Até a moda teve sua participação transformando o cross-country em um esporte chique. Cresceu a demanda por locais para esqui e muitas prefeituras se viram desesperadas terraplenando qualquer terreno disponível — até campos de golfe e parques nas cidades.

Esquente seu inverno com o esqui “cross-country”

DO REDATOR DE DESPERTAI! NO CANADÁ

“LANGLÄUFER LEBEN LÄNGER” — “Esquiadores cross-country vivem mais.” Essa expressão popular alemã em si já diz tudo — o valor que muitos dão a esse esporte de inverno. E isso é bem evidente em vários países onde cai muita neve — a paisagem nos campos mais parece um gigantesco entrelaçado de trilhas deixadas por esquis. Em alguns países, há placas mostrando a distância entre cidades e vilarejos, e muitas pistas têm iluminação artificial para a facilidade dos esquiadores na volta do serviço.

O cross-country, que antes da década de 60 contava com poucos interessados, nesses últimos anos vem ganhando popularidade em muitos lugares do mundo. Estima-se que só na América do Norte o número de esquiadores cross-country chegue a quatro milhões! Mas por que será que esse esporte atrai a tantos? É pelo fato de ser um esporte de baixo custo e, à primeira vista, não muito complicado. O esqui alpino, por exemplo, que envolve deslizar encosta abaixo, é bem mais difícil em certos aspectos e os equipamentos e o vestuário são caros. E não é só isso. A pessoa precisa viajar para lugares específicos onde há colinas ou montanhas próprias e equipadas para se esquiar. Além disso, ainda fica sujeita a enfrentar longas filas para pegar o teleférico, sem contar que as passagens não são baratas. Esquiar montanha abaixo exige também um preparo físico que nem todos os iniciantes têm. No caso do cross-country, a bem dizer não há restrições — está ao alcance de todos, adultos e crianças. E tudo o que se precisa são alguns centímetros de neve recém-caída, um pouco de treino, esquis, botas de esqui e bastões de esqui, que não precisam ser dos mais caros.

O cross-country pode ser uma aventura e tanto! Dá para esquiar pelos campos e pelos prados, pelos lagos e pelos rios congelados e ainda penetrar no silêncio das florestas e passar por vales cobertos de neve — quer dizer, o rumo fica ao gosto do esquiador. A ocasião é ideal para se meditar, refletir e pensar sobre a vida e também para abrir o coração para o Criador agradecendo-lhe por todas as maravilhas que nos cercam. Nada como o inverno para dar um toque todo especial à criação de Deus. A neve cai, envolvendo a natureza com um manto resplandecente. Quase não se ouve nenhum ruído. A terra se revigora e se purifica e revive como se voltasse a ser virgem. Ao esquiar floresta adentro, como é reconfortante para o coração e para o espírito olhar para as árvores cobertas de cristais de gelo! O ruído do mundo mecanizado em que vivemos vai se distanciando pouco a pouco e depois só se ouve o som dos esquis deslizando na neve.

Por outro lado, o cross-country em família ou com amigos é um programa muito bom pois une e fortalece os laços. Em muitos países do norte da Europa há famílias que andam de trem uns 20 a 30 quilômetros e depois voltam esquiando para casa.

Um tipo diferente de caminhada!

DO REDATOR DE DESPERTAI! NA FINLÂNDIA

Já ouviu falar de caminhada nórdica? Na Finlândia, esse tipo de caminhada se tornou um dos exercícios mais populares. Envolve o uso de bastões semelhantes aos usados em esqui. Como esse esporte surgiu e quais são os benefícios?

QUANDO você vê um adepto da caminhada nórdica, o que lhe vem à mente é um esquiador sem esquis. De fato, foram os esquiadores que inventaram esse esporte quando começaram a intensificar seu treinamento durante o verão, andando com seus bastões de esqui. Na década de 80, a caminhada com bastões passou a ser praticada por outros atletas. Por volta do fim da década de 90, a população em geral começou a praticar a caminhada nórdica. Uma pesquisa Gallup em 2004 mostrou que 760 mil finlandeses — 19% da população — praticam o esporte pelo menos uma vez por semana. “A caminhada nórdica tornou-se hoje o segundo exercício mais popular na Finlândia, perdendo apenas para a caminhada tradicional”, diz Tuomo Jantunen, diretor-executivo da Suomen Latu, organização que encomendou a pesquisa. Esse esporte veio para ficar e, recentemente, tem sido adotado por outros países.

Muitos já conhecem os benefícios da caminhada, mas quais são as vantagens de andar com bastões? “Um grande benefício é que a caminhada nórdica exercita também a parte superior do corpo, como os músculos dos braços, das costas e do abdome”, diz o fisioterapeuta Jarmo Ahonen, que pratica o esporte. “Também ajuda a relaxar a tensão no pescoço e nos ombros, um problema comum entre quem trabalha em escritórios”, diz ele.

Visto que a caminhada nórdica exercita mais músculos do que a caminhada tradicional, também consome mais calorias. Usar bastões ajuda a pessoa a andar mais rápido e acelerar a pulsação. Mas não é só isso, os defensores do esporte dizem que, se os bastões forem usados corretamente, ajudam a pessoa a caminhar ereta, melhorando a postura. “A caminhada nórdica também alivia o peso sobre as juntas, pois é possível usar os bastões para sustentar parte dele”, diz Ahonen. Um praticante do esporte explica que os bastões pontiagudos ajudam a manter o equilíbrio em lugares escorregadios. Assim, os idosos adotaram esse novo tipo de caminhada durante o inverno, pois o chão em geral fica coberto de neve ou gelo.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Os ginásios e seus atletas

A competição atlética era considerada um elemento essencial no desenvolvimento do cidadão-soldado. Todas as cidades gregas tinham os seus ginásios, onde o treinamento físico dos jovens era combinado com o ensino de disciplinas intelectuais e religiosas. Os ginásios eram construídos em torno de áreas bem amplas onde os jovens faziam exercícios, e eram cercados por pórticos e outras áreas cobertas, usadas como bibliotecas e salas de aulas. Tais instituições eram freqüentadas principalmente pelos jovens de famílias ricas, que podiam se dedicar à educação em vez de ao trabalho. Ali, os atletas se submetiam a longos e intensos preparativos para os jogos, com a ajuda de treinadores, os quais também lhes prescreviam dietas e cuidavam de que mantivessem a abstinência sexual.

A exposição no Coliseu deu aos visitantes a oportunidade de admirar excelentes representações de atletas da antiguidade, na maioria cópias romanas de esculturas de origem grega. Visto que, segundo a ideologia clássica, a perfeição física correspondia à perfeição moral e pertencia exclusivamente à aristocracia, o físico atlético dos vitoriosos representava um ideal filosófico. Os romanos gostavam das esculturas como obras de arte, e muitas delas decoravam estádios, balneários, casas e palácios.

Entre os romanos, espetáculos violentos sempre eram populares, de modo que, dentre todas as modalidades de esporte gregas apresentadas em Roma, o pugilismo, a luta romana e o pancrácio eram os mais apreciados. Os romanos encaravam esses esportes não como competições entre atletas, para avaliar suas respectivas virtudes, mas como simples diversão. O conceito original dos esportes, a participação coletiva de atletas guerreiros de elite como parte da sua educação, foi abandonado. Em vez disso, os romanos transformaram os jogos gregos em exercícios saudáveis que se faziam antes de tomar um banho, ou em eventos esportivos com a participação de profissionais das classes inferiores. Um exemplo são as competições de gladiadores.

Uma instituição antiga

A Grécia não foi a primeira civilização a se envolver em esportes. Mesmo assim, talvez no oitavo século AEC, o poeta grego Homero descreveu uma sociedade humana estimulada por ídolos heróicos e um espírito de competição, em que a bravura militar e o atletismo tinham grande valor. Explicou-se na exposição que a mais antiga das festividades gregas teve início como um evento religioso para honrar os deuses nos funerais de personagens heróicos. Por exemplo, a Ilíada de Homero, a mais antiga obra existente da literatura grega, descreve como guerreiros nobres, companheiros de Aquiles, depuseram as armas nos ritos fúnebres de Pátroclo e competiram para provar seu valor no pugilismo, na luta romana, no lançamento de discos e de dardos, e na corrida de carros puxados por cavalos.

Festividades similares passaram a ser celebradas em toda a Grécia. Disse a brochura explicativa sobre a exposição: “As festividades ofereciam uma oportunidade básica para os gregos, em respeito aos seus deuses, deixarem de lado suas freqüentes e intermináveis disputas violentas e conseguirem sublimar seu espírito tipicamente competitivo numa realização pacífica, mas igualmente verdadeira, de competição atlética.”

Grupos de cidades-estados adotaram a prática de se reunirem regularmente em centros comuns de adoração para prestar homenagem às suas deidades por meio de competições atléticas. Com o tempo, quatro dessas festividades — a olímpica e a neméia, dedicadas a Zeus; e a pítica e a ístmica, dedicadas respectivamente a Apolo e a Posseidon — aumentaram em importância até se tornarem festividades pan-helênicas. Quer dizer, estavam abertas a competidores de todo o mundo grego. As festividades destacavam sacrifícios e orações e também honravam os deuses por superlativas competições de atletismo ou artísticas.

A mais antiga e prestigiada dessas festividades, segundo o que se diz, data do ano 776 AEC, e era realizada de quatro em quatro anos em honra a Zeus, em Olímpia. A segunda na ordem de importância era a festividade pítica. Realizada perto do mais famoso oráculo do mundo antigo, em Delfos, também incluía atletismo. Mas, em honra do padroeiro da poesia e da música, Apolo, dava-se ênfase ao canto e à dança.

O Treinamento Físico — É Útil?

Será que a Bíblia oferece alguma orientação prática no campo dos esportes?

Notemos em primeiro lugar o valioso conselho fundamental da Bíblia: “Seja a vossa razoabilidade conhecida de todos os homens.” (Filipenses 4:5) Isto indica de imediato um conceito equilibrado sobre todos os assuntos. Por exemplo, o apóstolo Paulo, no mundo grego orientado pelo atletismo dos seus dias, escreveu a um jovem cristão: “Procure se manter sempre em exercício espiritual. . . . O exercício físico tem algum valor, mas o exercício espiritual tem valor para tudo.” (1 Timóteo 4:7, 8, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Outra tradução verte: “O treinamento físico traz benefício limitado.” — The New English Bible.

Se, pois, o benefício é limitado, é prudente dedicar-se aos esportes por tempo integral? Baseiam-se nos esportes os verdadeiros valores da vida? E que dizer se o esporte viola os princípios cristãos básicos, como ‘amar o próximo como a si mesmo’ ou ‘fazer aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem’? Que dizer se atividade extracurricular nos esportes significa associação desnecessária com pessoas que não aplicam princípios cristãos? Irá isso minar a espiritualidade? Não é verdade que Primeira Coríntios 15:33 responde Sim? — “Não sejais desencaminhados. Más associações estragam hábitos úteis.”

Embora os esportes como recreação proporcionem “benefício limitado”, a pessoa precisa estar apercebida de possíveis perigos quando são levados muito a sério. A Bíblia fornece orientação nesse respeito: “Não fiquemos egotistas, atiçando competição entre uns e outros, invejando-nos uns aos outros.” (Gálatas 5:26) Nosso artigo precedente mostrou como a incrementada competição pode conduzir à violência. Um espírito excessivamente competitivo tira muito do prazer do jogo, visto que a meta final, vencer, se torna a única coisa importante.

Outras traduções desse texto dizem: “Não procuremos a glória vã.” (Lincoln Ramos) “Então não precisaremos mais andar em busca de honras e de popularidade.” (O Novo Testamento Vivo) Os jovens são atraídos pela ilusão do sucesso nos esportes. Sonham em tornar-se o astro, o vencedor, ganhar destaque. Para a grande maioria, é um sonho impossível. Para os poucos “favorecidos”, o preço é elevado, amiúde terrivelmente elevado. Darryl Stingley, ex-jogador de futebol americano dos E.U.A., sabe isso bem demais. Em resultado de ter sido agarrado mortalmente em agosto de 1978, desde então está paralisado do pescoço para baixo.

Heitor Amorim, ex-astro do futebol brasileiro, põe em foco a questão, dizendo: “Não se deve jamais esquecer que é um número insignificante os poucos que se tornam astros e obtêm todas as honras que acompanham o sucesso. Para cada um que ascende à glória há milhares que sofrem frustração. Abandonaram os estudos, fracassaram no esporte e daí lhes restou — o quê? O desprezo. Ninguém quer saber hoje de um perdedor.”

Portanto, em essência, qual é o melhor conselho a seguir quanto aos esportes? Deixemos que o ex-jogador australiano de futebol americano, Peter Hanning (um profissional de 1964-75 do Swan Districts), responda a essa pergunta: “Meu conselho aos jovens é: Desfrutem seu exercício físico. Os esportes são uma recreação que os conservarão sadios e felizes como passatempo. Mas o esporte profissional é outra história. Exige compromisso que exclui tudo, exige uma dedicação completa. E o preço que se paga é elevado — todas as relações, quer com as pessoas, quer com Deus, têm de sofrer. A pessoa se torna parte de um mundo autônomo de bajulação, imoralidade, inveja, orgulho e avareza. E corre o constante risco de ser vítima de ferimento incapacitante. Ou, talvez pior ainda para alguém que tem consciência, o de ferir gravemente outra pessoa. A lista de ferimentos que eu sofri inclui um braço quebrado, fratura no nariz (quatro vezes) e no osso da maçã do rosto, remoção da cartilagem do joelho, ferimento nas costas e concussão duas vezes. E, em comparação com alguns, eu me saí bastante bem!”

Portanto, embora seja verdade que “a glória dos jovens é a sua força” (Provérbios 20:29, Versão da Imprensa Bíblica Brasileira), deve-se também lembrar que as relações na vida não se baseiam na força, mas na sabedoria. Portanto, recreie-se com seus esportes de modo contrabalançado. Deixe que sirvam de diversão, mas nunca lhe sejam uma obsessão. Deixe que o revigorem, mas nunca o dominem.

Envolvimento Contrabalançado

É claro que os pais devem ter interesse na recreação de seus filhos, mas seu envolvimento deve ser contrabalançado e construtivo. Conforme explicou Bobby Orr, astro do hóquei sobre o gelo: “Meu pai nunca me pressionou a jogar. Eu jogava hóquei porque eu gostava de jogar.” Vincent Chiapetta, treinador de atletismo em Nova Iorque, disse a respeito de sua atitude para com seu filho: “Embora eu estivesse no atletismo, não tentei forçar meu garoto a correr. . . . Eu assistia a seus jogos porque ele era meu filho e eu tinha responsabilidade. Mas, quando vi que o treinador fazia pressão nos garotos, eu lhe disse que ia retirar meu filho. Fiz questão de dizer-lhe que vencer não era a única coisa para mim. Afinal, um jogo é apenas um jogo.”

E que acham as crianças quando mamãe e papai se juntam a elas em algum jogo informal ao ar livre? Rick Rittenbach, que era um dos seis filhos da família, relembra: “Como éramos seis crianças, muitas vezes jogávamos uma partida de beisebol com bola macia, ou de voleibol. E sei que todos nós nos divertíamos quando mamãe e papai se juntavam a nós. E está claro que eles também se divertiam. Tenho a certeza de que foi um dos muitos fatores que ajudaram a manter nossa família unida.”

A participação nos esportes pode ser um tônico para toda pessoa, independente da idade. Mas as crianças, especialmente, consideram a recreação como ponto alto, e, quando é conjugada com uma boa relação com os pais, os benefícios se multiplicam. Tem-se assim uma família feliz, sadia e unida. Mas qual é a chave para tal situação? O equilíbrio. A recreação ou os esportes devem ser um passatempo, não uma competição mortal ou um campo de batalha divisório.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Benefícios do esporte

“O treinamento corporal é proveitoso para pouca coisa”, diz a Bíblia. (1 Timóteo 4:8) E os jovens com certeza se beneficiam do exercício físico. Nos Estados Unidos, um número alarmante de jovens são obesos, hipertensos e têm colesterol alto. Quando praticado com regularidade, o exercício pode ajudar bastante a controlar esses problemas. De acordo com um artigo da revista American Health, os jovens que se exercitam regularmente “desenvolvem maior capacidade aeróbica do que os que são sedentários [inativos]. Também se saem melhor nos esportes e controlam melhor o peso”. Os pesquisadores também dizem que o exercício pode reduzir o estresse, diminuir o cansaço e até melhorar o sono.

Curiosamente, o livro Your Child in Sports comenta: “Tem-se tornado evidente que os problemas de saúde de muitos adultos têm suas sementes plantadas na tenra idade.” É por isso que muitos médicos acham que os benefícios do exercício regular podem estender-se à vida adulta. A escritora Mary C. Hickey diz: “Pesquisas constataram que as crianças que praticam esporte tendem a ser adultos fisicamente mais ativos.”

Muitos acham que existem outros benefícios significativos nos esportes de equipe. Certo pai disse a respeito de seu filho jogar futebol americano: ‘Isso o mantém longe da rua. Ensina-o a ter disciplina.’ Outros acham que jogar num time ensina o jovem a trabalhar em equipe — algo que pode ter benefícios vitalícios. Os esportes de equipe também ensinam os jovens a seguir regras, ter autodisciplina, exercer liderança e saber ganhar e perder. “O esporte é um grande laboratório para os jovens”, diz o Dr. George Sheehan. “Ele dá aos alunos experiência direta em coisas sobre as quais muitas vezes ouvem os seus professores falar: coragem, competência e dedicação.” — Current Health, setembro de 1985.

No mínimo, jogar num time vencedor pode aumentar a auto-estima. “Quando marco um gol”, diz o jovem Eddie, “sinto orgulho de mim”.

Seria bom para mim jogar numa equipe esportiva?

“Gosto muito de esportes. Sinto-me realmente bem. E gosto de estar com os amigos.” — Sandy, 14 anos.

“DIVERSÃO!” “Emoção!” “Vencer!” Essas são algumas das razões dadas pelos jovens americanos e canadenses numa pesquisa sobre por que jogam em equipes esportivas organizadas. Pelo visto, muitos jovens compartilham do seu entusiasmo.

Veja o caso dos Estados Unidos, por exemplo. Segundo o livro Your Child in Sports (Seu Filho nos Esportes), de Lawrence Galton, “anualmente, 20 milhões de crianças americanas de seis anos para cima jogam, ou tentam jogar, em equipes esportivas organizadas”. E embora há apenas alguns anos as equipes esportivas organizadas se compusessem quase que exclusivamente de meninos, um número recorde de meninas está jogando beisebol, basquete e até mesmo futebol americano.

É possível que você seja do tipo atlético e ache que entrar para um time seria divertido. Ou pode ser que seus pais, professores ou treinadores o incentivem muito, ou até o pressionem, a fazer isso. Seja qual for o motivo, jogar numa equipe esportiva exigirá bastante de você em termos de tempo e energia. É apenas uma questão de bom senso querer saber dos prós e dos contras. Vamos ver primeiro algumas das vantagens.

ORIENTAÇÃO PARA AUMENTAR O PRAZER

 Para nos ajudar a derivar prazer de tais atividades, Deus nos proveu amorosamente orientação. Por exemplo, para evitarmos os resultados insalubres do excesso de comida, a Palavra de Deus aconselha: “Não venhas a ficar . . . entre os que são comilões de carne.” (Provérbios 23:20) De modo similar, fornece-nos o seguinte conselho sábio relativo às atividades recreativas: “Treina-te com a devoção piedosa por teu alvo. Pois o treinamento corporal é proveitoso para pouca coisa, mas a devoção piedosa é proveitosa para todas as coisas, visto que tem a promessa da vida agora e daquela que há de vir.” — 1 Timóteo 4:7, 8.

 De modo que a Bíblia mostra que o “treinamento corporal”, tal como obtemos nos esportes, tem o seu devido lugar. É bom para nós; pode ajudar-nos a desenvolver coordenação física, flexibilidade, tonicidade muscular e força. Pode também revigorar-nos mentalmente, em especial quando gastamos muito tempo nos estudos. Mas, note que a Bíblia acautela que “o treinamento corporal é proveitoso para pouca coisa”. O que pode acontecer se você desconsiderar tal conselho bíblico e ficar totalmente absorto nos esportes?

 Em primeiro lugar, pode estragar a diversão, tornando os esportes um “negócio sério”, em vez de uma recreação bem-vinda. Salientando os efeitos dos excessos nos jogos competitivos, o psicólogo de esportes Bruce Ogilvie disse: “Certa vez entrevistei os calouros em 10 campos da divisão de profissionais de beisebol, e 87 por cento deles disseram que gostariam de nunca ter começado a jogar beisebol na Divisão Juvenil, porque isto passou a tirar a alegria do que havia sido divertimento.”

 Também, alguns esportes, tais como o futebol americano, podem ser perigosos, especialmente quando seu corpo está no processo do desenvolvimento físico. O periódico Science Digest relatou que cerca de 12.000.000 de menores estadunidenses, antes de atingirem os dezoito anos, sofreram algum impedimento físico permanente por se empenharem em esportes! Um dos jogadores profissionais mais destacados do futebol americano não deixaria seus dois filhos jogar nas divisões infanto-juvenis deste tipo de futebol. “Os pais não param para pensar em todas as coisas que podem sair erradas para os rapazinhos”, disse ele. “Em primeiro lugar, ele pode voltar para casa com a mão cheia de seus dentes.” O que tornou alguns esportes tão perigosos é a competição levada ao extremo — a atitude de vencer a todo o custo — que muitas vezes é estimulada.

7 Outra coisa a considerar são as associações a que a participação em esportes organizados pode expor você. A conversa nos vestiários, em geral, tem a reputação de ser sexualmente imoral. Além disso, quando um time faz uma viagem para jogar em outro lugar, pode-se ficar por tempo prolongado na companhia daqueles que pouca consideração têm pela fidelidade a Deus. Isto é algo em que pensar, visto que a Palavra de Deus enfatiza que deve ‘treinar-se com a devoção piedosa por seu alvo’. E quão prático é envolver-se em algo que pode facilmente prejudicar seus princípios de moral e suas relações com seu Criador?

 De modo que os esportes são bem similares a outras coisas que são boas quando mantidas no devido equilíbrio — quando não dominam sua vida, sobrepondo-se a coisas mais importantes ou expondo você a situações prejudiciais. Quanta euforia pode dar participar num esporte veloz e sentir a emoção de o corpo corresponder e fazer as coisas com perícia! Pode dar alegria e satisfação lembrá-las por muito tempo. Pode ajudá-lo a apreciar nosso grandioso Criador, que nos fez com a capacidade de fazer tais coisas.

Esportes e diversões

EM TODO o mundo há interesse nos diversos esportes e outras formas de diversão. Bilhões de cruzeiros são gastos cada ano com eles. Você também se interessa nessas coisas? Por exemplo, gosta de cavalgar ou remar? Gosta de nadar, jogar tênis ou participar em outros esportes? Ou se diverte indo ao cinema ou vendo programas de televisão?

 Há quem diga que tais prazeres estão errados. O que você acha? Ora, alguns até mesmo afirmam que a Bíblia desaprova estas coisas. Francamente, porém, tais pessoas deturpam a Bíblia e seu autor, Jeová Deus. A Palavra de Deus fala favoravelmente sobre os jovens derivarem prazer de atividades de recreação. Por exemplo, descrevendo o povo bendito de Deus, a Bíblia diz: “As praças da cidade regurgitarão de meninos e meninas que brincarão nas suas praças.” Ela diz, também, que há “tempo para dançar”. (Zacarias 8:5; Eclesiastes 3:4, Centro Bíblico Católico) É evidente que Deus teve por objetivo que derivássemos prazer de atividades recreativas sadias. Um dos frutos do espírito de Deus é a “alegria”. (Gálatas 5:22) E nosso usufruto de recreações salutares é normal e natural.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os ginásios e seus atletas

A competição atlética era considerada um elemento essencial no desenvolvimento do cidadão-soldado. Todas as cidades gregas tinham os seus ginásios, onde o treinamento físico dos jovens era combinado com o ensino de disciplinas intelectuais e religiosas. Os ginásios eram construídos em torno de áreas bem amplas onde os jovens faziam exercícios, e eram cercados por pórticos e outras áreas cobertas, usadas como bibliotecas e salas de aulas. Tais instituições eram freqüentadas principalmente pelos jovens de famílias ricas, que podiam se dedicar à educação em vez de ao trabalho. Ali, os atletas se submetiam a longos e intensos preparativos para os jogos, com a ajuda de treinadores, os quais também lhes prescreviam dietas e cuidavam de que mantivessem a abstinência sexual.

A exposição no Coliseu deu aos visitantes a oportunidade de admirar excelentes representações de atletas da antiguidade, na maioria cópias romanas de esculturas de origem grega. Visto que, segundo a ideologia clássica, a perfeição física correspondia à perfeição moral e pertencia exclusivamente à aristocracia, o físico atlético dos vitoriosos representava um ideal filosófico. Os romanos gostavam das esculturas como obras de arte, e muitas delas decoravam estádios, balneários, casas e palácios.

Entre os romanos, espetáculos violentos sempre eram populares, de modo que, dentre todas as modalidades de esporte gregas apresentadas em Roma, o pugilismo, a luta romana e o pancrácio eram os mais apreciados. Os romanos encaravam esses esportes não como competições entre atletas, para avaliar suas respectivas virtudes, mas como simples diversão. O conceito original dos esportes, a participação coletiva de atletas guerreiros de elite como parte da sua educação, foi abandonado. Em vez disso, os romanos transformaram os jogos gregos em exercícios saudáveis que se faziam antes de tomar um banho, ou em eventos esportivos com a participação de profissionais das classes inferiores. Um exemplo são as competições de gladiadores.

As modalidades de esporte

Comparado com o atletismo moderno, o número de modalidades era bastante reduzido, e apenas homens participavam. O programa das antigas Olimpíadas não tinha mais de dez modalidades. As estátuas, os relevos, os mosaicos e as pinturas em vasos de terracota, expostos no Coliseu, retratavam os atletas em ação.

Havia corridas a pé de três distâncias: o estádio, equivalente a uns 200 metros; a corrida dupla, comparável aos atuais 400 metros; e a corrida de longa distância, de uns 4.500 metros. Os atletas corriam ou faziam exercícios totalmente nus. Os competidores no pentatlo participavam num conjunto de cinco provas: corrida, salto em distância, arremesso de disco, arremesso de dardo e luta. Outras competições incluíam pugilismo e pancrácio, este último descrito como “esporte brutal que combinava socos com luta livre”. Depois havia a corrida de carros puxados por cavalos por uma distância de oito estádios. Os carros eram leves, abertos, com rodas pequenas, e puxados por dois ou quatro potros ou cavalos adultos.

O pugilismo era extremamente violento e às vezes fatal. Os competidores usavam em torno dos punhos tiras de couro duro, reforçadas com pedaços de metal. Não é difícil imaginar por que certo competidor, chamado Stratofonte, não conseguiu reconhecer a si próprio quando olhou num espelho depois de quatro horas de luta. Antigas estátuas e mosaicos comprovam que os pugilistas ficavam horrivelmente desfigurados.

Na luta romana, segundo as regras, o lutador só podia agarrar a parte superior do corpo do adversário; e o vencedor era quem fosse o primeiro a conseguir imobilizar o outro no chão três vezes. Em contraste, no pancrácio não havia nenhuma restrição de onde segurar o oponente. Os competidores podiam dar pontapés, socos e torcer articulações do corpo do adversário. Os únicos golpes não permitidos eram arrancar o olho com o dedo, arranhar o adversário ou mordê-lo. O objetivo era imobilizar o oponente no chão e obrigá-lo a desistir. Alguns achavam esse “o melhor espetáculo de toda a Olimpíada”.

Diz-se que o mais famoso encontro pancrácio da antiguidade ocorreu no final da Olimpíada de 564 AEC. Arraquião, que estava sendo estrangulado, ainda conseguiu deslocar um dos dedos do pé do seu rival. O oponente, vencido pela dor, rendeu-se no mesmo instante que Arraquião morreu. Os juízes declararam o cadáver de Arraquião vencedor da luta.

A corrida de carros puxados por cavalos era a mais prestigiada das modalidades e também a mais popular entre os aristocratas, visto que o vencedor não era aquele que guiava os cavalos, mas o dono do carro e dos cavalos. Os momentos mais críticos na competição aconteciam no começo da corrida, quando os condutores tinham de manter-se na sua própria faixa e, mais difícil ainda, quando tinham de fazer a curva com o carro em torno dos postes nas duas extremidades da pista. Erros ou faltas podiam causar acidentes que tornavam esse evento popular ainda mais espetacular.

Uma instituição antiga - os esportes

A Grécia não foi a primeira civilização a se envolver em esportes. Mesmo assim, talvez no oitavo século AEC, o poeta grego Homero descreveu uma sociedade humana estimulada por ídolos heróicos e um espírito de competição, em que a bravura militar e o atletismo tinham grande valor. Explicou-se na exposição que a mais antiga das festividades gregas teve início como um evento religioso para honrar os deuses nos funerais de personagens heróicos. Por exemplo, a Ilíada de Homero, a mais antiga obra existente da literatura grega, descreve como guerreiros nobres, companheiros de Aquiles, depuseram as armas nos ritos fúnebres de Pátroclo e competiram para provar seu valor no pugilismo, na luta romana, no lançamento de discos e de dardos, e na corrida de carros puxados por cavalos.

Festividades similares passaram a ser celebradas em toda a Grécia. Disse a brochura explicativa sobre a exposição: “As festividades ofereciam uma oportunidade básica para os gregos, em respeito aos seus deuses, deixarem de lado suas freqüentes e intermináveis disputas violentas e conseguirem sublimar seu espírito tipicamente competitivo numa realização pacífica, mas igualmente verdadeira, de competição atlética.”

Grupos de cidades-estados adotaram a prática de se reunirem regularmente em centros comuns de adoração para prestar homenagem às suas deidades por meio de competições atléticas. Com o tempo, quatro dessas festividades — a olímpica e a neméia, dedicadas a Zeus; e a pítica e a ístmica, dedicadas respectivamente a Apolo e a Posseidon — aumentaram em importância até se tornarem festividades pan-helênicas. Quer dizer, estavam abertas a competidores de todo o mundo grego. As festividades destacavam sacrifícios e orações e também honravam os deuses por superlativas competições de atletismo ou artísticas.

A mais antiga e prestigiada dessas festividades, segundo o que se diz, data do ano 776 AEC, e era realizada de quatro em quatro anos em honra a Zeus, em Olímpia. A segunda na ordem de importância era a festividade pítica. Realizada perto do mais famoso oráculo do mundo antigo, em Delfos, também incluía atletismo. Mas, em honra do padroeiro da poesia e da música, Apolo, dava-se ênfase ao canto e à dança.

Os esportes e a família — um conceito equilibrado

“ESTA mulher veio correndo, gritando obscenidades. Eu me dei por vencida. Ela me deu pontapés e me arranhou.” A resposta da outra: “Eu fui lá e esta mulher me deu um soco, e eu dei um pontapé nela, mas ambas erramos o alvo. Sinto ter errado. Eu faria de novo.”

Bem, de que se tratava? Será que se tratava de uma partida de luta feminina corpo a corpo? Não, era uma briga de duas mães canadenses numa partida de futebol de seus filhos de 10 anos.

Isto talvez ilustre um dos problemas que algumas crianças têm nos esportes — seus pais. Segundo escreveu certa mãe sobre a participação de seu filho na Liga Infanto-juvenil de beisebol: “Nós presenteamos isso a nossos meninos como um regalo, um privilégio . . . E nós é que ficamos empolgados com isso. Impusemos nossos próprios sentimentos competitivos nesses pobres garotos, daí ficamos sabendo que jogavam beisebol não para seu próprio prazer, mas para nos contentarem.”

Na Austrália, “crianças de apenas cinco a seis anos estão sendo forçadas a uma atmosfera esportiva de grande tensão e competição, não obstante a posição oficial em muitas organizações — o rúgbi, o futebol e o críquete, que não devem começar antes dos 10 ou 12 anos”. O dr. W. W. Ewens, em Nova Gales do Sul, disse que a evidência era “razoavelmente conclusiva de que psicológica, fisiológica e socialmente as criancinhas não estavam preparadas para a prática de um esporte grande”.

Então, por que é que pais e treinadores fazem tanta pressão nas crianças? “Os pais ultrapassam os limites quando se excedem em identificar-se com seus filhos, ou tentam ocupar o lugar deles”, disse o dr. Leonard Reich, psicólogo de crianças em Nova Iorque. “Para alguns pais significa uma mudança, um retorno aos dias de sua juventude.” O único problema é que tendem a usar critério adulto nos jogos de seus filhos. O resultado é que, em vez de divertir-se, divertir-se, divertir-se, a meta é vencer! vencer! vencer!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Treinamento Físico — É Útil?

Será que a Bíblia oferece alguma orientação prática no campo dos esportes?

Notemos em primeiro lugar o valioso conselho fundamental da Bíblia: “Seja a vossa razoabilidade conhecida de todos os homens.” (Filipenses 4:5) Isto indica de imediato um conceito equilibrado sobre todos os assuntos. Por exemplo, o apóstolo Paulo, no mundo grego orientado pelo atletismo dos seus dias, escreveu a um jovem cristão: “Procure se manter sempre em exercício espiritual. . . . O exercício físico tem algum valor, mas o exercício espiritual tem valor para tudo.” (1 Timóteo 4:7, 8, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Outra tradução verte: “O treinamento físico traz benefício limitado.” — The New English Bible.

Se, pois, o benefício é limitado, é prudente dedicar-se aos esportes por tempo integral? Baseiam-se nos esportes os verdadeiros valores da vida? E que dizer se o esporte viola os princípios cristãos básicos, como ‘amar o próximo como a si mesmo’ ou ‘fazer aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem’? Que dizer se atividade extracurricular nos esportes significa associação desnecessária com pessoas que não aplicam princípios cristãos? Irá isso minar a espiritualidade? Não é verdade que Primeira Coríntios 15:33 responde Sim? — “Não sejais desencaminhados. Más associações estragam hábitos úteis.”

Embora os esportes como recreação proporcionem “benefício limitado”, a pessoa precisa estar apercebida de possíveis perigos quando são levados muito a sério. A Bíblia fornece orientação nesse respeito: “Não fiquemos egotistas, atiçando competição entre uns e outros, invejando-nos uns aos outros.” (Gálatas 5:26) Nosso artigo precedente mostrou como a incrementada competição pode conduzir à violência. Um espírito excessivamente competitivo tira muito do prazer do jogo, visto que a meta final, vencer, se torna a única coisa importante.

Outras traduções desse texto dizem: “Não procuremos a glória vã.” (Lincoln Ramos) “Então não precisaremos mais andar em busca de honras e de popularidade.” (O Novo Testamento Vivo) Os jovens são atraídos pela ilusão do sucesso nos esportes. Sonham em tornar-se o astro, o vencedor, ganhar destaque. Para a grande maioria, é um sonho impossível. Para os poucos “favorecidos”, o preço é elevado, amiúde terrivelmente elevado. Darryl Stingley, ex-jogador de futebol americano dos E.U.A., sabe isso bem demais. Em resultado de ter sido agarrado mortalmente em agosto de 1978, desde então está paralisado do pescoço para baixo.

Heitor Amorim, ex-astro do futebol brasileiro, põe em foco a questão, dizendo: “Não se deve jamais esquecer que é um número insignificante os poucos que se tornam astros e obtêm todas as honras que acompanham o sucesso. Para cada um que ascende à glória há milhares que sofrem frustração. Abandonaram os estudos, fracassaram no esporte e daí lhes restou — o quê? O desprezo. Ninguém quer saber hoje de um perdedor.”

Portanto, em essência, qual é o melhor conselho a seguir quanto aos esportes? Deixemos que o ex-jogador australiano de futebol americano, Peter Hanning (um profissional de 1964-75 do Swan Districts), responda a essa pergunta: “Meu conselho aos jovens é: Desfrutem seu exercício físico. Os esportes são uma recreação que os conservarão sadios e felizes como passatempo. Mas o esporte profissional é outra história. Exige compromisso que exclui tudo, exige uma dedicação completa. E o preço que se paga é elevado — todas as relações, quer com as pessoas, quer com Deus, têm de sofrer. A pessoa se torna parte de um mundo autônomo de bajulação, imoralidade, inveja, orgulho e avareza. E corre o constante risco de ser vítima de ferimento incapacitante. Ou, talvez pior ainda para alguém que tem consciência, o de ferir gravemente outra pessoa. A lista de ferimentos que eu sofri inclui um braço quebrado, fratura no nariz (quatro vezes) e no osso da maçã do rosto, remoção da cartilagem do joelho, ferimento nas costas e concussão duas vezes. E, em comparação com alguns, eu me saí bastante bem!”

Portanto, embora seja verdade que “a glória dos jovens é a sua força” (Provérbios 20:29, Versão da Imprensa Bíblica Brasileira), deve-se também lembrar que as relações na vida não se baseiam na força, mas na sabedoria. Portanto, recreie-se com seus esportes de modo contrabalançado. Deixe que sirvam de diversão, mas nunca lhe sejam uma obsessão. Deixe que o revigorem, mas nunca o dominem.

Envolvimento Contrabalançado

É claro que os pais devem ter interesse na recreação de seus filhos, mas seu envolvimento deve ser contrabalançado e construtivo. Conforme explicou Bobby Orr, astro do hóquei sobre o gelo: “Meu pai nunca me pressionou a jogar. Eu jogava hóquei porque eu gostava de jogar.” Vincent Chiapetta, treinador de atletismo em Nova Iorque, disse a respeito de sua atitude para com seu filho: “Embora eu estivesse no atletismo, não tentei forçar meu garoto a correr. . . . Eu assistia a seus jogos porque ele era meu filho e eu tinha responsabilidade. Mas, quando vi que o treinador fazia pressão nos garotos, eu lhe disse que ia retirar meu filho. Fiz questão de dizer-lhe que vencer não era a única coisa para mim. Afinal, um jogo é apenas um jogo.”

E que acham as crianças quando mamãe e papai se juntam a elas em algum jogo informal ao ar livre? Rick Rittenbach, que era um dos seis filhos da família, relembra: “Como éramos seis crianças, muitas vezes jogávamos uma partida de beisebol com bola macia, ou de voleibol. E sei que todos nós nos divertíamos quando mamãe e papai se juntavam a nós. E está claro que eles também se divertiam. Tenho a certeza de que foi um dos muitos fatores que ajudaram a manter nossa família unida.”

A participação nos esportes pode ser um tônico para toda pessoa, independente da idade. Mas as crianças, especialmente, consideram a recreação como ponto alto, e, quando é conjugada com uma boa relação com os pais, os benefícios se multiplicam. Tem-se assim uma família feliz, sadia e unida. Mas qual é a chave para tal situação? O equilíbrio. A recreação ou os esportes devem ser um passatempo, não uma competição mortal ou um campo de batalha divisório.

Esportes — Por Que Cresce a Violência?

“ESTA mulher veio correndo, gritando obscenidades. Eu me dei por vencida. Ela me deu pontapés e me arranhou.” A resposta da outra: “Eu fui lá e esta mulher me deu um soco, e eu dei um pontapé nela, mas ambas erramos o alvo. Sinto ter errado. Eu faria de novo.”

Bem, de que se tratava? Será que se tratava de uma partida de luta feminina corpo a corpo? Não, era uma briga de duas mães canadenses numa partida de futebol de seus filhos de 10 anos.

Isto talvez ilustre um dos problemas que algumas crianças têm nos esportes — seus pais. Segundo escreveu certa mãe sobre a participação de seu filho na Liga Infanto-juvenil de beisebol: “Nós presenteamos isso a nossos meninos como um regalo, um privilégio . . . E nós é que ficamos empolgados com isso. Impusemos nossos próprios sentimentos competitivos nesses pobres garotos, daí ficamos sabendo que jogavam beisebol não para seu próprio prazer, mas para nos contentarem.”

Na Austrália, “crianças de apenas cinco a seis anos estão sendo forçadas a uma atmosfera esportiva de grande tensão e competição, não obstante a posição oficial em muitas organizações — o rúgbi, o futebol e o críquete, que não devem começar antes dos 10 ou 12 anos”. O dr. W. W. Ewens, em Nova Gales do Sul, disse que a evidência era “razoavelmente conclusiva de que psicológica, fisiológica e socialmente as criancinhas não estavam preparadas para a prática de um esporte grande”.

Então, por que é que pais e treinadores fazem tanta pressão nas crianças? “Os pais ultrapassam os limites quando se excedem em identificar-se com seus filhos, ou tentam ocupar o lugar deles”, disse o dr. Leonard Reich, psicólogo de crianças em Nova Iorque. “Para alguns pais significa uma mudança, um retorno aos dias de sua juventude.” O único problema é que tendem a usar critério adulto nos jogos de seus filhos. O resultado é que, em vez de divertir-se, divertir-se, divertir-se, a meta é vencer! vencer! vencer!

sábado, 31 de julho de 2010

O Sonho e a Realidade

O sonho de Coubertin era uma festa esportiva internacional que rompesse as barreiras de classe, de raça e de religião. Apresentava, esperançosamente, um potencial pacífico, levando a aprimorar o entendimento e a harmonia entre as nações. Por certo, tais motivos eram nobres.

Mas, também o eram os motivos por trás dos Jogos Olímpicos originais da Grécia antiga. Com o tempo, contudo, tais Jogos antigos apresentaram grande abismo entre a motivação e a realidade. Os peritos indicam que os competidores de vários eventos, lá naquele tempo, vieram a ser conhecidos por sua brutalidade, ao invés de por sua elegância e esportividade. Isto se deu, em especial, no boxe, na luta-livre e na prova aberta a todos, conhecida como pancrácio, onde se misturavam o boxe e a luta-livre.

Nos tempos modernos, os motivos nobres também, em grande parte, cederam seu lugar às duras realidades. Como assim?

Histórico dos Jogos

É interessante recapitular sucintamente a história das Olimpíadas para vermos como se desenvolveram até sua forma atual. O que com o tempo aconteceu com os antigos Jogos poderá encontrar paralelismo no evento moderno.

Os primeiros Jogos Olímpicos de que se tem registro foram realizados no ano 776 A. E. C., nas planícies de Olímpia, na Grécia ocidental. Essa era quase a mesma época em que o antigo profeta hebreu, Isaías, começou a profetizar à nação de Judá. Mas, ao passo que Isaías falava sobre o Deus vivo, os antigos gregos dedicaram suas Olimpíadas ao falso deus Zeus. Visto que os jogos honravam a Zeus, havia sacrifícios feitos a ele e a outros deuses míticos. Havia também a adoração da Tocha Olímpica.

Naquele tempo, os Jogos consistiam de apenas um único evento, uma corrida a pé. Por haver muitos contendores, das várias cidades-estados da Grécia, os corredores participavam de diferentes “eliminatórias” ou corridas. Os vencedores de tais eliminatórias competiam então uns com os outros. O primeiro homem, a cruzar a linha na corrida final era proclamado o vencedor. Este método ainda é usado hoje em dia.

Por volta de 708 A. E. C., os Jogos introduziram outras provas, tais como a de saltos, arremessos e lutas. Mais tarde, o boxe e as corridas de carros foram adicionados. Uma das novas provas mais altamente apreciadas era o pentatlo, em que cada participante competia em cinco diferentes eventos: corrida, saltos, lutas, e arremesso de disco e de dardos. Uma forma alterada do pentatlo ainda existe nas Olimpíadas modernas — dez eventos para os homens e cinco para as mulheres.

Os vencedores dos tempos antigos recebiam uma coroa de folhas de oliveira brava e obtinham grande aclamação. Arautos anunciavam seus nomes por todo o país. Dedicavam-se estátuas a eles, e os poetas escreviam poemas a seu respeito.

Todos os competidores dos antigos Jogos tinham de fazer um juramento, declarando que tinham gasto pelo menos dez meses nos preparativos. Também juravam ater-se às regras e não recorrer a nenhuma prática desleal.

Com o passar do tempo, os atletas de outros países participaram das provas. Gradualmente, porém, a finalidade original da glorificação dum indivíduo passou para a glorificação da sua nação. Também se tornaram mais evidentes o egoísmo e a brutalidade. Por volta de 394 E. C., os Jogos se tornaram tão corrutos que foram abolidos pelo Imperador Teodósio, chefe do Império Romano Oriental.

Após quinze séculos, em 1896, foram reavivados. Naquele ano, o Barão Pierre de Coubertin, de França, ajudou a organizar os primeiros Jogos Olímpicos modernos em Atenas, Grécia. Tomaram parte deles oito nações. (Os Jogos Olímpicos de Inverno não começaram senão em 1924.) Desde seu reavivamento moderno, os Jogos têm sido realizados a cada quatro anos, exceto durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais.

Para onde vão as Olimpíadas

Do correspondente de “Despertai!” no Canadá

OS PRÓXIMOS Jogos Olímpicos estão programados para Moscou, no verão setentrional de 1980. No entanto, num sentido diferente, muitos ficam pensando para onde vão os Jogos. As pessoas perguntam se este evento esportivo poderá sobreviver em sua forma atual.

Por que isto acontece? Por várias razões. Uma delas tem que ver com o âmbito ampliado dos Jogos. Com o decorrer dos anos, muitos novos eventos foram acrescentados. Mais países e atletas do que nunca estão envolvidos. Por causa disso, exigem-se cada vez maiores instalações para a realização de todos os eventos e para o alojamento de milhares de participantes, de repórteres e de assistentes. Torna-se impraticável que qualquer nação, exceto as mais ricas, patrocine os Jogos em sua forma atual.

Outra razão tem que ver com a política. As diferenças que os países têm com outros são refletidos nos Jogos Olímpicos. Quando os antagonismos são bastante profundos, algumas nações até mesmo boicotam o evento.

As animosidade causa das pelo extremo nacionalismo sempre existem. Cada país tenta ganhar tantas medalhas quantas for possível, quase a qualquer custo para o atleta. Vários países dispõem de amplos programas esportivos, que começam na infância, destinados a produzir ‘super atletas’, primariamente para obter prestígio nacional. Algumas rivalidades beiram quase a uma guerra, em especial entre várias nações comunistas e ocidentais.

Daí, há as rivalidades pessoais. Os atletas ficam submetidos a intensa pressão pessoal e nacional para vencer, e, não raro, sentem profundo antagonismo para com os outros atletas. Alguns tapeiam ou tomam drogas para obter vantagens.

Todos esses problemas, e outros, vieram à tona nos últimos Jogos realizados em Montreal, Canadá, no verão setentrional de 1976. Assim, o que é saudado como um evento para promover a compreensão e a boa vontade internacionais, não rara produz resultados diferentes.

sábado, 24 de julho de 2010

O prêmio

“Os corredores numa corrida correm todos”, disse o apóstolo Paulo, “mas apenas um recebe o prêmio”. (1 Coríntios 9:24) O que importava era vencer. Não havia medalhas de prata ou bronze, nem segundo ou terceiro lugares. “Vitória, ‘Nike’, era o objetivo derradeiro do atleta”, explicava a exposição. “Só a vitória importava, visto que ela era o verdadeiro e único reflexo de seu caráter, tanto físico como moral, e o orgulho da sua cidade natal.” Essa atitude é resumida por um ditado de Homero: “Aprendi a ser sempre superior.”

O prêmio concedido ao vencedor nos Jogos Pan-helênicos era apenas simbólico — uma coroa de folhas. Paulo chamou-a de “coroa corruptível”. (1 Coríntios 9:25) No entanto, o prêmio tinha muito significado. Representava a própria força da natureza que concedeu seus poderes ao vencedor. A vitória, que os competidores buscavam com total dedicação, significava nada menos do que a concessão do favor divino. Partes da exposição mostravam como os escultores e pintores da antiguidade imaginavam Nike, a alada deusa grega da vitória, quando ela estendia a coroa ao vencedor. Vencer na Olimpíada era o auge da carreira de qualquer atleta.

As coroas olímpicas eram compostas de folhas de oliveiras silvestres — de pinheiro ístmico, de loureiro pítio, ou de aipo silvestre de Neméia. Os organizadores de jogos em outras partes do país ofereciam dinheiro ou outros prêmios para atrair os competidores mais qualificados. Diversos vasos, em exibição pública, haviam sido dados como prêmios nos Jogos Pan-atenienses, realizados em Atenas em honra à deusa Atenas. Essas ânforas, ou grandes vasos de cerâmica com duas asas simétricas, continham originalmente precioso óleo ático. No lado de um dos vasos há a representação da deusa e a inscrição “prêmio pelas competições de Atenas”. No outro lado tem a representação de um evento, provavelmente aquele em que o atleta obteve a vitória.

Cidades gregas gostavam de compartilhar a fama dos seus atletas, cujas vitórias os transformavam em figuras heróicas na sua cidade natal. A chegada dos vencedores era celebrada com procissões triunfantes. Erigiam-se estátuas deles com ofertas de agradecimentos aos deuses — uma honra que de outro modo não se dava a mortais —, e poetas cantavam em sua honra. Depois, dava-se aos vencedores os primeiros lugares em cerimônias públicas e eles recebiam pensões custeadas pela cidade.

As modalidades de esporte

Comparado com o atletismo moderno, o número de modalidades era bastante reduzido, e apenas homens participavam. O programa das antigas Olimpíadas não tinha mais de dez modalidades. As estátuas, os relevos, os mosaicos e as pinturas em vasos de terracota, expostos no Coliseu, retratavam os atletas em ação.

Havia corridas a pé de três distâncias: o estádio, equivalente a uns 200 metros; a corrida dupla, comparável aos atuais 400 metros; e a corrida de longa distância, de uns 4.500 metros. Os atletas corriam ou faziam exercícios totalmente nus. Os competidores no pentatlo participavam num conjunto de cinco provas: corrida, salto em distância, arremesso de disco, arremesso de dardo e luta. Outras competições incluíam pugilismo e pancrácio, este último descrito como “esporte brutal que combinava socos com luta livre”. Depois havia a corrida de carros puxados por cavalos por uma distância de oito estádios. Os carros eram leves, abertos, com rodas pequenas, e puxados por dois ou quatro potros ou cavalos adultos.

O pugilismo era extremamente violento e às vezes fatal. Os competidores usavam em torno dos punhos tiras de couro duro, reforçadas com pedaços de metal. Não é difícil imaginar por que certo competidor, chamado Stratofonte, não conseguiu reconhecer a si próprio quando olhou num espelho depois de quatro horas de luta. Antigas estátuas e mosaicos comprovam que os pugilistas ficavam horrivelmente desfigurados.

Na luta romana, segundo as regras, o lutador só podia agarrar a parte superior do corpo do adversário; e o vencedor era quem fosse o primeiro a conseguir imobilizar o outro no chão três vezes. Em contraste, no pancrácio não havia nenhuma restrição de onde segurar o oponente. Os competidores podiam dar pontapés, socos e torcer articulações do corpo do adversário. Os únicos golpes não permitidos eram arrancar o olho com o dedo, arranhar o adversário ou mordê-lo. O objetivo era imobilizar o oponente no chão e obrigá-lo a desistir. Alguns achavam esse “o melhor espetáculo de toda a Olimpíada”.

Diz-se que o mais famoso encontro pancrácio da antiguidade ocorreu no final da Olimpíada de 564 AEC. Arraquião, que estava sendo estrangulado, ainda conseguiu deslocar um dos dedos do pé do seu rival. O oponente, vencido pela dor, rendeu-se no mesmo instante que Arraquião morreu. Os juízes declararam o cadáver de Arraquião vencedor da luta.

A corrida de carros puxados por cavalos era a mais prestigiada das modalidades e também a mais popular entre os aristocratas, visto que o vencedor não era aquele que guiava os cavalos, mas o dono do carro e dos cavalos. Os momentos mais críticos na competição aconteciam no começo da corrida, quando os condutores tinham de manter-se na sua própria faixa e, mais difícil ainda, quando tinham de fazer a curva com o carro em torno dos postes nas duas extremidades da pista. Erros ou faltas podiam causar acidentes que tornavam esse evento popular ainda mais espetacular.

Esportes da antiguidade e a importância de vencer

“CADA homem que toma parte numa competição exerce autodomínio em todas as coisas.” “Quando alguém compete . . . nos jogos, não é coroado a menos que tenha competido segundo as regras.” — 1 Coríntios 9:25; 2 Timóteo 2:5.

Os jogos a que Paulo se referiu eram um aspecto integrante da antiga civilização grega. O que nos diz a História sobre tais competições e o ambiente em que eram realizadas?

Recentemente, realizou-se no Coliseu de Roma uma exposição sobre os jogos gregos, Nike—Il gioco e la vittoria (Nike — O jogo e a vitória). A exibição forneceu algumas respostas à pergunta acima e deu o que pensar a respeito do conceito cristão sobre os esportes.

sábado, 10 de julho de 2010

Atitude Para com o Jogo

Não foi por não apreciar o futebol profissional. Eu o apreciava. Deliciava-me em jogar contra os melhores jogadores desta nação, confrontando minha perícia com a deles.

Na verdade, trata-se dum jogo duro, e cada ano dezenas de profissionais ficam gravemente feridos. Com efeito, todo ano, um de cada oito jogadores, segundo se afirma, precisa ser operada no joelho. O temor de ficar contundido, porém, não teve nada que ver com minha desistência. Francamente, eu gostava do confronto físico.

Financeiramente, ganhava mais dinheiro, em um só ano, no futebol profissional, do que poderia ganhar em vários anos na minha presente profissão de carpinteiro. E tinha a perspectiva de ganhar muito mais nos anos vindouros.

Algo melhor do que o futebol americano de primeira categoria

Dois jogadores profissionais de futebol americano nos contam o que verificaram ser muito melhor.

HOUVE época em que os esportes eram mais importantes para mim do que comer ou dormir. Eram toda a minha vida. Tendo-me desenvolvido fisicamente a ponto de ter 1,90 metros de altura e pesar mais de 90 quilos, tornei-me bem conhecido no atletismo colegial.

Na faculdade, concentrei-me no futebol americano, jogando como ponta de lança na Universidade da Califórnia em Berkeley. Fui escolhido durante três anos como o melhor jogador da “All Pacific Coast” e, quando veterano, entrei para o time do “Pro-Grid All America”, seleção composta pelos profissionais do futebol.

Daí, em 1973, fui convocado para os “Oakland Raiders”, uma das melhores equipes do futebol profissional. Tive uma primeira temporada bem sucedida. Mas, em 1974, quando larguei o futebol, isso constituiu notícia de primeira página na seção esportiva local. O Chronicle de São Francisco noticiou:

“Um ‘grupo de persuasão’, formado por dois representantes do ‘Raider’ até agora não conseguiu mudar a idéia [dele] . . . Que ele é agora reconhecido como grande jogador é atestado pela urgência dos enviados do ‘Raider’ em tentar convencê-lo a voltar.” — 21 de junho de 1974.

Muitos perguntam: “Por que desistiu? Por que abandonou tão brilhante futuro no futebol?”

Arruaças no futebol — mal ou sintoma?

Do correspondente de Despertai! nas Ilhas Britânicas

“DEVEMOS ter uma excitante final da Taça da Europa, digna do nome”, veiculou o jornal Times, de Londres, de 29 de maio de 1985. Mas, acrescentou: “Bruxelas se prepara para a chegada dos torcedores do Liverpool. . . . Montou-se enorme aparato policial.”

Mesmo assim, 38 pessoas morreram e mais de 150 ficaram feridas, quando alguns arruaceiros agiram à solta no Estádio Heysel, em Bruxelas no jogo entre a Inglaterra e a Itália. Noticiou o jornal Daily Mail, de Londres:

“A tragédia, uma hora antes de o jogo começar, foi causada quando os torcedores do Liverpool, possivelmente provocados, avançaram contra a área da multidão de torcedores do Juventus. Havia apenas um frágil alambrado separando as duas torcidas naquele ponto, e os torcedores do Liverpool passaram por cima dele e o derrubaram. O muro e as cercas improvisadas ruíram sob o peso dos italianos que fugiam em pânico . . .

“Depois de o muro ruir, os homens com a parte de baixo de seu corpo presa, e esmagados no meio dos destroços, gritavam de agonia, com os braços estendidos suplicando ajuda.

“Mas em sua volta e na parte de cima da arquibancada, os torcedores ainda brigavam, chutando e esmurrando uns aos outros, e atirando petardos . . . O tumulto foi visto pela televisão em 80 países que faziam a cobertura ao vivo do jogo . . . Mais de 1 hora e meia depois da tragédia, enquanto os capitães de ambos os times apelavam para que todos tivessem calma, os torcedores de ambos os lados ainda zombavam da polícia anti-motins da Bélgica, e atiravam neles garrafas, latas, pedras, rochas, e rojões acesos.”

Estas arruaças, contudo, não são algo novo. Torcedores que criam tumultos têm espalhado o pânico, corridas desenfreadas e mortes durante e depois de muitos jogos de futebol. Ora, no mesmo mês do desastre de Bruxelas, 8 pessoas morreram e 51 ficaram feridas num tumulto entre torcedores no Estádio Olímpico da Cidade do México! Mas, citando-se apenas alguns outros incidentes:

Em outubro de 1982, 20 pessoas morreram após uma partida de futebol no Estádio de Lênine, em Moscou. Em fevereiro de 1981, outras 19 morreram em Pireu, na Grécia. Em agosto de 1980, 16 morreram em Calcutá, na Índia. Em fevereiro de 1974, lá no Cairo, Egito, 48 pessoas foram pisoteadas até morrer. Em junho de 1968, brigas entre torcedores em Buenos Aires, na Argentina, resultaram em 72 mortes. E, em maio de 1964, pelo menos 318 pessoas morreram e 500 ficaram feridas em Lima, Peru, ao irromper uma briga quando o árbitro anulou um gol peruano.

As arruaças no futebol, contudo, predominam em especial entre os torcedores ingleses. O Times, de Londres, imprimiu uma lista triste que enumerava os feitos dos arruaceiros nas partidas de futebol inglesas nos últimos 23 anos. Os torcedores dos clubes ingleses provocaram devastações em diversas cidades européias, tais como Roterdã, Paris, Saint-Étienne, Turim, Madri, Basiléia, Oslo, Amsterdã, Bruxelas, Valência, Copenhague, Luxemburgo e Lisboa. Não é de admirar que os europeus chamem as arruaças futebolísticas de “mal inglês”.

Narrando a tragédia de Bruxelas, o repórter David Miller, do Times de Londres, refletiu os sentimentos de muitos, ao escrever: “Do lado de fora, um monte de ambulâncias e de unidades médicas de emergência cuidavam dos mortos e dos feridos numa cena que nos faria lembrar um campo de batalha, e enquanto a briga continua horrendamente pelas ruas, é preciso exigir-se seu fim.”

As arruaças no futebol são deveras uma praga para a sociedade. Mas, poderia a violência ligada a tais arruaças ser simples sintoma? Se for, de que moléstia?

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Extrema Competitividade

Um problema relacionado, que acontece nos esportes atualmente, é a extrema competitividade. Não é exagero algum dizer que os competidores podem transformar-se, efetivamente, em monstros. Larry Holmes disse, quando disputava o campeonato dos pesos-pesados, que tinha de mudar ao entrar no ringue. “Tenho de deixar toda bondade fora dele”, explicou, “e trazer tudo que há de mal, como uma espécie de o Médico e o Monstro”. Os atletas adquirem uma compulsão obsessiva, no esforço de impedir que outros com igual talento os derrotem.
“É preciso ter dentro de si um fogo”, disse certa vez um ex-treinador de futebol americano, “e não existe nada que atice mais esse fogo do que o ódio”. Até mesmo o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, disse certa vez, segundo alegado, a uma equipe universitária de futebol americano: “Você pode sentir um ódio limpo por seu adversário. É um ódio limpo, visto ser apenas simbólico, dentro da camiseta da equipe.” Mas, será realmente bom nutrir tal ódio pelo adversário?
Bob Cousy, ex-jogador e grande astro do basquete, da equipe dos “Boston Celtics”, expressou-se certa vez sobre sua tarefa de marcar Dick Barnett, um jogador que fazia muitos pontos para os “Los Angeles Lakers”. “Eu ficava sentado em meu quarto de manhã até à noite”, disse Cousy. “Eu só ficava pensando em Barnett, em parte repassando o modo de competir com ele e em parte cultivando ódio contra ele. Na hora em que entrava na quadra, eu estava tão inflamado que, se Barnett me dissesse ‘Olá’, eu provavelmente daria um pontapé nos dentes dele.”
O fato é que os jogadores com freqüência tentam deliberadamente contundir seus adversários para que abandonem a partida, e são recompensados por isso. Ira Berkow, cronista esportivo, disse que um jogador de futebol americano que consegue contundir um adversário, obrigando-o a abandonar a partida, é “abraçado e cumprimentado [pelos colegas de equipe] por uma tarefa bem executada. Se conseguiu aplicar bastantes desses golpes prejudiciais . . . ele é recompensado, no fim da temporada, com um aumento de salário, ou, no caso de jogadores que não são grandes craques, com uma extensão do contrato. Assim, os jogadores orgulhosamente consideram uma honra ser chamados por apelidos, tais como o Cruel Joe Greene, Jack (Assassino) Tatum”, e assim por diante. — The New York Times, 12 de dezembro de 1989.
Fred Heron, um tackle [jogador que procura agarrar o adversário] da equipe de “St. Louis” de futebol americano, relatou: “Os treinadores nos disseram que o zagueiro ou armador [do “Cleveland Browns”] tinha o pescoço machucado. Sugeriram que, se eu tivesse oportunidade, deveria tentar tirá-lo do jogo. Assim, durante a partida, eu atravessei a linha de jogadores, passei correndo o centro e o marcador, e lá estava ele. Tentei machucar-lhe gravemente o pescoço por agarrá-lo com o braço, e ele perdeu o controle da bola e a deixou cair. Meus colegas de equipe me elogiavam. Mas eu vi o zagueiro deitado no chão e se contorcendo obviamente de dor. Subitamente, pensei comigo mesmo: ‘Será que me transformei numa espécie de animal? Esta é uma simples partida, mas eu estou tentando aleijar alguém.’” Todavia, Heron observou: “A torcida me aplaudia entusiasticamente.”
Muitos lamentam as contusões resultantes da extrema competitividade como um dos principais problemas dos esportes atualmente. Infelizmente, milhões destas contusões envolvem menores de idade que bem cedo em sua vida são expostos a jogos altamente competitivos. Segundo a Comissão de Segurança de Produtos do Consumidor, dos EUA, a cada ano quatro milhões de menores são tratados em salas de emergência, devido a contusões esportivas, e calculadamente oito milhões de outros são tratados por médicos da família.
Muitas crianças e adolescentes sofrem atualmente de lesões pelo empenho excessivo, que eram raramente vistas há alguns anos. Quando as crianças jogavam apenas para divertir-se, elas voltavam para casa ao se machucarem e não jogavam de novo até que a ferida tinha cicatrizado ou a dor passado. Mas, nos esportes altamente competitivos e organizados, as crianças e os adolescentes continuam jogando, lesionando ainda mais as partes do corpo já feridas ou doloridas. Segundo Robin Roberts, um astro e ex-arremessador de beisebol, os adultos são a principal causa do problema. “Estão exercendo pressão demais — psicológica e física — sobre os meninos, muito antes de eles estarem preparados para isso.”

Problemas atuais com os esportes

AS PESSOAS costumavam argumentar que os esportes tinham seu valor porque aprimoravam o caráter. Afirmavam que os jogos promoviam o apreço pelo trabalho árduo, pelo espírito esportivo e pela alegria de participar. Mas para muitos, hoje em dia, tais argumentos soam “furados”, e até hipócritas.
A ênfase em ganhar constitui especialmente um problema. A revista Seventeen chama isto de “um lado obscuro dos esportes”. Por quê? Porque, para citar a revista, “vencer sobrepuja as preocupações com a honestidade, com os deveres escolares, com a saúde, com a felicidade, e com a maioria dos demais aspectos importantes da vida. Vencer passa a ser tudo”.
A experiência de Kathy Ormsby, estrela universitária das pistas de corrida dos EUA, foi usada para ilustrar as tristes conseqüências da ênfase excessiva nas consecuções atléticas. Em 4 de junho de 1986, algumas semanas depois de estabelecer um recorde nacional universitário, para mulheres, nos 10.000 metros rasos, Kathy desviou-se da pista, enquanto competia nos campeonatos da NCAA (sigla, em inglês, da Associação Nacional de Atletismo Universitário), correu para uma ponte próxima e jogou-se dali numa tentativa de suicídio. Ela sobreviveu, mas ficou paralítica da cintura para baixo.
Scott Pengelly, psicólogo que trata de atletas, comentou que Kathy não é a única. Depois da tentativa de suicídio de Kathy, Pengelly relatou: “Recebi telefonemas que diziam: ‘Acho que me sinto assim também.’” E outra atleta, Mary Wazeter, da Universidade de Georgetown, que tinha estabelecido um recorde nacional em sua faixa etária para a meia-maratona, também tentou suicidar-se por saltar de uma ponte, e ficou paralítica pelo resto da vida.
A pressão de vencer, de satisfazer as expectativas, pode ser tremenda, e as conseqüências do fracasso podem ser devastadoras. Donnie Moore, astro arremessador do time de beisebol “California Angels”, esteve a um passo de colocar seu time na disputa da “1986 World Series”. Mas o rebatedor da equipe de Boston conseguiu um home run (alcançou a base inicial), e essa seleção veio a ganhar o jogo e o campeonato da Liga Americana. Donnie, que de acordo com seus amigos ficara obsedado com seu fracasso, matou-se com um tiro.

O lugar ocupado pelos esportes

O GRANDIOSO Criador é descrito na Bíblia como “o Deus feliz”, e ele deseja que suas criaturas sejam felizes. (1 Timóteo 1:11) De modo que não deve ser surpreendente que ele tenha criado os humanos com a capacidade de sentir prazer em jogos. Assim, The New Encyclopædia Britannica (A Nova Enciclopédia Britânica) informa: “A história dos esportes e dos jogos faz parte da história do homem.”
Diz-se que o aparecimento da bola foi, de per si, o fator mais significativo na história dos jogos esportivos. “A observação de que os animais gostam de fazer piruetas com coisas que lhes servem de brinquedos”, diz a supracitada enciclopédia, “sugere que talvez nunca tenha havido uma época . . . em que não se corria atrás de, nem se lançava, um substituto da bola”.
É interessante que há muito também se usava algum instrumento para bater na bola. “Certamente os persas, os gregos e os índios americanos participavam de jogos em que se usavam bastões”, observa a Britannica. “Pelo visto o pólo, palavra de origem tibetana, já era bem conhecido, de alguma forma, pelos persas no tempo de Dario I (que reinou em 522-486 AC). O golfe, embora a Escócia afirme tê-lo inventado em sua forma moderna, tinha respeitáveis antecedentes nos tempos de Roma, e em muitos países europeus.”

O que os pais podem fazer

Os pais devem lembrar-se de que as crianças gostam de participar de atividades esportivas porque querem se divertir e liberar suas energias. Assim sendo, transformar os esportes juvenis em algo estressante e sujeitar as crianças a abusos verbais é desamoroso e contraproducente. A Bíblia diz: “Pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós.” — Efésios 6:4, A Bíblia de Jerusalém.
O que pode ajudar os pais a serem equilibrados nesse assunto? Em primeiro lugar, eles devem lembrar-se do tempo em que eram crianças. Será que conseguiam alcançar um desempenho quase profissional? É razoável esperar isso dos filhos? Afinal, “os filhos são delicados”. (Gênesis 33:13) É importante também ter um conceito saudável sobre ganhar e perder. A Bíblia diz que a rivalidade que foge ao controle é “vaidade e um esforço para alcançar o vento”. — Eclesiastes 4:4.
Certo ex-jogador de uma das principais ligas de beisebol incentiva os pais a serem equilibrados: eles não devem ficar muito aborrecidos quando o desempenho da criança não é bom nem se empolgar demais quando ela ganha. Em vez de dar a entender que ganhar é a coisa mais importante, os pais devem enfatizar que o importante é se divertir e manter um bom condicionamento físico.
Alguns pais chegaram à conclusão de que esportes juvenis organizados tendem a incentivar um espírito de competição que não é nada saudável. Mas nem por isso proíbem seus filhos de participar em atividades esportivas com outras crianças. Muitos pais cristãos descobriram que seus filhos podem se divertir jogando bola com outros cristãos num quintal ou num parque. Isso lhes permite ter mais controle sobre as companhias dos filhos. Passeios em família também são uma boa oportunidade para jogar bola. É verdade que um bate-bola de fundo de quintal talvez não seja tão emocionante quanto fazer parte de um time vencedor. Mas nunca se esqueça de que, no máximo, “o treinamento corporal é proveitoso [apenas] para pouca coisa, mas a devoção piedosa é proveitosa para todas as coisas”. (1 Timóteo 4:8) Mantendo um conceito equilibrado sobre os esportes, você poderá proteger seus filhos de se tornarem vítimas da nova epidemia de violência.

Ganhar a qualquer custo

A causa básica do problema parece ser o desejo de alguns pais de ver os filhos ganhar a qualquer custo. Uma representante do Instituto para a Prevenção do Abuso Infantil no Canadá diz: “Num ambiente em que ganhar é tudo e a pessoa sempre tem de ser o melhor, quem sofre são os mais vulneráveis. E nesses esportes, os mais vulneráveis são justamente as crianças.” Certa autoridade da Associação de Educação Física e de Saúde de Ontário (Canadá) diz que crianças submetidas a essas pressões “podem desenvolver problemas psicológicos numa idade bem precoce. E quando ficam mais velhas, talvez não consigam aceitar que falhem”.
Como seria de esperar, a agressividade de pais e de treinadores fanáticos acaba contagiando os jovens atletas. Numa partida de vôlei juvenil feminino, os árbitros foram sete vezes agredidos por jogadoras. A garota que foi expulsa numa partida de tênis se vingou vandalizando o carro de uma autoridade. Ao ser repreendido por uma falta cometida, certo lutador do ensino médio deu uma cabeçada no árbitro, nocauteando-o. “Os esportes juvenis eram o último reduto onde ainda prevalecia o espírito esportivo”, diz Darrell Burnett, psicólogo clínico especializado em crianças e em esportes juvenis. “Mas isso mudou. Agora é vencer ou vencer.”

Esportes juvenis: a nova epidemia de violência

▪ Um grupo de estudantes do ensino médio joga uma partida de futebol americano. Quando um touchdown decide o jogo na prorrogação, começa a confusão: mais de cem pessoas — entre pais, treinadores e jogadores — ficam envolvidos na pancadaria, gritando e distribuindo socos.
▪ Um grupo de meninos e meninas pré-adolescentes joga futebol americano. Quando um menino de dez anos perde um passe, o treinador joga-o ao chão, quebrando-lhe os dois braços.
▪ O treinador de um time de beisebol da Little League tira um dos jogadores da partida. O pai do garoto ameaça matar o treinador e é sentenciado a 45 dias de prisão.
▪ Num treino juvenil de hóquei sobre o gelo, dois pais começam a discutir sobre as regras do jogo. Um deles mata o outro a pancadas na frente dos três filhos da vítima.
OCORRÊNCIAS aterradoras como as mencionadas acima se têm tornado alarmantemente comuns. Uma nova epidemia de violência parece estar-se alastrando nos campos de futebol, nas quadras de basquete, nos rinques de patinação e nos playgrounds. Trata-se da violência de pais e treinadores que preferem brigar a perder. Jeffrey Leslie, presidente da Associação Atlética Jupiter-Tequesta (da Flórida, EUA), diz: ‘Já vi pais gritando com os filhos para que eles vencessem a qualquer custo, crianças brigando durante o jogo instigadas pelos pais, e crianças chorando no mound (elevação do arremessador) por terem sido humilhadas pelos pais.’ E acrescenta: “Os esportes juvenis trazem à tona o que os pais têm de pior.” Para proteger as crianças desse tipo de violência, algumas comunidades tiveram até de proibir alguns pais de comparecer aos eventos esportivos em que seus filhos participam.
Quais têm sido os resultados da epidemia de violência? Fred Engh, fundador e presidente da Liga Nacional de Esportes Juvenis (com sede na Flórida), diz: “Esse comportamento vergonhoso de crescente número de adultos está tendo um efeito muito negativo sobre os esportes juvenis, estragando a diversão e passando para milhões de crianças o conceito de que a violência é aceitável.”

domingo, 20 de junho de 2010

Tem a violência Aumentado?

Stanley Cheren, professor adjunto de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston, E.U.A., escreveu recentemente: “À medida que a população se torna mais experiente na violência, aumenta a necessidade de violência mais extrema para satisfazer o desejo de estímulo violento. . . . As pessoas pagam fortunas para ver outras pessoas ser feridas. . . . Ela aumenta ao passo que as pessoas ficam cansadas de uma coisa. Na década de 1930, as pessoas ficaram chocadas de ver, na tela, James Cagney dar uma bofetada numa mulher. Hoje, isso não é nada; exigem-se atos de muito mais violência para emoção. . . . Portanto, não obstante o fato de os lutadores serem mortos no ringue, os torcedores queriam mais ação. . . . No nosso enfado, pressionamos as coisas a ponto de permitirmos que nossos atletas arrisquem a vida.”
Ilustremos isso com um esporte popular na América do Norte, o futebol americano (não confundir com o futebol propriamente dito). O futebol americano sempre foi reconhecido como sendo um esporte com contato físico, segundo o estilo do rúgbi britânico, mas até mais. Entretanto, nos tempos recentes, tornou-se norma praticá-lo com mais violência. O equipamento de proteção muitas vezes se torna arma de ofensiva. Por exemplo, os jogadores usam os capacetes de segurança, de plástico, duros como pedra, para converter suas cabeças em mísseis devastadores.
A violência do jogo é resumida pelos seguintes comentários do jogador profissional de futebol americano, Jack Tatum (Raiders de Oakland), na sua recente obra They Call Me Assassin (Chamam-me de Assassino).
“O futebol [americano] profissional é maldoso e brutal; não sobra muito tempo para sentimento.”
“Nunca intercepto alguém só para derrubar. Quero castigar o homem atrás do qual corro, e quero que ele saiba que vai doer toda vez que se puser no meu caminho.”
“Usei a palavra ‘matar’, e, quando golpeio alguém, procuro realmente matá-lo, mas não para sempre. Quero dizer que procuro matar o jogo ou a passagem, mas não o homem . . . a estrutura do futebol se baseia em castigar o adversário.”
“Gosto de acreditar que meus melhores golpes tocam as raias da tentativa de agressão criminosa, mas também tudo que faço é segundo o livro de regras.”
É significativo o comentário final de Tatum. Foi “segundo o livro de regras” que, com uma investida contra um homem para interceptá-lo, deixou este permanentemente paralítico. O que seria considerado tentativa de agressão criminosa em qualquer outro lugar é legítimo no campo de jogo. Não é de admirar que um escritor sobre esportes dissesse: “Com o uniforme vem a proteção das leis.”
Os comentários de Tatum não refletem a atitude de apenas um determinado jogador. Disse George Perles, assistente do técnico dos Steelers de Pittsburgh (futebol dos E.U.A.): “[O futebol] é uma vida muito, muito violenta, maldosa, agressiva, brutal, masculina.” O escritor William B. Furlong declarou num artigo para Times Magazine de Nova Iorque: “A vida no Pit, como é chamado o centro da linha [de escaramuça], sempre foi violenta, às vezes tão violenta como uma luta com faca num recinto escuro . . . [ela] amiúde inclui esmurrar, xingar, fazer saltar o olho, dar pontapés.”
Jerry Kramer, jogador da linha dianteira do time de futebol americano Green Bay Packers, escreveu no seu livro Instant Replay: “Comecei o dia decidido a ser duro e sério no jogo. É algo que não pode ser feito só no sábado e no domingo [antes do jogo]. Tem de ser feito começando na segunda ou terça [uma semana antes do jogo] . . . Desenvolve-se ira, daí ódio e o sentimento se torna cada vez mais forte até que no domingo as emoções estão tão tensas que a pessoa está para explodir. . . . Quando quero odiar alguém, procuro não olhar para o outro time antes do jogo . . . sinto que não o vendo posso odiá-lo um pouco mais.”
Esse mesmo espírito violento se manifesta cada vez mais no futebol. Heitor Amorim, ex-goleiro do Corinthians, de São Paulo, disse: “Abandonei o futebol em 1970, que naquela época estava em fase de transição. Estava mudando de jogo de habilidade para jogo de força. A arte e a habilidade começaram a dar lugar a violência. Acredito que, se Pelé [talvez o maior jogador de futebol de todos os tempos] jogasse hoje, não conseguiria vencer 50% nas maravilhosas jogadas que fez nos anos 60. A violência o impediria. E os torcedores a acompanhariam. Parecem gostar da violência.”
Mesmo nos esportes que outrora eram considerados a essência do jogo limpo e da conduta cavalheiresca, tais como tênis e críquete, a violência se introduziu — tanto a verbal como a física. O tênis era outrora o jogo de pessoas de boas maneiras que haviam aprendido a praticar a lealdade. Na última década, essa filosofia evaporou numa série de invectivas, acessos de ira e obscenidades da parte de alguns dos principais jogadores profissionais.