quarta-feira, 30 de junho de 2010

Extrema Competitividade

Um problema relacionado, que acontece nos esportes atualmente, é a extrema competitividade. Não é exagero algum dizer que os competidores podem transformar-se, efetivamente, em monstros. Larry Holmes disse, quando disputava o campeonato dos pesos-pesados, que tinha de mudar ao entrar no ringue. “Tenho de deixar toda bondade fora dele”, explicou, “e trazer tudo que há de mal, como uma espécie de o Médico e o Monstro”. Os atletas adquirem uma compulsão obsessiva, no esforço de impedir que outros com igual talento os derrotem.
“É preciso ter dentro de si um fogo”, disse certa vez um ex-treinador de futebol americano, “e não existe nada que atice mais esse fogo do que o ódio”. Até mesmo o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, disse certa vez, segundo alegado, a uma equipe universitária de futebol americano: “Você pode sentir um ódio limpo por seu adversário. É um ódio limpo, visto ser apenas simbólico, dentro da camiseta da equipe.” Mas, será realmente bom nutrir tal ódio pelo adversário?
Bob Cousy, ex-jogador e grande astro do basquete, da equipe dos “Boston Celtics”, expressou-se certa vez sobre sua tarefa de marcar Dick Barnett, um jogador que fazia muitos pontos para os “Los Angeles Lakers”. “Eu ficava sentado em meu quarto de manhã até à noite”, disse Cousy. “Eu só ficava pensando em Barnett, em parte repassando o modo de competir com ele e em parte cultivando ódio contra ele. Na hora em que entrava na quadra, eu estava tão inflamado que, se Barnett me dissesse ‘Olá’, eu provavelmente daria um pontapé nos dentes dele.”
O fato é que os jogadores com freqüência tentam deliberadamente contundir seus adversários para que abandonem a partida, e são recompensados por isso. Ira Berkow, cronista esportivo, disse que um jogador de futebol americano que consegue contundir um adversário, obrigando-o a abandonar a partida, é “abraçado e cumprimentado [pelos colegas de equipe] por uma tarefa bem executada. Se conseguiu aplicar bastantes desses golpes prejudiciais . . . ele é recompensado, no fim da temporada, com um aumento de salário, ou, no caso de jogadores que não são grandes craques, com uma extensão do contrato. Assim, os jogadores orgulhosamente consideram uma honra ser chamados por apelidos, tais como o Cruel Joe Greene, Jack (Assassino) Tatum”, e assim por diante. — The New York Times, 12 de dezembro de 1989.
Fred Heron, um tackle [jogador que procura agarrar o adversário] da equipe de “St. Louis” de futebol americano, relatou: “Os treinadores nos disseram que o zagueiro ou armador [do “Cleveland Browns”] tinha o pescoço machucado. Sugeriram que, se eu tivesse oportunidade, deveria tentar tirá-lo do jogo. Assim, durante a partida, eu atravessei a linha de jogadores, passei correndo o centro e o marcador, e lá estava ele. Tentei machucar-lhe gravemente o pescoço por agarrá-lo com o braço, e ele perdeu o controle da bola e a deixou cair. Meus colegas de equipe me elogiavam. Mas eu vi o zagueiro deitado no chão e se contorcendo obviamente de dor. Subitamente, pensei comigo mesmo: ‘Será que me transformei numa espécie de animal? Esta é uma simples partida, mas eu estou tentando aleijar alguém.’” Todavia, Heron observou: “A torcida me aplaudia entusiasticamente.”
Muitos lamentam as contusões resultantes da extrema competitividade como um dos principais problemas dos esportes atualmente. Infelizmente, milhões destas contusões envolvem menores de idade que bem cedo em sua vida são expostos a jogos altamente competitivos. Segundo a Comissão de Segurança de Produtos do Consumidor, dos EUA, a cada ano quatro milhões de menores são tratados em salas de emergência, devido a contusões esportivas, e calculadamente oito milhões de outros são tratados por médicos da família.
Muitas crianças e adolescentes sofrem atualmente de lesões pelo empenho excessivo, que eram raramente vistas há alguns anos. Quando as crianças jogavam apenas para divertir-se, elas voltavam para casa ao se machucarem e não jogavam de novo até que a ferida tinha cicatrizado ou a dor passado. Mas, nos esportes altamente competitivos e organizados, as crianças e os adolescentes continuam jogando, lesionando ainda mais as partes do corpo já feridas ou doloridas. Segundo Robin Roberts, um astro e ex-arremessador de beisebol, os adultos são a principal causa do problema. “Estão exercendo pressão demais — psicológica e física — sobre os meninos, muito antes de eles estarem preparados para isso.”

Problemas atuais com os esportes

AS PESSOAS costumavam argumentar que os esportes tinham seu valor porque aprimoravam o caráter. Afirmavam que os jogos promoviam o apreço pelo trabalho árduo, pelo espírito esportivo e pela alegria de participar. Mas para muitos, hoje em dia, tais argumentos soam “furados”, e até hipócritas.
A ênfase em ganhar constitui especialmente um problema. A revista Seventeen chama isto de “um lado obscuro dos esportes”. Por quê? Porque, para citar a revista, “vencer sobrepuja as preocupações com a honestidade, com os deveres escolares, com a saúde, com a felicidade, e com a maioria dos demais aspectos importantes da vida. Vencer passa a ser tudo”.
A experiência de Kathy Ormsby, estrela universitária das pistas de corrida dos EUA, foi usada para ilustrar as tristes conseqüências da ênfase excessiva nas consecuções atléticas. Em 4 de junho de 1986, algumas semanas depois de estabelecer um recorde nacional universitário, para mulheres, nos 10.000 metros rasos, Kathy desviou-se da pista, enquanto competia nos campeonatos da NCAA (sigla, em inglês, da Associação Nacional de Atletismo Universitário), correu para uma ponte próxima e jogou-se dali numa tentativa de suicídio. Ela sobreviveu, mas ficou paralítica da cintura para baixo.
Scott Pengelly, psicólogo que trata de atletas, comentou que Kathy não é a única. Depois da tentativa de suicídio de Kathy, Pengelly relatou: “Recebi telefonemas que diziam: ‘Acho que me sinto assim também.’” E outra atleta, Mary Wazeter, da Universidade de Georgetown, que tinha estabelecido um recorde nacional em sua faixa etária para a meia-maratona, também tentou suicidar-se por saltar de uma ponte, e ficou paralítica pelo resto da vida.
A pressão de vencer, de satisfazer as expectativas, pode ser tremenda, e as conseqüências do fracasso podem ser devastadoras. Donnie Moore, astro arremessador do time de beisebol “California Angels”, esteve a um passo de colocar seu time na disputa da “1986 World Series”. Mas o rebatedor da equipe de Boston conseguiu um home run (alcançou a base inicial), e essa seleção veio a ganhar o jogo e o campeonato da Liga Americana. Donnie, que de acordo com seus amigos ficara obsedado com seu fracasso, matou-se com um tiro.

O lugar ocupado pelos esportes

O GRANDIOSO Criador é descrito na Bíblia como “o Deus feliz”, e ele deseja que suas criaturas sejam felizes. (1 Timóteo 1:11) De modo que não deve ser surpreendente que ele tenha criado os humanos com a capacidade de sentir prazer em jogos. Assim, The New Encyclopædia Britannica (A Nova Enciclopédia Britânica) informa: “A história dos esportes e dos jogos faz parte da história do homem.”
Diz-se que o aparecimento da bola foi, de per si, o fator mais significativo na história dos jogos esportivos. “A observação de que os animais gostam de fazer piruetas com coisas que lhes servem de brinquedos”, diz a supracitada enciclopédia, “sugere que talvez nunca tenha havido uma época . . . em que não se corria atrás de, nem se lançava, um substituto da bola”.
É interessante que há muito também se usava algum instrumento para bater na bola. “Certamente os persas, os gregos e os índios americanos participavam de jogos em que se usavam bastões”, observa a Britannica. “Pelo visto o pólo, palavra de origem tibetana, já era bem conhecido, de alguma forma, pelos persas no tempo de Dario I (que reinou em 522-486 AC). O golfe, embora a Escócia afirme tê-lo inventado em sua forma moderna, tinha respeitáveis antecedentes nos tempos de Roma, e em muitos países europeus.”

O que os pais podem fazer

Os pais devem lembrar-se de que as crianças gostam de participar de atividades esportivas porque querem se divertir e liberar suas energias. Assim sendo, transformar os esportes juvenis em algo estressante e sujeitar as crianças a abusos verbais é desamoroso e contraproducente. A Bíblia diz: “Pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós.” — Efésios 6:4, A Bíblia de Jerusalém.
O que pode ajudar os pais a serem equilibrados nesse assunto? Em primeiro lugar, eles devem lembrar-se do tempo em que eram crianças. Será que conseguiam alcançar um desempenho quase profissional? É razoável esperar isso dos filhos? Afinal, “os filhos são delicados”. (Gênesis 33:13) É importante também ter um conceito saudável sobre ganhar e perder. A Bíblia diz que a rivalidade que foge ao controle é “vaidade e um esforço para alcançar o vento”. — Eclesiastes 4:4.
Certo ex-jogador de uma das principais ligas de beisebol incentiva os pais a serem equilibrados: eles não devem ficar muito aborrecidos quando o desempenho da criança não é bom nem se empolgar demais quando ela ganha. Em vez de dar a entender que ganhar é a coisa mais importante, os pais devem enfatizar que o importante é se divertir e manter um bom condicionamento físico.
Alguns pais chegaram à conclusão de que esportes juvenis organizados tendem a incentivar um espírito de competição que não é nada saudável. Mas nem por isso proíbem seus filhos de participar em atividades esportivas com outras crianças. Muitos pais cristãos descobriram que seus filhos podem se divertir jogando bola com outros cristãos num quintal ou num parque. Isso lhes permite ter mais controle sobre as companhias dos filhos. Passeios em família também são uma boa oportunidade para jogar bola. É verdade que um bate-bola de fundo de quintal talvez não seja tão emocionante quanto fazer parte de um time vencedor. Mas nunca se esqueça de que, no máximo, “o treinamento corporal é proveitoso [apenas] para pouca coisa, mas a devoção piedosa é proveitosa para todas as coisas”. (1 Timóteo 4:8) Mantendo um conceito equilibrado sobre os esportes, você poderá proteger seus filhos de se tornarem vítimas da nova epidemia de violência.

Ganhar a qualquer custo

A causa básica do problema parece ser o desejo de alguns pais de ver os filhos ganhar a qualquer custo. Uma representante do Instituto para a Prevenção do Abuso Infantil no Canadá diz: “Num ambiente em que ganhar é tudo e a pessoa sempre tem de ser o melhor, quem sofre são os mais vulneráveis. E nesses esportes, os mais vulneráveis são justamente as crianças.” Certa autoridade da Associação de Educação Física e de Saúde de Ontário (Canadá) diz que crianças submetidas a essas pressões “podem desenvolver problemas psicológicos numa idade bem precoce. E quando ficam mais velhas, talvez não consigam aceitar que falhem”.
Como seria de esperar, a agressividade de pais e de treinadores fanáticos acaba contagiando os jovens atletas. Numa partida de vôlei juvenil feminino, os árbitros foram sete vezes agredidos por jogadoras. A garota que foi expulsa numa partida de tênis se vingou vandalizando o carro de uma autoridade. Ao ser repreendido por uma falta cometida, certo lutador do ensino médio deu uma cabeçada no árbitro, nocauteando-o. “Os esportes juvenis eram o último reduto onde ainda prevalecia o espírito esportivo”, diz Darrell Burnett, psicólogo clínico especializado em crianças e em esportes juvenis. “Mas isso mudou. Agora é vencer ou vencer.”

Esportes juvenis: a nova epidemia de violência

▪ Um grupo de estudantes do ensino médio joga uma partida de futebol americano. Quando um touchdown decide o jogo na prorrogação, começa a confusão: mais de cem pessoas — entre pais, treinadores e jogadores — ficam envolvidos na pancadaria, gritando e distribuindo socos.
▪ Um grupo de meninos e meninas pré-adolescentes joga futebol americano. Quando um menino de dez anos perde um passe, o treinador joga-o ao chão, quebrando-lhe os dois braços.
▪ O treinador de um time de beisebol da Little League tira um dos jogadores da partida. O pai do garoto ameaça matar o treinador e é sentenciado a 45 dias de prisão.
▪ Num treino juvenil de hóquei sobre o gelo, dois pais começam a discutir sobre as regras do jogo. Um deles mata o outro a pancadas na frente dos três filhos da vítima.
OCORRÊNCIAS aterradoras como as mencionadas acima se têm tornado alarmantemente comuns. Uma nova epidemia de violência parece estar-se alastrando nos campos de futebol, nas quadras de basquete, nos rinques de patinação e nos playgrounds. Trata-se da violência de pais e treinadores que preferem brigar a perder. Jeffrey Leslie, presidente da Associação Atlética Jupiter-Tequesta (da Flórida, EUA), diz: ‘Já vi pais gritando com os filhos para que eles vencessem a qualquer custo, crianças brigando durante o jogo instigadas pelos pais, e crianças chorando no mound (elevação do arremessador) por terem sido humilhadas pelos pais.’ E acrescenta: “Os esportes juvenis trazem à tona o que os pais têm de pior.” Para proteger as crianças desse tipo de violência, algumas comunidades tiveram até de proibir alguns pais de comparecer aos eventos esportivos em que seus filhos participam.
Quais têm sido os resultados da epidemia de violência? Fred Engh, fundador e presidente da Liga Nacional de Esportes Juvenis (com sede na Flórida), diz: “Esse comportamento vergonhoso de crescente número de adultos está tendo um efeito muito negativo sobre os esportes juvenis, estragando a diversão e passando para milhões de crianças o conceito de que a violência é aceitável.”

domingo, 20 de junho de 2010

Tem a violência Aumentado?

Stanley Cheren, professor adjunto de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston, E.U.A., escreveu recentemente: “À medida que a população se torna mais experiente na violência, aumenta a necessidade de violência mais extrema para satisfazer o desejo de estímulo violento. . . . As pessoas pagam fortunas para ver outras pessoas ser feridas. . . . Ela aumenta ao passo que as pessoas ficam cansadas de uma coisa. Na década de 1930, as pessoas ficaram chocadas de ver, na tela, James Cagney dar uma bofetada numa mulher. Hoje, isso não é nada; exigem-se atos de muito mais violência para emoção. . . . Portanto, não obstante o fato de os lutadores serem mortos no ringue, os torcedores queriam mais ação. . . . No nosso enfado, pressionamos as coisas a ponto de permitirmos que nossos atletas arrisquem a vida.”
Ilustremos isso com um esporte popular na América do Norte, o futebol americano (não confundir com o futebol propriamente dito). O futebol americano sempre foi reconhecido como sendo um esporte com contato físico, segundo o estilo do rúgbi britânico, mas até mais. Entretanto, nos tempos recentes, tornou-se norma praticá-lo com mais violência. O equipamento de proteção muitas vezes se torna arma de ofensiva. Por exemplo, os jogadores usam os capacetes de segurança, de plástico, duros como pedra, para converter suas cabeças em mísseis devastadores.
A violência do jogo é resumida pelos seguintes comentários do jogador profissional de futebol americano, Jack Tatum (Raiders de Oakland), na sua recente obra They Call Me Assassin (Chamam-me de Assassino).
“O futebol [americano] profissional é maldoso e brutal; não sobra muito tempo para sentimento.”
“Nunca intercepto alguém só para derrubar. Quero castigar o homem atrás do qual corro, e quero que ele saiba que vai doer toda vez que se puser no meu caminho.”
“Usei a palavra ‘matar’, e, quando golpeio alguém, procuro realmente matá-lo, mas não para sempre. Quero dizer que procuro matar o jogo ou a passagem, mas não o homem . . . a estrutura do futebol se baseia em castigar o adversário.”
“Gosto de acreditar que meus melhores golpes tocam as raias da tentativa de agressão criminosa, mas também tudo que faço é segundo o livro de regras.”
É significativo o comentário final de Tatum. Foi “segundo o livro de regras” que, com uma investida contra um homem para interceptá-lo, deixou este permanentemente paralítico. O que seria considerado tentativa de agressão criminosa em qualquer outro lugar é legítimo no campo de jogo. Não é de admirar que um escritor sobre esportes dissesse: “Com o uniforme vem a proteção das leis.”
Os comentários de Tatum não refletem a atitude de apenas um determinado jogador. Disse George Perles, assistente do técnico dos Steelers de Pittsburgh (futebol dos E.U.A.): “[O futebol] é uma vida muito, muito violenta, maldosa, agressiva, brutal, masculina.” O escritor William B. Furlong declarou num artigo para Times Magazine de Nova Iorque: “A vida no Pit, como é chamado o centro da linha [de escaramuça], sempre foi violenta, às vezes tão violenta como uma luta com faca num recinto escuro . . . [ela] amiúde inclui esmurrar, xingar, fazer saltar o olho, dar pontapés.”
Jerry Kramer, jogador da linha dianteira do time de futebol americano Green Bay Packers, escreveu no seu livro Instant Replay: “Comecei o dia decidido a ser duro e sério no jogo. É algo que não pode ser feito só no sábado e no domingo [antes do jogo]. Tem de ser feito começando na segunda ou terça [uma semana antes do jogo] . . . Desenvolve-se ira, daí ódio e o sentimento se torna cada vez mais forte até que no domingo as emoções estão tão tensas que a pessoa está para explodir. . . . Quando quero odiar alguém, procuro não olhar para o outro time antes do jogo . . . sinto que não o vendo posso odiá-lo um pouco mais.”
Esse mesmo espírito violento se manifesta cada vez mais no futebol. Heitor Amorim, ex-goleiro do Corinthians, de São Paulo, disse: “Abandonei o futebol em 1970, que naquela época estava em fase de transição. Estava mudando de jogo de habilidade para jogo de força. A arte e a habilidade começaram a dar lugar a violência. Acredito que, se Pelé [talvez o maior jogador de futebol de todos os tempos] jogasse hoje, não conseguiria vencer 50% nas maravilhosas jogadas que fez nos anos 60. A violência o impediria. E os torcedores a acompanhariam. Parecem gostar da violência.”
Mesmo nos esportes que outrora eram considerados a essência do jogo limpo e da conduta cavalheiresca, tais como tênis e críquete, a violência se introduziu — tanto a verbal como a física. O tênis era outrora o jogo de pessoas de boas maneiras que haviam aprendido a praticar a lealdade. Na última década, essa filosofia evaporou numa série de invectivas, acessos de ira e obscenidades da parte de alguns dos principais jogadores profissionais.

Por que a violência nos esportes?

Esportes — Por Que a Crescente Violência?
APARECEM abaixo apenas algumas manchetes nas páginas e nos editoriais esportivos de diferentes nações em anos recentes. Os esportes têm estado associados com a violência, tanto dentro como fora do campo de jogo. Mas por quê?

Os esportes — por que nos empolgam?

Esportes — Por Que a Crescente Violência?
ERAM 10,38 horas da manhã, em 25 de outubro de 1981. Mais de quatorze mil pessoas, em roupa de corrida, estavam enfileiradas na extremidade da ponte Verrazano-Narrows de Staten Island, Nova Iorque. Subitamente, a um tiro de canhão, duas correntes de pessoas se precipitaram lado a lado sobre a ponte. Qual era a ocasião que atraiu uma tão grande participação? A maratona de 1981, em Nova Iorque.
Estima-se que uns dois milhões de pessoas assistiram à corrida num percurso de 42 quilômetros, e milhões mais através da televisão. Participaram atletas de 57 países. A cidade de Nova Iorque ficou realmente envolvida, e milhões de nova-iorquinos e outros ficaram empolgados.
O arrebatamento nos esportes é um fenômeno mundial. Por exemplo, notícias recentes falavam sobre o crescente entusiasmo por esportes na China. O Times (de 18 de nov. de 1981) de Nova Iorque noticiava: “Dezenas de milhares de chineses convergiram para aquela vasta área do centro da cidade [de Pequim] ontem à noite para animadas celebrações . . . A euforia era por causa do time chinês de voleibol feminino, que derrotou os Estados Unidos . . . e o Japão . . . ganhando seu primeiro título mundial.” Mesmo os normalmente plácidos chineses ficaram empolgados com os esportes. O voleibol se tornou manchetes de primeira página na imprensa de Pequim.
Outro caso foram as finais da Copa Mundial de futebol de 1982, com a participação de 24 nações classificadas, na Espanha, nas datas de 13 de junho a 11 de julho de 1982. No decorrer dos dois anos que a precederam, mais de cem países competiram pelo privilégio de estarem entre os 24 times finais classificados. Centenas de milhões de torcedores em todo o mundo acompanharam esses jogos de futebol com ávido interesse. Em Lagos, na Nigéria, uma grande multidão lotou o estádio oito horas antes de um jogo entre a Nigéria e a Argélia. Da mesma forma, multidões de torcedores chineses celebraram a vitória do futebol da China que derrotou Kuwait num jogo de classificação para a Copa do Mundo.
Não resta dúvida de que os esportes atraem e empolgam as massas. Mas por quê?
Um fator fundamental na vida moderna é a existência monótona que milhões são forçados a levar em nossa sociedade controlada por computadores. Em conseqüência, muitos querem quebrar a rotina enfadonha entrando no empolgante mundo da fantasia dos esportes. Uma minoria consegue, tornando-se participantes. A maioria, como espectadores. Mas todos querem sentir emoção, e ela resulta da incerteza. Nos esportes, a incerteza é de importância vital — quem vencerá? Portanto, as multidões afluem para eventos esportivos ou ficam com os olhos grudados na TV.
Mas, são os esportes benéficos ou nocivos? Podem trazer-lhe proveito, quer seja participante, quer espectador? Que dizer dos esportes na escola primária, secundária, universitária e no nível profissional? Por que tem aumentado a violência nos esportes? Por que chega até as tribunas de honra dos estádios?

Lições que você pode aprender dos esportes

ELE parece arrebatado, encurvado na cadeira, o corpo tenso e os olhos grudados na tela de TV. É o campeonato e seu time favorito está jogando. Só falta um minuto, que pode ser decisivo. Ele escorrega pouco a pouco até a beirada da cadeira, de punhos cerrados e olhos fixos na tela.
Nesse momento decisivo, aparece a esposa no vão da porta e pergunta: “Meu bem, que tal meu vestido novo?”
Será que é preciso continuar?
Para muitos, os esportes os atraem por causa da ânsia de sentir emoção e suspense. Fornecem a emoção de se sair vencedor, quer diretamente, quer por pertencer a um clube. Podem ajudar a esquecer problemas, pelo menos temporariamente. Podem ajudar-nos a manter a forma, ou talvez, mais exatamente, a perder a nossa forma atual. Naturalmente, não são todas as pessoas que se interessam nos esportes. Entretanto, toda pessoa pode aprender alguma coisa deles. Que princípios podem os esportes ensinar às pessoas que não estão especialmente interessadas neles?
TER UM ALVO NA VIDA É PROVEITOSO PARA NÓS. Todos os esportes têm certos alvos ou objetivos. Como exemplos, no beisebol, os participantes procuram correr na pista para percorrer certa distância o mais rápido possível, e no basquetebol, fazer a bola entrar na cesta. Sem alvos específicos e sem tentar alcançá-los, qual seria o objetivo?
Da mesma forma, a vida sem metas não tem finalidade, não consegue nada. Certifique-se, pois, de que tenha metas, dignas, para que orientem seu uso do tempo e da energia.
A DETERMINAÇÃO PRODUZ RESULTADOS. Mais de 60.000 vozes aplaudiram. A ocasião? As Olimpíadas de 1960 em Roma. Uma corredora de cor, Wilma Rudolph, de 20 anos, acabava de ganhar sua terceira medalha de ouro. Ela, talvez melhor do que qualquer outro atleta presente, era uma prova viva do valor da determinação. Durante cerca de um terço de sua vida jovem, sua perna esquerda paralisada a impedira de caminhar, muito menos de correr. Mas ela estava decidida a superar o seu obstáculo. Os exercícios a ajudaram, bem como o conselho de sua mãe: “Faça o melhor que puder, e, acima de tudo, jamais desista.” Wilma nunca desistiu, e a sua determinação surtiu efeito.
Quando você se vê confrontado com contratempos ou quando fica desanimado por causa de suas próprias inaptidões, desiste da corrida da vida, ou continua na sua determinação de atingir seu alvo? Pense só em quão melhor seria o mundo se, ao invés de admitir a derrota, os casais continuassem decididos a fazer de seu casamento um sucesso, se os pais continuassem decididos a criar seus filhos adequadamente e se cada um de nós permanecesse decidido a promover a paz.
OS QUE OBEDECEM ÀS REGRAS SE SAEM BEM. Um jornalista descreveu os esportes como “o melhor meio já inventado para ensinar os humanos a obedecer a regras, mesmo quando a conquista é muito importante”. Na verdade, todo tipo de esporte tem regras. Se um jogador ou seu time não as obedecer, impõem-se penalidades. No hóquei sobre o gelo, por exemplo, um jogador pode ter de passar algum tempo na área de pênalti. Poderia significar derrota.
Todos nós desejamos ser vencedores na vida. A desconsideração das regras da sociedade quanto aos tratos com os outros pode fazer com que prováveis vencedores se transformem em perdedores certos. As agências para fazer cumprir a lei poderão punir os infratores, talvez até mesmo prendendo-os num lugar mais restrito do que apenas numa área de pênalti.
A CONDUTA ESPORTIVA PROMOVE O RESPEITO PRÓPRIO. Willye White, atleta norte-americana de salto em distância, achou que sua principal rival fora injustamente eliminada da competição nos campeonatos de 1965. Dando um excelente exemplo de conduta esportiva, ela apelou para as autoridades e conseguiu fazer com que a moça fosse readmitida. O resultado? Sua rival a venceu e White perdeu o campeonato. Mais tarde, ela disse: “Eu estava tão desejosa de ganhar como qualquer outra pessoa, mas de que proveito me seria ganhar [injustamente]?”
Um estudante que usa de fraude nos exames, um homem de negócios que obtém desonestamente restituição de impostos, ou uma pessoa que ganha uma reputação por trás de uma máscara de hipocrisia estão desconsiderando os princípios do jogo honesto. Quem engana os outros rouba de si mesmo o respeito próprio, e, por conseguinte, engana acima de tudo a si mesmo.
O AUTODOMÍNIO CONDUZ AO SUCESSO. Björn Borg, campeão de tênis, é conhecido pelo seu grande autodomínio. Ele explica que o autodomínio é imperativo a fim de se conseguir a devida concentração. E, conforme qualquer atleta o sabe, a mais breve falta de concentração pode custar-lhe o jogo. Mas é uma lição que Borg admite que teve de aprender. Quando era criança, se comportava mal. Seu clube o suspendera, e sua mãe havia trancado no armário sua raquete durante cinco meses. Ele diz agora: “Desde o dia em que terminou aquela suspensão, não importa o que acontecesse, eu me comportava bem na quadra.”
O autodomínio nos habilitará a nos concentrar nas tarefas realmente importantes da vida, não nos deixando desviar do rumo certo desnecessariamente. Não gastaremos nosso tempo, nossa energia e nossas habilidades em empreendimentos tolos ou em hábitos maus.
A PERSEVERANÇA VENCE. Os esportes amiúde requerem grande perseverança física. Por exemplo, Eric Heiden, cinco vezes ganhador da medalha olímpica, disse sobre corrida de patinação: “A pessoa acha que daria a vida para poder suportar. As costas ficam doendo tanto que faria tudo para sair dessa posição agachada.”
Está disposto a perseverar para alcançar metas dignas na vida? Pessoas jovens talvez tenham de deixar de lado certos confortos e a sua liberdade para obter uma boa educação. A pessoa que vive segundo os princípios da Bíblia talvez tenha de suportar maus tratos dos outros.
A COOPERAÇÃO SERÁ RECOMPENSADA. As equipes esportivas frisam a cooperação. Grange, o “Fantasma Galopante”, ex-astro do futebol americano, relembra que sempre se sentia embaraçado quando as pessoas o elogiavam. Ele disse: “Gostaria que as pessoas entendessem que são necessários onze homens para compor um time de futebol.”
O mesmo princípio se aplica a outras áreas da vida. Não é o cônjuge que coopera para o bem comum, ao invés de competir com seu companheiro ou sua companheira para obter vantagem pessoal, que ganha o amor e o respeito?
O EQUILÍBRIO É A CHAVE DA VITÓRIA. Esportes, como a ginástica, ensinam-nos a necessidade de equilíbrio.
Seja lembrado, porém, que os esportes podem também causar-nos dano. Podem fazer com que sejamos muito competitivos, decididos a ganhar a qualquer custo. Os esportes que exigem contatos mais violentos podem brutalizar os participantes. Seria também imprudente devotar excessivamente tempo e energia aos esportes. Não são o melhor meio de aprender estas lições importantes para a vida — eles só servem para ilustrar os princípios.
Henry Carr, um ganhador de medalha de ouro nas Olimpíadas de 1964, encontrou o melhor modo: estudar a Bíblia, associar-se com os verdadeiros cristãos e moldar a sua vida segundo a Palavra de Deus. Portanto, ao desistir dos esportes profissionais e se tornar um cristão dedicado, Carr disse: “Os esportes são bons — no seu devido lugar.”

domingo, 13 de junho de 2010

Paixão por futebol — vale a pena?

Do correspondente de “Despertai!” na Espanha
FALTAVAM poucos minutos para as 20 horas de domingo, 13 de junho de 1982. Calcula-se que 1 bilhão e meio de pessoas estavam com a atenção voltada para o Rei Juan Carlos, que proferia breve discurso. De que falava, que captou a atenção de tantas pessoas? Haveria um iminente desarmamento mundial? Ou a solução da crise econômica mundial? Não, era algo muito mais efêmero — um terço da população mundial assistia à cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol de 1982.
Embora o resultado final seja conhecido por milhões, algumas perguntas sobre as competições da Copa do Mundo de 1982 são apropriadas. Por exemplo, como funciona a Copa do Mundo? Serve de modelo para que o futebol se torne melhor e mais atraente no futuro? Incute nas crianças e nos jovens os princípios do bom espírito esportivo? Ou será demais esperar isso?
Na realidade essa competição havia começado dois anos antes, quando 107 diferentes equipes nacionais foram agrupadas geograficamente para os jogos eliminatórios para decidir os finais 24 países classificados. A questão então era, quais das 107 competiriam na Espanha?
Em meados do primeiro semestre de 1982 essa grande questão estava resolvida. Os vitoriosos eram: Alemanha, Argélia, Áustria, Bélgica, Brasil, Camarões, Chile, El Salvador, Escócia, França, Honduras, Hungria, Inglaterra, Irlanda, Itália, Iugoslávia, Kuwait, Nova Zelândia, Peru, Polônia, Rússia, Tchecoslováquia. A Argentina e a Espanha estavam classificadas automaticamente — a Argentina por ser a campeã da Copa anterior e a Espanha por ser o país-sede.

Disputaram a Copa do Mundo de 1978

Alemanha Ocid.
Brasil
Itália
França
Hungria
Polônia
Espanha
Suécia
Áustria
Escócia
Holanda
Peru
Argentina
Irã
Tunísia
México

Esporte Atraente

Simplesmente por se ver uma partida de futebol, é incompreensível como o esporte, em si, pudesse ser fonte de tais problemas. Basicamente, o futebol é um jogo sem complicações, saudável. Há 11 jogadores em cada equipe (assim como também há no futebol americano), e o campo é aproximadamente do mesmo tamanho. Nos extremos do campo há o gol, que é um arco de 7 metros de largura por 2,40 metros de altura, com rede para segurar a bola. O alvo é lançar a bola redonda no gol, sem que o goleiro a possa agarrar. Vence a equipe que fizer a maioria dos gols depois de 90 minutos da partida.
O goleiro é o único jogador que pode usar as mãos. Os outros 10 jogadores de cada equipe podem chutar ou cabecear a bola, ou tocá-la com o corpo, quando a bola está em jogo. A habilidade dos craques em driblar o adversário com a bola, passá-la com exatidão, e chutá-la a gol, sem usar as mãos, é notável. Passes feitos à altura do peito são dominados pelo pé, e então fazem-se dribles, como se a bola estivesse amarrada aos pés. E um arremesso direto ao gol poderá ser feito por meio de potente cabeçada de um jogador que salta.
O que muitos apreciam no futebol é que não é tão perigoso quanto outros esportes. “Futebol é mais uma questão de destreza e perseverança”, comentou certo pai, feliz de que seus filhos preferem jogar futebol ao invés de futebol americano. Naturalmente, existe certa dose de perigo de ficar ferido ao jogar futebol, assim como há, por exemplo, ao jogar basquete. Isto se dá, especialmente, quando a partida é disputada com intensidade indevida para ganhar a todo custo. Assim, use de bom critério ao jogar.
Outra vantagem do futebol é que pessoas de tamanho mediano podem tornar-se craques. Pelé, por exemplo, considerado o maior jogador de todos os tempos, tem apenas 1,75 metros de altura, e pesa 75 quilos. Além disso, pouquíssimo equipamento, além da bola, é necessário para se jogar futebol. Assim, as despesas são mínimas.
O futebol, por fim, está-se tornando popular nos Estados Unidos. Em 14 de agosto de 1977, uma multidão de 77.691 lotou por completo o Estádio dos “Giants” de Nova Jérsei, em Meadowslands, para uma partida. Um dos principais fatores no aumento da popularidade são os muitos jogadores famosos que foram para os Estados Unidos, atraídos por enormes salários. O Cosmos de Nova Iorque, por exemplo, pagou a Pelé, brasileiro, US$ 4,75 milhões para jogar por três anos, e a Franz Beckenbauer, que liderou a Alemanha a ganhar o campeonato mundial de 1974, US$ 3 milhões, por quatro anos. Mas, o que promete tornar o futebol um dos principais esportes permanentes nos EUA é que está espalhando-se pelas “bases”. Cerca de 5.000 escolas de 2.° grau e 700 faculdades possuem agora seus times.
Talvez esteja entre as centenas de milhões de pessoas que jogam futebol, assistem aos jogos ou os vêem pela TV. Está sendo influenciado de forma benéfica? Como pode evitar os efeitos adversos?

Apenas um Jogo, ou O Quê?

O futebol não raro atiça as chamas do nacionalismo, com temíveis resultados. Considere o que aconteceu numa partida em Lima, Peru, em 1964.
Cerca de 50.000 torcedores lotavam o estádio. No final da partida, a Argentina ganhava de um a zero quando o Peru fez um gol. No entanto, o juiz marcou uma falta, o que invalidou o gol de empate. Os torcedores irados e desapontados se amotinaram; 328 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas. “Pesada porta de ferro do vestiário provavelmente salvou a vida do juiz e dos jogadores”, comentou o Times de Nova Iorque.
Quão importante é ganhar ou perder no futebol? Ao se considerar o sucedido entre Honduras e El Salvador, isso nos deixa pensativos. Em junho de 1969, os dois países disputaram uma série de partidas para determinar que seleção disputaria a Copa do Mundo de 1970. Tensões e hostilidades atiçadas pelos jogos foram um fator para o irrompimento duma guerra. The Americana Annual (Livro do Ano da Enc. América), de 1970, sob o verbete “A ‘Guerra do Futebol’”, comenta que mais de 2.000 soldados e civis foram mortos.
Na verdade, trata-se de exemplos extremados, mas a violência no futebol não é, de forma alguma, algo raro. Na Grã-Bretanha, segundo certa notícia, um de cada quatro torcedores tem-se envolvido na violência. Também, 100 torcedores por semana, ali, segundo noticiado, acabam sendo presos por vandalismo futebolístico.
O 1975 Britannica Book of the Year (Livro do Ano da Enc. Britânica, de 1975) reconheceu a “infeliz saga da violência dentro e fora do campo”, e afirmou: “Trincheiras, valas, barricadas, e outros obstáculos constrangedores, foram utilizados.” Mas, apesar de tais medidas, a violência continua sendo marca registrada de muitas partidas de futebol.
Todavia, o problema não existe apenas no futebol. “Se as atitudes não mudarem”, avisa o médico da equipe de certo time norte-americano de basquete profissional, “teremos de fazer o que eles fazem na América do Sul; colocar grades e um fosso, para manter os fãs longe dos jogadores”.
O que é responsável por tais problemas no esporte? Existe, por exemplo, algo fundamentalmente errado no futebol, que provoque tais terríveis conseqüências?

Sobe a Febre Futebolística

Durante muitos meses antes da Copa, as estações de rádio no Brasil e na República Federal da Alemanha lembravam: ‘Faltam apenas 100 [ou tantos] dias para a Copa do Mundo.’ Comerciantes ofereciam aos fregueses que adquiriam sua mercadoria a oportunidade de ganhar uma viagem, com todas as despesas pagas, à Argentina, para assistir aos jogos. Cerca de 150 torcedores da Escócia fizeram a viagem duma forma incomum — de submarino.
A ampla maioria dos torcedores, naturalmente, viu os jogos pela televisão. A TV brasileira e alemã, por exemplo, exibiu dois ou três jogos ao vivo em cada um dos 12 dias da disputa. Outros jogos receberam uma cobertura a posteriori. Durante a Copa do Mundo de 1974, exibiram-se umas 92 horas de futebol na TV alemã!
Durante as partidas em 1974, as fábricas fecharam. Organizações religiosas ajustaram as horas de reuniões, de modo a não colidirem com as partidas. No Rio de Janeiro, os crimes alegadamente atingiram uma baixa de todos os tempos. No Zaire, motoristas de ônibus abandonavam seus veículos quando entrava em campo a seleção nacional. Em Roma, interromperam-se as negociações para restaurar o governo moribundo quando os líderes saíram para ver os jogos.
As partidas, pelo que parece, assumem aspecto religioso para muitos. Observa Times Magazine, de Nova Iorque: “O futebol se tornou, na era européia do após-guerra, uma espécie de nova religião das massas, milhões de pessoas orando pela salvação nos estádios esportivos, e dezenas de milhões acompanhando fielmente os ofícios, na televisão em cores.”
Mas, assim como o fanatismo religioso tem sido perigoso, até mesmo mortífero, assim também o fanatismo pelo futebol. Não só impediu que muitos cultivassem saudáveis interesses e qualidades espirituais; também levou a motins, matanças e até mesmo à guerra.

O esporte favorito do mundo

Beisebol? Futebol americano? Basquetebol?
OS ESPORTES mencionados acima são alguns que provavelmente lhe vêm à mente. Todavia, fora dos Estados Unidos — e de alguns poucos lugares — comparativamente pouco se ouve falar destes esportes. O caso do futebol é diferente.
A revista alemã, Der Spiegel, disse a respeito do campeonato mundial de 1974: “Espera-se que pelo menos um bilhão de pessoas — de Santiago a Sofia, de Hélsinqui a Hobart — fiquem em frente às telas de seus televisores para a partida final.”
Um bilhão de pessoas! Isso é um quarto da população mundial — quase dez vezes a população do Brasil! Conforme observou Der Spiegel: “Isso é mais do que o número de pessoas que já curvaram a cabeça em direção a Meca, na hora de oração. E todas as igrejas cristãs, juntas, jamais conseguiram ajuntar tantos crentes em seus altares em uma só ocasião, nem mesmo no Natal.”
Sim, o futebol é, sem comparação, o esporte favorito do mundo. Mais de 200.000 ou mais pessoas já compareceram a um único jogo. “Dificilmente existe um assunto, neste país, em que as pessoas demonstrem tanta convicção”, comenta o Frankfurter Allgemeine Zeitung, da Alemanha. E, atualmente, o futebol está novamente crescendo de forma rápida, tendo-se realizado há pouco o campeonato mundial de futebol.

Os Hooligans do Esporte

Por causa dos hooligans, cidades tais como Cagliari e Turim viveram sob estado de sítio em toda a primeira fase do campeonato. Eis algumas das manchetes de jornais: “Rimini Abalada Pela Guerra”; “Cagliari, Irrompe a Guerra”; “Violência em Turim: Esfaqueado um Alemão e um Britânico”; “Um Dia de Motins Entre Torcedores Ingleses, Alemães e Italianos”; “Salvem-nos dos Torcedores Ingleses — O Prefeito de Turim Lança um Apelo”; “Noites de Choques Entre Extremistas. O Prefeito: Os de Turim São os Verdadeiros Hooligans.” Eis outro exemplo de gelar a espinha: “‘Como Esfaquear um Torcedor Oponente’ — Publicado na Inglaterra, o Manual do Perfeito Hooligan.” Estas manchetes bastam para dar um quadro geral da situação. Mas estas coisas são apenas um produto natural de uma sociedade que se alimenta de violência.
O grande evento esportivo não terminou com uma nota feliz. As vaias dos torcedores italianos dirigidas à seleção argentina e a seu campeão, Maradona, por terem eliminado a seleção italiana, ofuscaram a alegria da finalíssima, e estragaram a última partida. Nessa noite de julho não houve nenhuma “grande fraternidade esportiva” no Estádio Olímpico; o “templo” da Copa do Mundo foi profanado. O jornal Il Tempo, de 10 de julho de 1990, comentou: “Lá no gramado, eles afrontaram o jogo — nas arquibancadas, eles macularam o esporte.”
Um triste final para um acontecimento que alguns esperavam que tornasse o mundo uma “aldeia global”, sem fronteiras, pelo menos por 30 dias. Mas, se o futebol não consegue sequer estabelecer a paz e a harmonia no campo e fora dele, será realístico imaginar que possa influenciar a paz mundial?

Bênção Papal

Até o papa, que não é de perder uma audiência maciça, visitou o “templo” da Copa do Mundo, o restaurado Estádio Olímpico de Roma, e o abençoou. Disse ele: “Além de ser uma festa do esporte, a Copa do Mundo pode tornar-se uma festa de solidariedade entre os povos.” Acrescentou que o esporte moderno tem de evitar terríveis perigos, tais como a busca obsessiva de lucro material, a ênfase excessiva ao espetacular, o doping, a fraude e a violência. Esperava “que os esforços e os sacrifícios feitos tornassem o ‘Itália 90’ uma ocasião de aumento da fraternidade para seus concidadãos e para todas as pessoas”. O jesuíta Paride Di Luca, ex-jogador de futebol, fez eco aos sentimentos do papa em sua ‘Oração do Torcedor de Futebol’, ao dizer: “Vinde, ó meu Deus, e vede a Copa do Mundo.”
Mas foi a Copa do Mundo realmente uma grande festa? Interessaria ela ao Deus do universo? Examinemos o esporte como ele é na realidade e os valores que ele enaltece.

Esporte ou Guerra?

Consideremos apenas um aspecto típico de tantos eventos esportivos modernos — a violência. Este fenômeno ocorre freqüentemente nas partidas de futebol — no gramado, nas arquibancadas e fora do estádio. Psicólogos, sociólogos e jornalistas concordam que, num mundo tão intensamente violento, o esporte não é exceção. Há uma subversão implacável dos valores morais básicos. Como tentativa de amainar as violentas realidades do esporte moderno, não produz resultado o uso de frases tais como “o esporte é uma competição honesta”, “o espírito de amizade” ou de “fraternidade”.
A Copa do Mundo não foi exceção. Algum tempo antes de começar, ouviram-se informes alarmantes. “É Assustador o Violento Fanatismo dos Torcedores de Futebol, e os Turistas Evitam a Itália”, rezava uma manchete do jornal La Repubblica, 18 dias antes da partida inicial. Os mais temidos eram os notórios hooligans [arruaceiros], uma parcela de torcedores ingleses conhecidos por toda a Europa por seu vandalismo antes, durante e depois de cada partida.
A edição de 1.° de junho de 1990, do diário La Stampa, de Turim, analisou as causas da violência nos estádios e o comportamento grosseiro dos hooligans, comentando: “Na tribo do futebol, não existem atualmente meias medidas. Os adversários não são mais apenas adversários, mas são ‘inimigos’; um choque não é mais a exceção, senão a regra, e tem de ser duro, tão duro quanto possível.” Mas, por quê? “‘Porque odiamos uns aos outros’, responderam alguns hooligans de Bolonha.” Ao tentar explicar a lógica por trás de tal ódio, o sociólogo Antonio Roversi disse: “Os jovens que vão aos estádios sofrem da ‘síndrome do beduíno’. Os que padecem desta síndrome consideram os inimigos de seus amigos como também sendo seus inimigos, os amigos de seus inimigos como sendo seus inimigos, e, vice-versa, o amigo de um amigo é um amigo, e o inimigo de um inimigo é um amigo.”
Ódio, violência, rivalidade, vandalismo, a “síndrome do beduíno” — a Copa do Mundo ainda nem fora iniciada e a atmosfera parecia a de uma declaração de guerra. Apesar disso, foi num espírito festivo que a Itália se preparara para tal evento.


A copa do mundo de futebol — esporte ou guerra?

Do correspondente de Despertai! na Itália
A ATENÇÃO do mundo focalizou-se no futebol. De 8 de junho a 8 de julho de 1990, os olhos de centenas de milhões de pessoas ficaram grudados em suas telas de televisão para acompanhar o acontecimento do ano — a Copa do Mundo, realizada na Itália. Uma audiência global de 30.000.000.000 de pessoas assistiram aos 52 jogos do período — isso é seis vezes a população mundial!
Este espetáculo televisivo se tornou possível graças a uma organização de alta tecnologia sem precedentes — um centro de produção de TV que alimentava 147 redes, representando 118 nações, com 180 câmaras de televisão, 38 unidades de produção e 1.500 técnicos. Estavam também presentes aos jogos, realizados em 12 estádios de futebol italianos, 2.515.000 espectadores e 6.000 jornalistas de todas as partes do mundo. Os números, porém, não contam a história toda. A fim de descrever esta gigantesca “fuga da realidade”, como alguns a denominaram, escritores, sociólogos, psicólogos, artistas e até teólogos comentaram o acontecimento.
No entanto, será que a Copa do Mundo contribuiu para a harmonia internacional e para o bom espírito esportivo? Unidas pela sua paixão por tal esporte, será que os milhões de pessoas que assistiram aos jogos via satélite conseguiram superar seus antagonismos nacionalistas naqueles 30 dias? Serviu o futebol como uma força unificadora?
Esporte ou Guerra?

terça-feira, 1 de junho de 2010

A violência nos esportes — por que aumenta?

“ESPORTE quer dizer saúde”, é um velho adágio. Nos tempos antigos, os médicos gregos afirmavam que uma moderada atividade esportiva poderia trazer boa saúde.

Hoje, contudo, muitos eventos esportivos são tudo, menos saudáveis, quer para os participantes, quer para os espectadores. A violência nos esportes já atingiu tamanhas proporções que uma agência de peso, o Parlamento Europeu, aprovou uma comprida resolução “sobre o vandalismo e a violência no esporte”. Os membros do Parlamento Europeu, alarmados com a ferocidade dos choques, tanto antes como depois dos eventos esportivos, tanto entre os jogadores como entre os torcedores dos times em disputa, examinaram este fenômeno em suas várias características, as suas causas, e as possíveis medidas para freá-lo. O que descobriram, e que formas tem assumido a violência nos esportes?

Força em prol da Paz e União?

Um momento comovente na cerimônia de abertura realizada no Estádio do Barcelona foi quando um menino, com uniforme de jogador, entrou no campo para pôr a bola na marca central. Os olhos de todos se fixavam nele, ao conduzir a bola ao gramado. Para surpresa geral a bola abriu-se e, de dentro dela, voou uma pomba, o símbolo da paz!

Tal idealismo foi logo fulminado no campo de jogo. Como comentou a Gaceta Ilustrada de Madri sobre um jogo: “O jogo mais conturbado: Itália-Argentina. Aos trinta e oito minutos do primeiro tempo, trinta e oito faltas haviam sido cometidas. Uma por minuto.” Se pratica esportes, deseja imitar tal espécie de exemplo? Qual espectador, gosta de assistir a tal tipo de jogo truncado?

A próxima Copa do Mundo está marcada para 1986. Seu mês de paixão futebolística deverá proporcionar tremenda publicidade grátis para o país-sede, bem como vantagens econômicas para alguns. Mas, que dizer do futebol em si? Que rumo está tomando? Haverá um retorno ao futebol limpo e solto, atraente para o público? Ou será que os cada vez maiores estádios ficarão cada vez mais vazios? Será que a paixão pelo futebol diminuirá ou florescerá? O tempo dirá

Rixas e Simulações — São Necessárias?

David Lacey, correspondente esportivo do The Guardian, escreveu que apesar da vitória de 3 a 1 da Itália sobre a Alemanha Ocidental, “era claro que o bom nome do futebol tornara-se irrelevante comparado à toda-importante questão de vencer”. Em seguida suscitou a pergunta: “Era realmente necessário sujeitar todo mundo a um mês do que amiúde era futebol medíocre a fim de produzir uma rixosa final que pouco fez para aliviar as sombrias perspectivas para o futuro desse jogo qual esporte de espectadores?” Ele prosseguiu: “Perdeu-se a conta das vezes em que os que foram atingidos ficavam estirados no chão parecendo estar à beira da morte, mas que no instante seguinte corriam atrás da bola.” Essa simulação é para enganar o juiz e cavar uma falta mais perigosa contra o adversário. Como tal, é comédia e hipocrisia. Pode ser “profissional”, mas não é nem ético nem nobre.

Por que essa tendência para a violência e a simulação, mesmo nos mais altos níveis desse esporte profissional? Exatamente porque é um esporte profissional altamente pago, e ganhar significa muito. Os perigos dessa tendência vão muito além do campo de ação. As crianças e os jovens tendem a imitar os profissionais, e assim a violência e a hipocrisia introduzem-se nos esportes escolares. Esse fato foi reconhecido por um bem-conhecido jogador australiano de críquete, Dennis Lillee, que estava temporariamente suspenso de competições internacionais por ter agredido o capitão paquistanês. Mais tarde desculpou-se, dizendo que o incidente “deu mau exemplo para as crianças e por isso, em especial, lamento sinceramente”. Que houvesse mais esportistas cônscios do efeito de seu exemplo sobre crianças!

Sem dúvida, os esportistas profissionais, tanto homens como mulheres, batalham mui arduamente para atingir o pináculo nas suas consecuções esportivas. O fundamental, porém, é que os esportes deveriam ser apenas recreação, um passatempo. Não é o fator mais importante na vida, tampouco é a ocupação ou necessidade mais vital da humanidade. Assim, a expressão da Bíblia é mui apropriada: “Eu mesmo vi todo o trabalho árduo e toda a proficiência no trabalho [que também se aplica aos esportes convertidos em trabalho], que significa rivalidade de um para com o outro; também isto é vaidade e um esforço para alcançar o vento.” (Eclesiastes 4:4) A atual violência, simulação, e também a arruaça de torcedores são os frutos da “rivalidade” e do espírito de competição.

Portanto, é apropriado perguntar: É o futebol profissional uma influência edificante hoje em dia? Aproxima as pessoas, ou será que intensifica velhas rivalidades? Contribui para uma maior paz genuína entre as nações?

Matadores de Gigantes?

Sob as novas regras, os países classificados aumentaram de 16 para 24. Isso significava que algumas nações foram representadas por equipes com relativamente pouca experiência em campeonatos dessa natureza — especialmente Kuwait, Camarões, Honduras, Argélia, e Nova Zelândia. Os entendidos logo as descartaram como sendo de pouca conseqüência contra os ‘Golias’, os países tradicionalmente praticantes do futebol. Estavam certos nas suas previsões?

A primeira fase dos jogos logo trouxe desapontamentos. O jogo de abertura entre os então campeões, da Argentina, e os desafiantes, da Bélgica, produziu uma surpresa — a Bélgica venceu. Parece que isso estabeleceu a tônica para o inteiro campeonato — uma corrente de surpresas. Grandes equipes, tais como Alemanha Ocidental, Espanha, Tchecoslováquia, e Peru, não conseguiam vencer equipes desacreditadas. Antes do jogo contra a Argélia ouviu-se o técnico da Alemanha dizer: “Se não vencermos a Argélia, voltarei para casa no próximo trem.” Seu comentário se revelou imprudente. A Alemanha Ocidental perdeu por dois a um! Contudo, como a Argentina, a Alemanha Ocidental passou para a segunda fase classificada por pontos. Desnecessário dizer, o técnico alemão adiou sua viagem de volta à Alemanha Ocidental.

Na segunda fase 12 equipes estavam classificadas — 10 da Europa e 2 da América do Sul. Quais seriam as finalistas? Muitos tinham esperança e aguardavam uma final entre os gigantes da América do Sul, o Brasil e a Argentina. Foi o que aconteceu?

Mais surpresas! Tanto o Brasil como a Argentina foram eliminados. As semifinais se transformaram em duelo só de equipes européias, com a França e a Alemanha Ocidental em combate e a Itália frente a frente com a Polônia. A Alemanha Ocidental, depois de estar perdendo por 3 a 1 na prorrogação, arrancou o empate e daí venceu na cobrança de pênaltis. A Itália derrotou a Polônia por 2 a 0. Isso significava que a final da Copa do Mundo seria Itália versus Alemanha Ocidental. Embora resultasse numa final só de equipes européias, mesmo muitos europeus lamentaram a desclassificação dos brasileiros, com o seu estilo atraente de futebol. Parecia que o “clima alegre” se havia evaporado da competição.

Contudo, a paixão futebolística aumentou. Mais de 90.000 lotaram o Estádio Santiago Bernabéu, de Madri, para a final. Será que a Alemanha Ocidental venceria a Copa, como muitos esperavam? Outra surpresa — “A Itália desbaratou a grande máquina alemã”, foi a manchete no diário ABC, de Madri. “A Itália venceu a briga final”, foi a nota do The Guardian. A Itália tornou-se campeã mundial de futebol pela terceira vez na sua história. Para ela, a Copa do Mundo de 1982 foi uma vencedora. Mas, talvez para o futebol em geral a Copa do Mundo apresentou mais do que uma simples imagem empanada. Por que dizemos isso?

Paixão por futebol — vale a pena?

Do correspondente de “Despertai!” na Espanha

FALTAVAM poucos minutos para as 20 horas de domingo, 13 de junho de 1982. Calcula-se que 1 bilhão e meio de pessoas estavam com a atenção voltada para o Rei Juan Carlos, que proferia breve discurso. De que falava, que captou a atenção de tantas pessoas? Haveria um iminente desarmamento mundial? Ou a solução da crise econômica mundial? Não, era algo muito mais efêmero — um terço da população mundial assistia à cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol de 1982.

Embora o resultado final seja conhecido por milhões, algumas perguntas sobre as competições da Copa do Mundo de 1982 são apropriadas. Por exemplo, como funciona a Copa do Mundo? Serve de modelo para que o futebol se torne melhor e mais atraente no futuro? Incute nas crianças e nos jovens os princípios do bom espírito esportivo? Ou será demais esperar isso?

Na realidade essa competição havia começado dois anos antes, quando 107 diferentes equipes nacionais foram agrupadas geograficamente para os jogos eliminatórios para decidir os finais 24 países classificados. A questão então era, quais das 107 competiriam na Espanha?

Em meados do primeiro semestre de 1982 essa grande questão estava resolvida. Os vitoriosos eram: Alemanha, Argélia, Áustria, Bélgica, Brasil, Camarões, Chile, El Salvador, Escócia, França, Honduras, Hungria, Inglaterra, Irlanda, Itália, Iugoslávia, Kuwait, Nova Zelândia, Peru, Polônia, Rússia, Tchecoslováquia. A Argentina e a Espanha estavam classificadas automaticamente — a Argentina por ser a campeã da Copa anterior e a Espanha por ser o país-sede.