domingo, 29 de agosto de 2010

Tratar os Sintomas

Exigir a carteira de identidade e efetuar revistas têm sido propostos como meios de reduzir a entrada de arruaceiros nos estádios de futebol. O Ministro Popplewell, da Alta Corte, ao dirigir uma investigação sobre a segurança no futebol, concluiu que exigir cartões de membros dos clubes contribuiria para reduzir as arruaças. Esta proposta, se posta em execução, impediria que visitantes casuais entrassem nos campos de futebol. “Isso, no meu conceito”, afirma Popplewell, “é o preço que o público e o clube têm de pagar para se tentar reduzir a violência no futebol”.

Entre outras recomendações, Popplewell aconselhou a polícia a fazer pleno uso da televisão de circuito fechado para observar se surge a violência das turbas. Em certas áreas, esta sugestão já foi posta em prática, e a polícia utiliza veículos conhecidos em inglês como hoolivans (furgões de combate aos arruaceiros). Estes propiciam um local de onde se pode manter vigilância, utilizando-se câmaras de vídeo em cores. Ao divisar problemas, a polícia pode identificar e então fotografar indivíduos arruaceiros.

Planos de proibir a venda de bebidas alcoólicas nos campos de futebol, ou nas vizinhanças, ou até mesmo a caminho deles, também podem contribuir, segundo se espera, para reduzir a violência. Disse em editorial The London Times: “O futebol inglês talvez tenha de ser jogado, por fim, em anfiteatros fortificados com grades de ferro, onde costumava haver arquibancadas, e um bafômetro [para medir o teor alcoólico no bafo] em cada borboleta . . . Futuras partidas de futebol talvez não tenham a excitação e o romance dum jogo nacional de nosso passado. Mas, pelo menos, talvez volte de novo a ser uma partida, uma partida que vale a pena disputar e que também é segura para exportação.”

Tais medidas, embora bem-intencionadas, lidam com os sintomas, mas deixam que a doença ainda grasse. Conforme se expressou The Guardian Weekly: “Nenhum jogo vale as fortificações que simplesmente tratam dos sintomas, e não da doença.” Daí, como pode tal doença ser tratada com êxito? Como se pode erradicar as arruaças, não só dos eventos esportivos, mas também da sociedade humana?

Uma Sociedade Doentia?

O jornal The Sunday Times, de Londres, descreveu o futebol como “espelho da sociedade, e nossa própria sociedade atual é nojenta, gananciosa e violenta”. Acrescentava o jornal: “O futebol não é, em si mesmo, a causa da violência, mas é um palco perfeito para ela . . . Atrai e canaliza a violência, que, de outra forma, ficaria hibernando ou explodiria esporadicamente.”

A violência manifesta na rivalidade entre clubes de futebol segue um padrão refletido em outras ações toleradas por muitos dos cidadãos supostamente acatadores da lei. David Robins, depois de sete anos de estudos das arruaças no futebol, explica o seguinte, no livro We Hate Humans (Odiamos os Humanos): “A tendência das nações-estados de resolver as disputas territoriais por meios violentos, e com apenas as mais tênues referências possíveis aos ideais, ou aos princípios morais, pode ser entendida pelos politicamente analfabetos como não sendo nada mais do que uma versão adulta das brigas do futebol.”

Assim, a revista The Economist [transcrita na revista SENHOR, de 12/6/85, p. 14], aconselhava: “Enquanto uma Grã-Bretanha envergonhada pondera a tragédia de Bruxelas, deveria examinar o sistema de valores culturais que a tornou possível.”

Identificando as arruaças como sintoma de uma sociedade doentia, o Presidente da Associação dos Chefes de Polícia da Inglaterra, Charles McLachlan, lamentou a falta de disciplina na vida moderna e clamou por melhor orientação para os jovens. O delegado Robert Bunyard, da Polícia de Essex, descreveu os tumultos no futebol como “a concentração do comportamento que as pessoas demonstram em outras partes”.

É terminal a moléstia que permeia a sociedade humana? Ou existe uma cura? Que tratamento terá êxito?

sábado, 28 de agosto de 2010

A origem

Há quem pense que o cross-country é um esporte novo, recente, mas não é bem assim. Em 1927, nas cavernas da ilha de Rødøya, na Noruega, foram encontradas gravuras em rocha de milhares de anos. Um deles mostra um caçador que, pelo que parece, está usando uma máscara de coelho e deslizando com esquis bem compridos nos pés. Mais recentemente, trabalhadores na Escandinávia encontraram nas turfeiras centenas de esquis antigos em ótimo estado de conservação. No passado, durante os longos invernos com muita neve, esquiar era um meio de transporte indispensável para os povos nórdicos. Estava tão arraigado ao sistema de vida deles que eles até adoravam e prestavam homenagem a um deus e a uma deusa-esqui! Hoje, muitas cidades e vilarejos na Noruega e na Suécia têm nomes que são resquícios de crenças pagãs antigas. Não precisa ir muito longe. O nome Escandinávia, pelo que tudo indica, se refere a Skade, deusa dos esquiadores.

Por séculos, esquiar teve um papel muito importante na vida nórdica. Mas foi só no século 19 que o cross-country veio a se tornar um esporte internacional. Nessa época os noruegueses aperfeiçoaram os patins tradicionais, mudando o formato e tornando-os mais afilados e estreitos. Eles também desenvolveram um sistema de tiras amarradas no calcanhar e outras amarradas nos dedos do pé. Mais tarde essas tiras foram substituídas por presilhas de segurança para prender as botas nos esquis. E logo também deram início a uma série de competições em Telemark, uma região montanhosa na região centro-sul da Noruega. Acredita-se que a primeira competição de cross-country cronometrada de que há registro aconteceu nesse local e o vencedor percorreu a distância de 5 quilômetros em cerca de 30 minutos. Pouco tempo depois, corridas de cross-country tornaram-se populares nos países do norte da Europa. Mas foi um outro evento que o tornou conhecido no resto do mundo.

Em 1888, Fridtjof Nansen, explorador norueguês, chefiou uma expedição Groenlândia adentro usando esquis como meio de transporte. Em seguida, ele escreveu um livro sobre essa aventura que em 1891 foi traduzido para o alemão, francês e inglês. A descrição sobre a travessia exaustiva da desolada região ártica deu asas à imaginação dos leitores vitorianos. Surgiram idéias heróicas de se desbravar terras desconhecidas.

Na década de 60, organizaram-se excursões de esqui para famílias dando início a um grande empreendimento. Surgiram muitas estações de esqui especializadas em cross-country. As indústrias não ficaram para trás e logo lançaram novos equipamentos sofisticados. Até a moda teve sua participação transformando o cross-country em um esporte chique. Cresceu a demanda por locais para esqui e muitas prefeituras se viram desesperadas terraplenando qualquer terreno disponível — até campos de golfe e parques nas cidades.

Esquente seu inverno com o esqui “cross-country”

DO REDATOR DE DESPERTAI! NO CANADÁ

“LANGLÄUFER LEBEN LÄNGER” — “Esquiadores cross-country vivem mais.” Essa expressão popular alemã em si já diz tudo — o valor que muitos dão a esse esporte de inverno. E isso é bem evidente em vários países onde cai muita neve — a paisagem nos campos mais parece um gigantesco entrelaçado de trilhas deixadas por esquis. Em alguns países, há placas mostrando a distância entre cidades e vilarejos, e muitas pistas têm iluminação artificial para a facilidade dos esquiadores na volta do serviço.

O cross-country, que antes da década de 60 contava com poucos interessados, nesses últimos anos vem ganhando popularidade em muitos lugares do mundo. Estima-se que só na América do Norte o número de esquiadores cross-country chegue a quatro milhões! Mas por que será que esse esporte atrai a tantos? É pelo fato de ser um esporte de baixo custo e, à primeira vista, não muito complicado. O esqui alpino, por exemplo, que envolve deslizar encosta abaixo, é bem mais difícil em certos aspectos e os equipamentos e o vestuário são caros. E não é só isso. A pessoa precisa viajar para lugares específicos onde há colinas ou montanhas próprias e equipadas para se esquiar. Além disso, ainda fica sujeita a enfrentar longas filas para pegar o teleférico, sem contar que as passagens não são baratas. Esquiar montanha abaixo exige também um preparo físico que nem todos os iniciantes têm. No caso do cross-country, a bem dizer não há restrições — está ao alcance de todos, adultos e crianças. E tudo o que se precisa são alguns centímetros de neve recém-caída, um pouco de treino, esquis, botas de esqui e bastões de esqui, que não precisam ser dos mais caros.

O cross-country pode ser uma aventura e tanto! Dá para esquiar pelos campos e pelos prados, pelos lagos e pelos rios congelados e ainda penetrar no silêncio das florestas e passar por vales cobertos de neve — quer dizer, o rumo fica ao gosto do esquiador. A ocasião é ideal para se meditar, refletir e pensar sobre a vida e também para abrir o coração para o Criador agradecendo-lhe por todas as maravilhas que nos cercam. Nada como o inverno para dar um toque todo especial à criação de Deus. A neve cai, envolvendo a natureza com um manto resplandecente. Quase não se ouve nenhum ruído. A terra se revigora e se purifica e revive como se voltasse a ser virgem. Ao esquiar floresta adentro, como é reconfortante para o coração e para o espírito olhar para as árvores cobertas de cristais de gelo! O ruído do mundo mecanizado em que vivemos vai se distanciando pouco a pouco e depois só se ouve o som dos esquis deslizando na neve.

Por outro lado, o cross-country em família ou com amigos é um programa muito bom pois une e fortalece os laços. Em muitos países do norte da Europa há famílias que andam de trem uns 20 a 30 quilômetros e depois voltam esquiando para casa.

Um tipo diferente de caminhada!

DO REDATOR DE DESPERTAI! NA FINLÂNDIA

Já ouviu falar de caminhada nórdica? Na Finlândia, esse tipo de caminhada se tornou um dos exercícios mais populares. Envolve o uso de bastões semelhantes aos usados em esqui. Como esse esporte surgiu e quais são os benefícios?

QUANDO você vê um adepto da caminhada nórdica, o que lhe vem à mente é um esquiador sem esquis. De fato, foram os esquiadores que inventaram esse esporte quando começaram a intensificar seu treinamento durante o verão, andando com seus bastões de esqui. Na década de 80, a caminhada com bastões passou a ser praticada por outros atletas. Por volta do fim da década de 90, a população em geral começou a praticar a caminhada nórdica. Uma pesquisa Gallup em 2004 mostrou que 760 mil finlandeses — 19% da população — praticam o esporte pelo menos uma vez por semana. “A caminhada nórdica tornou-se hoje o segundo exercício mais popular na Finlândia, perdendo apenas para a caminhada tradicional”, diz Tuomo Jantunen, diretor-executivo da Suomen Latu, organização que encomendou a pesquisa. Esse esporte veio para ficar e, recentemente, tem sido adotado por outros países.

Muitos já conhecem os benefícios da caminhada, mas quais são as vantagens de andar com bastões? “Um grande benefício é que a caminhada nórdica exercita também a parte superior do corpo, como os músculos dos braços, das costas e do abdome”, diz o fisioterapeuta Jarmo Ahonen, que pratica o esporte. “Também ajuda a relaxar a tensão no pescoço e nos ombros, um problema comum entre quem trabalha em escritórios”, diz ele.

Visto que a caminhada nórdica exercita mais músculos do que a caminhada tradicional, também consome mais calorias. Usar bastões ajuda a pessoa a andar mais rápido e acelerar a pulsação. Mas não é só isso, os defensores do esporte dizem que, se os bastões forem usados corretamente, ajudam a pessoa a caminhar ereta, melhorando a postura. “A caminhada nórdica também alivia o peso sobre as juntas, pois é possível usar os bastões para sustentar parte dele”, diz Ahonen. Um praticante do esporte explica que os bastões pontiagudos ajudam a manter o equilíbrio em lugares escorregadios. Assim, os idosos adotaram esse novo tipo de caminhada durante o inverno, pois o chão em geral fica coberto de neve ou gelo.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Os ginásios e seus atletas

A competição atlética era considerada um elemento essencial no desenvolvimento do cidadão-soldado. Todas as cidades gregas tinham os seus ginásios, onde o treinamento físico dos jovens era combinado com o ensino de disciplinas intelectuais e religiosas. Os ginásios eram construídos em torno de áreas bem amplas onde os jovens faziam exercícios, e eram cercados por pórticos e outras áreas cobertas, usadas como bibliotecas e salas de aulas. Tais instituições eram freqüentadas principalmente pelos jovens de famílias ricas, que podiam se dedicar à educação em vez de ao trabalho. Ali, os atletas se submetiam a longos e intensos preparativos para os jogos, com a ajuda de treinadores, os quais também lhes prescreviam dietas e cuidavam de que mantivessem a abstinência sexual.

A exposição no Coliseu deu aos visitantes a oportunidade de admirar excelentes representações de atletas da antiguidade, na maioria cópias romanas de esculturas de origem grega. Visto que, segundo a ideologia clássica, a perfeição física correspondia à perfeição moral e pertencia exclusivamente à aristocracia, o físico atlético dos vitoriosos representava um ideal filosófico. Os romanos gostavam das esculturas como obras de arte, e muitas delas decoravam estádios, balneários, casas e palácios.

Entre os romanos, espetáculos violentos sempre eram populares, de modo que, dentre todas as modalidades de esporte gregas apresentadas em Roma, o pugilismo, a luta romana e o pancrácio eram os mais apreciados. Os romanos encaravam esses esportes não como competições entre atletas, para avaliar suas respectivas virtudes, mas como simples diversão. O conceito original dos esportes, a participação coletiva de atletas guerreiros de elite como parte da sua educação, foi abandonado. Em vez disso, os romanos transformaram os jogos gregos em exercícios saudáveis que se faziam antes de tomar um banho, ou em eventos esportivos com a participação de profissionais das classes inferiores. Um exemplo são as competições de gladiadores.

Uma instituição antiga

A Grécia não foi a primeira civilização a se envolver em esportes. Mesmo assim, talvez no oitavo século AEC, o poeta grego Homero descreveu uma sociedade humana estimulada por ídolos heróicos e um espírito de competição, em que a bravura militar e o atletismo tinham grande valor. Explicou-se na exposição que a mais antiga das festividades gregas teve início como um evento religioso para honrar os deuses nos funerais de personagens heróicos. Por exemplo, a Ilíada de Homero, a mais antiga obra existente da literatura grega, descreve como guerreiros nobres, companheiros de Aquiles, depuseram as armas nos ritos fúnebres de Pátroclo e competiram para provar seu valor no pugilismo, na luta romana, no lançamento de discos e de dardos, e na corrida de carros puxados por cavalos.

Festividades similares passaram a ser celebradas em toda a Grécia. Disse a brochura explicativa sobre a exposição: “As festividades ofereciam uma oportunidade básica para os gregos, em respeito aos seus deuses, deixarem de lado suas freqüentes e intermináveis disputas violentas e conseguirem sublimar seu espírito tipicamente competitivo numa realização pacífica, mas igualmente verdadeira, de competição atlética.”

Grupos de cidades-estados adotaram a prática de se reunirem regularmente em centros comuns de adoração para prestar homenagem às suas deidades por meio de competições atléticas. Com o tempo, quatro dessas festividades — a olímpica e a neméia, dedicadas a Zeus; e a pítica e a ístmica, dedicadas respectivamente a Apolo e a Posseidon — aumentaram em importância até se tornarem festividades pan-helênicas. Quer dizer, estavam abertas a competidores de todo o mundo grego. As festividades destacavam sacrifícios e orações e também honravam os deuses por superlativas competições de atletismo ou artísticas.

A mais antiga e prestigiada dessas festividades, segundo o que se diz, data do ano 776 AEC, e era realizada de quatro em quatro anos em honra a Zeus, em Olímpia. A segunda na ordem de importância era a festividade pítica. Realizada perto do mais famoso oráculo do mundo antigo, em Delfos, também incluía atletismo. Mas, em honra do padroeiro da poesia e da música, Apolo, dava-se ênfase ao canto e à dança.

O Treinamento Físico — É Útil?

Será que a Bíblia oferece alguma orientação prática no campo dos esportes?

Notemos em primeiro lugar o valioso conselho fundamental da Bíblia: “Seja a vossa razoabilidade conhecida de todos os homens.” (Filipenses 4:5) Isto indica de imediato um conceito equilibrado sobre todos os assuntos. Por exemplo, o apóstolo Paulo, no mundo grego orientado pelo atletismo dos seus dias, escreveu a um jovem cristão: “Procure se manter sempre em exercício espiritual. . . . O exercício físico tem algum valor, mas o exercício espiritual tem valor para tudo.” (1 Timóteo 4:7, 8, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Outra tradução verte: “O treinamento físico traz benefício limitado.” — The New English Bible.

Se, pois, o benefício é limitado, é prudente dedicar-se aos esportes por tempo integral? Baseiam-se nos esportes os verdadeiros valores da vida? E que dizer se o esporte viola os princípios cristãos básicos, como ‘amar o próximo como a si mesmo’ ou ‘fazer aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem’? Que dizer se atividade extracurricular nos esportes significa associação desnecessária com pessoas que não aplicam princípios cristãos? Irá isso minar a espiritualidade? Não é verdade que Primeira Coríntios 15:33 responde Sim? — “Não sejais desencaminhados. Más associações estragam hábitos úteis.”

Embora os esportes como recreação proporcionem “benefício limitado”, a pessoa precisa estar apercebida de possíveis perigos quando são levados muito a sério. A Bíblia fornece orientação nesse respeito: “Não fiquemos egotistas, atiçando competição entre uns e outros, invejando-nos uns aos outros.” (Gálatas 5:26) Nosso artigo precedente mostrou como a incrementada competição pode conduzir à violência. Um espírito excessivamente competitivo tira muito do prazer do jogo, visto que a meta final, vencer, se torna a única coisa importante.

Outras traduções desse texto dizem: “Não procuremos a glória vã.” (Lincoln Ramos) “Então não precisaremos mais andar em busca de honras e de popularidade.” (O Novo Testamento Vivo) Os jovens são atraídos pela ilusão do sucesso nos esportes. Sonham em tornar-se o astro, o vencedor, ganhar destaque. Para a grande maioria, é um sonho impossível. Para os poucos “favorecidos”, o preço é elevado, amiúde terrivelmente elevado. Darryl Stingley, ex-jogador de futebol americano dos E.U.A., sabe isso bem demais. Em resultado de ter sido agarrado mortalmente em agosto de 1978, desde então está paralisado do pescoço para baixo.

Heitor Amorim, ex-astro do futebol brasileiro, põe em foco a questão, dizendo: “Não se deve jamais esquecer que é um número insignificante os poucos que se tornam astros e obtêm todas as honras que acompanham o sucesso. Para cada um que ascende à glória há milhares que sofrem frustração. Abandonaram os estudos, fracassaram no esporte e daí lhes restou — o quê? O desprezo. Ninguém quer saber hoje de um perdedor.”

Portanto, em essência, qual é o melhor conselho a seguir quanto aos esportes? Deixemos que o ex-jogador australiano de futebol americano, Peter Hanning (um profissional de 1964-75 do Swan Districts), responda a essa pergunta: “Meu conselho aos jovens é: Desfrutem seu exercício físico. Os esportes são uma recreação que os conservarão sadios e felizes como passatempo. Mas o esporte profissional é outra história. Exige compromisso que exclui tudo, exige uma dedicação completa. E o preço que se paga é elevado — todas as relações, quer com as pessoas, quer com Deus, têm de sofrer. A pessoa se torna parte de um mundo autônomo de bajulação, imoralidade, inveja, orgulho e avareza. E corre o constante risco de ser vítima de ferimento incapacitante. Ou, talvez pior ainda para alguém que tem consciência, o de ferir gravemente outra pessoa. A lista de ferimentos que eu sofri inclui um braço quebrado, fratura no nariz (quatro vezes) e no osso da maçã do rosto, remoção da cartilagem do joelho, ferimento nas costas e concussão duas vezes. E, em comparação com alguns, eu me saí bastante bem!”

Portanto, embora seja verdade que “a glória dos jovens é a sua força” (Provérbios 20:29, Versão da Imprensa Bíblica Brasileira), deve-se também lembrar que as relações na vida não se baseiam na força, mas na sabedoria. Portanto, recreie-se com seus esportes de modo contrabalançado. Deixe que sirvam de diversão, mas nunca lhe sejam uma obsessão. Deixe que o revigorem, mas nunca o dominem.

Envolvimento Contrabalançado

É claro que os pais devem ter interesse na recreação de seus filhos, mas seu envolvimento deve ser contrabalançado e construtivo. Conforme explicou Bobby Orr, astro do hóquei sobre o gelo: “Meu pai nunca me pressionou a jogar. Eu jogava hóquei porque eu gostava de jogar.” Vincent Chiapetta, treinador de atletismo em Nova Iorque, disse a respeito de sua atitude para com seu filho: “Embora eu estivesse no atletismo, não tentei forçar meu garoto a correr. . . . Eu assistia a seus jogos porque ele era meu filho e eu tinha responsabilidade. Mas, quando vi que o treinador fazia pressão nos garotos, eu lhe disse que ia retirar meu filho. Fiz questão de dizer-lhe que vencer não era a única coisa para mim. Afinal, um jogo é apenas um jogo.”

E que acham as crianças quando mamãe e papai se juntam a elas em algum jogo informal ao ar livre? Rick Rittenbach, que era um dos seis filhos da família, relembra: “Como éramos seis crianças, muitas vezes jogávamos uma partida de beisebol com bola macia, ou de voleibol. E sei que todos nós nos divertíamos quando mamãe e papai se juntavam a nós. E está claro que eles também se divertiam. Tenho a certeza de que foi um dos muitos fatores que ajudaram a manter nossa família unida.”

A participação nos esportes pode ser um tônico para toda pessoa, independente da idade. Mas as crianças, especialmente, consideram a recreação como ponto alto, e, quando é conjugada com uma boa relação com os pais, os benefícios se multiplicam. Tem-se assim uma família feliz, sadia e unida. Mas qual é a chave para tal situação? O equilíbrio. A recreação ou os esportes devem ser um passatempo, não uma competição mortal ou um campo de batalha divisório.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Benefícios do esporte

“O treinamento corporal é proveitoso para pouca coisa”, diz a Bíblia. (1 Timóteo 4:8) E os jovens com certeza se beneficiam do exercício físico. Nos Estados Unidos, um número alarmante de jovens são obesos, hipertensos e têm colesterol alto. Quando praticado com regularidade, o exercício pode ajudar bastante a controlar esses problemas. De acordo com um artigo da revista American Health, os jovens que se exercitam regularmente “desenvolvem maior capacidade aeróbica do que os que são sedentários [inativos]. Também se saem melhor nos esportes e controlam melhor o peso”. Os pesquisadores também dizem que o exercício pode reduzir o estresse, diminuir o cansaço e até melhorar o sono.

Curiosamente, o livro Your Child in Sports comenta: “Tem-se tornado evidente que os problemas de saúde de muitos adultos têm suas sementes plantadas na tenra idade.” É por isso que muitos médicos acham que os benefícios do exercício regular podem estender-se à vida adulta. A escritora Mary C. Hickey diz: “Pesquisas constataram que as crianças que praticam esporte tendem a ser adultos fisicamente mais ativos.”

Muitos acham que existem outros benefícios significativos nos esportes de equipe. Certo pai disse a respeito de seu filho jogar futebol americano: ‘Isso o mantém longe da rua. Ensina-o a ter disciplina.’ Outros acham que jogar num time ensina o jovem a trabalhar em equipe — algo que pode ter benefícios vitalícios. Os esportes de equipe também ensinam os jovens a seguir regras, ter autodisciplina, exercer liderança e saber ganhar e perder. “O esporte é um grande laboratório para os jovens”, diz o Dr. George Sheehan. “Ele dá aos alunos experiência direta em coisas sobre as quais muitas vezes ouvem os seus professores falar: coragem, competência e dedicação.” — Current Health, setembro de 1985.

No mínimo, jogar num time vencedor pode aumentar a auto-estima. “Quando marco um gol”, diz o jovem Eddie, “sinto orgulho de mim”.

Seria bom para mim jogar numa equipe esportiva?

“Gosto muito de esportes. Sinto-me realmente bem. E gosto de estar com os amigos.” — Sandy, 14 anos.

“DIVERSÃO!” “Emoção!” “Vencer!” Essas são algumas das razões dadas pelos jovens americanos e canadenses numa pesquisa sobre por que jogam em equipes esportivas organizadas. Pelo visto, muitos jovens compartilham do seu entusiasmo.

Veja o caso dos Estados Unidos, por exemplo. Segundo o livro Your Child in Sports (Seu Filho nos Esportes), de Lawrence Galton, “anualmente, 20 milhões de crianças americanas de seis anos para cima jogam, ou tentam jogar, em equipes esportivas organizadas”. E embora há apenas alguns anos as equipes esportivas organizadas se compusessem quase que exclusivamente de meninos, um número recorde de meninas está jogando beisebol, basquete e até mesmo futebol americano.

É possível que você seja do tipo atlético e ache que entrar para um time seria divertido. Ou pode ser que seus pais, professores ou treinadores o incentivem muito, ou até o pressionem, a fazer isso. Seja qual for o motivo, jogar numa equipe esportiva exigirá bastante de você em termos de tempo e energia. É apenas uma questão de bom senso querer saber dos prós e dos contras. Vamos ver primeiro algumas das vantagens.

ORIENTAÇÃO PARA AUMENTAR O PRAZER

 Para nos ajudar a derivar prazer de tais atividades, Deus nos proveu amorosamente orientação. Por exemplo, para evitarmos os resultados insalubres do excesso de comida, a Palavra de Deus aconselha: “Não venhas a ficar . . . entre os que são comilões de carne.” (Provérbios 23:20) De modo similar, fornece-nos o seguinte conselho sábio relativo às atividades recreativas: “Treina-te com a devoção piedosa por teu alvo. Pois o treinamento corporal é proveitoso para pouca coisa, mas a devoção piedosa é proveitosa para todas as coisas, visto que tem a promessa da vida agora e daquela que há de vir.” — 1 Timóteo 4:7, 8.

 De modo que a Bíblia mostra que o “treinamento corporal”, tal como obtemos nos esportes, tem o seu devido lugar. É bom para nós; pode ajudar-nos a desenvolver coordenação física, flexibilidade, tonicidade muscular e força. Pode também revigorar-nos mentalmente, em especial quando gastamos muito tempo nos estudos. Mas, note que a Bíblia acautela que “o treinamento corporal é proveitoso para pouca coisa”. O que pode acontecer se você desconsiderar tal conselho bíblico e ficar totalmente absorto nos esportes?

 Em primeiro lugar, pode estragar a diversão, tornando os esportes um “negócio sério”, em vez de uma recreação bem-vinda. Salientando os efeitos dos excessos nos jogos competitivos, o psicólogo de esportes Bruce Ogilvie disse: “Certa vez entrevistei os calouros em 10 campos da divisão de profissionais de beisebol, e 87 por cento deles disseram que gostariam de nunca ter começado a jogar beisebol na Divisão Juvenil, porque isto passou a tirar a alegria do que havia sido divertimento.”

 Também, alguns esportes, tais como o futebol americano, podem ser perigosos, especialmente quando seu corpo está no processo do desenvolvimento físico. O periódico Science Digest relatou que cerca de 12.000.000 de menores estadunidenses, antes de atingirem os dezoito anos, sofreram algum impedimento físico permanente por se empenharem em esportes! Um dos jogadores profissionais mais destacados do futebol americano não deixaria seus dois filhos jogar nas divisões infanto-juvenis deste tipo de futebol. “Os pais não param para pensar em todas as coisas que podem sair erradas para os rapazinhos”, disse ele. “Em primeiro lugar, ele pode voltar para casa com a mão cheia de seus dentes.” O que tornou alguns esportes tão perigosos é a competição levada ao extremo — a atitude de vencer a todo o custo — que muitas vezes é estimulada.

7 Outra coisa a considerar são as associações a que a participação em esportes organizados pode expor você. A conversa nos vestiários, em geral, tem a reputação de ser sexualmente imoral. Além disso, quando um time faz uma viagem para jogar em outro lugar, pode-se ficar por tempo prolongado na companhia daqueles que pouca consideração têm pela fidelidade a Deus. Isto é algo em que pensar, visto que a Palavra de Deus enfatiza que deve ‘treinar-se com a devoção piedosa por seu alvo’. E quão prático é envolver-se em algo que pode facilmente prejudicar seus princípios de moral e suas relações com seu Criador?

 De modo que os esportes são bem similares a outras coisas que são boas quando mantidas no devido equilíbrio — quando não dominam sua vida, sobrepondo-se a coisas mais importantes ou expondo você a situações prejudiciais. Quanta euforia pode dar participar num esporte veloz e sentir a emoção de o corpo corresponder e fazer as coisas com perícia! Pode dar alegria e satisfação lembrá-las por muito tempo. Pode ajudá-lo a apreciar nosso grandioso Criador, que nos fez com a capacidade de fazer tais coisas.

Esportes e diversões

EM TODO o mundo há interesse nos diversos esportes e outras formas de diversão. Bilhões de cruzeiros são gastos cada ano com eles. Você também se interessa nessas coisas? Por exemplo, gosta de cavalgar ou remar? Gosta de nadar, jogar tênis ou participar em outros esportes? Ou se diverte indo ao cinema ou vendo programas de televisão?

 Há quem diga que tais prazeres estão errados. O que você acha? Ora, alguns até mesmo afirmam que a Bíblia desaprova estas coisas. Francamente, porém, tais pessoas deturpam a Bíblia e seu autor, Jeová Deus. A Palavra de Deus fala favoravelmente sobre os jovens derivarem prazer de atividades de recreação. Por exemplo, descrevendo o povo bendito de Deus, a Bíblia diz: “As praças da cidade regurgitarão de meninos e meninas que brincarão nas suas praças.” Ela diz, também, que há “tempo para dançar”. (Zacarias 8:5; Eclesiastes 3:4, Centro Bíblico Católico) É evidente que Deus teve por objetivo que derivássemos prazer de atividades recreativas sadias. Um dos frutos do espírito de Deus é a “alegria”. (Gálatas 5:22) E nosso usufruto de recreações salutares é normal e natural.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os ginásios e seus atletas

A competição atlética era considerada um elemento essencial no desenvolvimento do cidadão-soldado. Todas as cidades gregas tinham os seus ginásios, onde o treinamento físico dos jovens era combinado com o ensino de disciplinas intelectuais e religiosas. Os ginásios eram construídos em torno de áreas bem amplas onde os jovens faziam exercícios, e eram cercados por pórticos e outras áreas cobertas, usadas como bibliotecas e salas de aulas. Tais instituições eram freqüentadas principalmente pelos jovens de famílias ricas, que podiam se dedicar à educação em vez de ao trabalho. Ali, os atletas se submetiam a longos e intensos preparativos para os jogos, com a ajuda de treinadores, os quais também lhes prescreviam dietas e cuidavam de que mantivessem a abstinência sexual.

A exposição no Coliseu deu aos visitantes a oportunidade de admirar excelentes representações de atletas da antiguidade, na maioria cópias romanas de esculturas de origem grega. Visto que, segundo a ideologia clássica, a perfeição física correspondia à perfeição moral e pertencia exclusivamente à aristocracia, o físico atlético dos vitoriosos representava um ideal filosófico. Os romanos gostavam das esculturas como obras de arte, e muitas delas decoravam estádios, balneários, casas e palácios.

Entre os romanos, espetáculos violentos sempre eram populares, de modo que, dentre todas as modalidades de esporte gregas apresentadas em Roma, o pugilismo, a luta romana e o pancrácio eram os mais apreciados. Os romanos encaravam esses esportes não como competições entre atletas, para avaliar suas respectivas virtudes, mas como simples diversão. O conceito original dos esportes, a participação coletiva de atletas guerreiros de elite como parte da sua educação, foi abandonado. Em vez disso, os romanos transformaram os jogos gregos em exercícios saudáveis que se faziam antes de tomar um banho, ou em eventos esportivos com a participação de profissionais das classes inferiores. Um exemplo são as competições de gladiadores.

As modalidades de esporte

Comparado com o atletismo moderno, o número de modalidades era bastante reduzido, e apenas homens participavam. O programa das antigas Olimpíadas não tinha mais de dez modalidades. As estátuas, os relevos, os mosaicos e as pinturas em vasos de terracota, expostos no Coliseu, retratavam os atletas em ação.

Havia corridas a pé de três distâncias: o estádio, equivalente a uns 200 metros; a corrida dupla, comparável aos atuais 400 metros; e a corrida de longa distância, de uns 4.500 metros. Os atletas corriam ou faziam exercícios totalmente nus. Os competidores no pentatlo participavam num conjunto de cinco provas: corrida, salto em distância, arremesso de disco, arremesso de dardo e luta. Outras competições incluíam pugilismo e pancrácio, este último descrito como “esporte brutal que combinava socos com luta livre”. Depois havia a corrida de carros puxados por cavalos por uma distância de oito estádios. Os carros eram leves, abertos, com rodas pequenas, e puxados por dois ou quatro potros ou cavalos adultos.

O pugilismo era extremamente violento e às vezes fatal. Os competidores usavam em torno dos punhos tiras de couro duro, reforçadas com pedaços de metal. Não é difícil imaginar por que certo competidor, chamado Stratofonte, não conseguiu reconhecer a si próprio quando olhou num espelho depois de quatro horas de luta. Antigas estátuas e mosaicos comprovam que os pugilistas ficavam horrivelmente desfigurados.

Na luta romana, segundo as regras, o lutador só podia agarrar a parte superior do corpo do adversário; e o vencedor era quem fosse o primeiro a conseguir imobilizar o outro no chão três vezes. Em contraste, no pancrácio não havia nenhuma restrição de onde segurar o oponente. Os competidores podiam dar pontapés, socos e torcer articulações do corpo do adversário. Os únicos golpes não permitidos eram arrancar o olho com o dedo, arranhar o adversário ou mordê-lo. O objetivo era imobilizar o oponente no chão e obrigá-lo a desistir. Alguns achavam esse “o melhor espetáculo de toda a Olimpíada”.

Diz-se que o mais famoso encontro pancrácio da antiguidade ocorreu no final da Olimpíada de 564 AEC. Arraquião, que estava sendo estrangulado, ainda conseguiu deslocar um dos dedos do pé do seu rival. O oponente, vencido pela dor, rendeu-se no mesmo instante que Arraquião morreu. Os juízes declararam o cadáver de Arraquião vencedor da luta.

A corrida de carros puxados por cavalos era a mais prestigiada das modalidades e também a mais popular entre os aristocratas, visto que o vencedor não era aquele que guiava os cavalos, mas o dono do carro e dos cavalos. Os momentos mais críticos na competição aconteciam no começo da corrida, quando os condutores tinham de manter-se na sua própria faixa e, mais difícil ainda, quando tinham de fazer a curva com o carro em torno dos postes nas duas extremidades da pista. Erros ou faltas podiam causar acidentes que tornavam esse evento popular ainda mais espetacular.

Uma instituição antiga - os esportes

A Grécia não foi a primeira civilização a se envolver em esportes. Mesmo assim, talvez no oitavo século AEC, o poeta grego Homero descreveu uma sociedade humana estimulada por ídolos heróicos e um espírito de competição, em que a bravura militar e o atletismo tinham grande valor. Explicou-se na exposição que a mais antiga das festividades gregas teve início como um evento religioso para honrar os deuses nos funerais de personagens heróicos. Por exemplo, a Ilíada de Homero, a mais antiga obra existente da literatura grega, descreve como guerreiros nobres, companheiros de Aquiles, depuseram as armas nos ritos fúnebres de Pátroclo e competiram para provar seu valor no pugilismo, na luta romana, no lançamento de discos e de dardos, e na corrida de carros puxados por cavalos.

Festividades similares passaram a ser celebradas em toda a Grécia. Disse a brochura explicativa sobre a exposição: “As festividades ofereciam uma oportunidade básica para os gregos, em respeito aos seus deuses, deixarem de lado suas freqüentes e intermináveis disputas violentas e conseguirem sublimar seu espírito tipicamente competitivo numa realização pacífica, mas igualmente verdadeira, de competição atlética.”

Grupos de cidades-estados adotaram a prática de se reunirem regularmente em centros comuns de adoração para prestar homenagem às suas deidades por meio de competições atléticas. Com o tempo, quatro dessas festividades — a olímpica e a neméia, dedicadas a Zeus; e a pítica e a ístmica, dedicadas respectivamente a Apolo e a Posseidon — aumentaram em importância até se tornarem festividades pan-helênicas. Quer dizer, estavam abertas a competidores de todo o mundo grego. As festividades destacavam sacrifícios e orações e também honravam os deuses por superlativas competições de atletismo ou artísticas.

A mais antiga e prestigiada dessas festividades, segundo o que se diz, data do ano 776 AEC, e era realizada de quatro em quatro anos em honra a Zeus, em Olímpia. A segunda na ordem de importância era a festividade pítica. Realizada perto do mais famoso oráculo do mundo antigo, em Delfos, também incluía atletismo. Mas, em honra do padroeiro da poesia e da música, Apolo, dava-se ênfase ao canto e à dança.

Os esportes e a família — um conceito equilibrado

“ESTA mulher veio correndo, gritando obscenidades. Eu me dei por vencida. Ela me deu pontapés e me arranhou.” A resposta da outra: “Eu fui lá e esta mulher me deu um soco, e eu dei um pontapé nela, mas ambas erramos o alvo. Sinto ter errado. Eu faria de novo.”

Bem, de que se tratava? Será que se tratava de uma partida de luta feminina corpo a corpo? Não, era uma briga de duas mães canadenses numa partida de futebol de seus filhos de 10 anos.

Isto talvez ilustre um dos problemas que algumas crianças têm nos esportes — seus pais. Segundo escreveu certa mãe sobre a participação de seu filho na Liga Infanto-juvenil de beisebol: “Nós presenteamos isso a nossos meninos como um regalo, um privilégio . . . E nós é que ficamos empolgados com isso. Impusemos nossos próprios sentimentos competitivos nesses pobres garotos, daí ficamos sabendo que jogavam beisebol não para seu próprio prazer, mas para nos contentarem.”

Na Austrália, “crianças de apenas cinco a seis anos estão sendo forçadas a uma atmosfera esportiva de grande tensão e competição, não obstante a posição oficial em muitas organizações — o rúgbi, o futebol e o críquete, que não devem começar antes dos 10 ou 12 anos”. O dr. W. W. Ewens, em Nova Gales do Sul, disse que a evidência era “razoavelmente conclusiva de que psicológica, fisiológica e socialmente as criancinhas não estavam preparadas para a prática de um esporte grande”.

Então, por que é que pais e treinadores fazem tanta pressão nas crianças? “Os pais ultrapassam os limites quando se excedem em identificar-se com seus filhos, ou tentam ocupar o lugar deles”, disse o dr. Leonard Reich, psicólogo de crianças em Nova Iorque. “Para alguns pais significa uma mudança, um retorno aos dias de sua juventude.” O único problema é que tendem a usar critério adulto nos jogos de seus filhos. O resultado é que, em vez de divertir-se, divertir-se, divertir-se, a meta é vencer! vencer! vencer!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Treinamento Físico — É Útil?

Será que a Bíblia oferece alguma orientação prática no campo dos esportes?

Notemos em primeiro lugar o valioso conselho fundamental da Bíblia: “Seja a vossa razoabilidade conhecida de todos os homens.” (Filipenses 4:5) Isto indica de imediato um conceito equilibrado sobre todos os assuntos. Por exemplo, o apóstolo Paulo, no mundo grego orientado pelo atletismo dos seus dias, escreveu a um jovem cristão: “Procure se manter sempre em exercício espiritual. . . . O exercício físico tem algum valor, mas o exercício espiritual tem valor para tudo.” (1 Timóteo 4:7, 8, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Outra tradução verte: “O treinamento físico traz benefício limitado.” — The New English Bible.

Se, pois, o benefício é limitado, é prudente dedicar-se aos esportes por tempo integral? Baseiam-se nos esportes os verdadeiros valores da vida? E que dizer se o esporte viola os princípios cristãos básicos, como ‘amar o próximo como a si mesmo’ ou ‘fazer aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem’? Que dizer se atividade extracurricular nos esportes significa associação desnecessária com pessoas que não aplicam princípios cristãos? Irá isso minar a espiritualidade? Não é verdade que Primeira Coríntios 15:33 responde Sim? — “Não sejais desencaminhados. Más associações estragam hábitos úteis.”

Embora os esportes como recreação proporcionem “benefício limitado”, a pessoa precisa estar apercebida de possíveis perigos quando são levados muito a sério. A Bíblia fornece orientação nesse respeito: “Não fiquemos egotistas, atiçando competição entre uns e outros, invejando-nos uns aos outros.” (Gálatas 5:26) Nosso artigo precedente mostrou como a incrementada competição pode conduzir à violência. Um espírito excessivamente competitivo tira muito do prazer do jogo, visto que a meta final, vencer, se torna a única coisa importante.

Outras traduções desse texto dizem: “Não procuremos a glória vã.” (Lincoln Ramos) “Então não precisaremos mais andar em busca de honras e de popularidade.” (O Novo Testamento Vivo) Os jovens são atraídos pela ilusão do sucesso nos esportes. Sonham em tornar-se o astro, o vencedor, ganhar destaque. Para a grande maioria, é um sonho impossível. Para os poucos “favorecidos”, o preço é elevado, amiúde terrivelmente elevado. Darryl Stingley, ex-jogador de futebol americano dos E.U.A., sabe isso bem demais. Em resultado de ter sido agarrado mortalmente em agosto de 1978, desde então está paralisado do pescoço para baixo.

Heitor Amorim, ex-astro do futebol brasileiro, põe em foco a questão, dizendo: “Não se deve jamais esquecer que é um número insignificante os poucos que se tornam astros e obtêm todas as honras que acompanham o sucesso. Para cada um que ascende à glória há milhares que sofrem frustração. Abandonaram os estudos, fracassaram no esporte e daí lhes restou — o quê? O desprezo. Ninguém quer saber hoje de um perdedor.”

Portanto, em essência, qual é o melhor conselho a seguir quanto aos esportes? Deixemos que o ex-jogador australiano de futebol americano, Peter Hanning (um profissional de 1964-75 do Swan Districts), responda a essa pergunta: “Meu conselho aos jovens é: Desfrutem seu exercício físico. Os esportes são uma recreação que os conservarão sadios e felizes como passatempo. Mas o esporte profissional é outra história. Exige compromisso que exclui tudo, exige uma dedicação completa. E o preço que se paga é elevado — todas as relações, quer com as pessoas, quer com Deus, têm de sofrer. A pessoa se torna parte de um mundo autônomo de bajulação, imoralidade, inveja, orgulho e avareza. E corre o constante risco de ser vítima de ferimento incapacitante. Ou, talvez pior ainda para alguém que tem consciência, o de ferir gravemente outra pessoa. A lista de ferimentos que eu sofri inclui um braço quebrado, fratura no nariz (quatro vezes) e no osso da maçã do rosto, remoção da cartilagem do joelho, ferimento nas costas e concussão duas vezes. E, em comparação com alguns, eu me saí bastante bem!”

Portanto, embora seja verdade que “a glória dos jovens é a sua força” (Provérbios 20:29, Versão da Imprensa Bíblica Brasileira), deve-se também lembrar que as relações na vida não se baseiam na força, mas na sabedoria. Portanto, recreie-se com seus esportes de modo contrabalançado. Deixe que sirvam de diversão, mas nunca lhe sejam uma obsessão. Deixe que o revigorem, mas nunca o dominem.

Envolvimento Contrabalançado

É claro que os pais devem ter interesse na recreação de seus filhos, mas seu envolvimento deve ser contrabalançado e construtivo. Conforme explicou Bobby Orr, astro do hóquei sobre o gelo: “Meu pai nunca me pressionou a jogar. Eu jogava hóquei porque eu gostava de jogar.” Vincent Chiapetta, treinador de atletismo em Nova Iorque, disse a respeito de sua atitude para com seu filho: “Embora eu estivesse no atletismo, não tentei forçar meu garoto a correr. . . . Eu assistia a seus jogos porque ele era meu filho e eu tinha responsabilidade. Mas, quando vi que o treinador fazia pressão nos garotos, eu lhe disse que ia retirar meu filho. Fiz questão de dizer-lhe que vencer não era a única coisa para mim. Afinal, um jogo é apenas um jogo.”

E que acham as crianças quando mamãe e papai se juntam a elas em algum jogo informal ao ar livre? Rick Rittenbach, que era um dos seis filhos da família, relembra: “Como éramos seis crianças, muitas vezes jogávamos uma partida de beisebol com bola macia, ou de voleibol. E sei que todos nós nos divertíamos quando mamãe e papai se juntavam a nós. E está claro que eles também se divertiam. Tenho a certeza de que foi um dos muitos fatores que ajudaram a manter nossa família unida.”

A participação nos esportes pode ser um tônico para toda pessoa, independente da idade. Mas as crianças, especialmente, consideram a recreação como ponto alto, e, quando é conjugada com uma boa relação com os pais, os benefícios se multiplicam. Tem-se assim uma família feliz, sadia e unida. Mas qual é a chave para tal situação? O equilíbrio. A recreação ou os esportes devem ser um passatempo, não uma competição mortal ou um campo de batalha divisório.

Esportes — Por Que Cresce a Violência?

“ESTA mulher veio correndo, gritando obscenidades. Eu me dei por vencida. Ela me deu pontapés e me arranhou.” A resposta da outra: “Eu fui lá e esta mulher me deu um soco, e eu dei um pontapé nela, mas ambas erramos o alvo. Sinto ter errado. Eu faria de novo.”

Bem, de que se tratava? Será que se tratava de uma partida de luta feminina corpo a corpo? Não, era uma briga de duas mães canadenses numa partida de futebol de seus filhos de 10 anos.

Isto talvez ilustre um dos problemas que algumas crianças têm nos esportes — seus pais. Segundo escreveu certa mãe sobre a participação de seu filho na Liga Infanto-juvenil de beisebol: “Nós presenteamos isso a nossos meninos como um regalo, um privilégio . . . E nós é que ficamos empolgados com isso. Impusemos nossos próprios sentimentos competitivos nesses pobres garotos, daí ficamos sabendo que jogavam beisebol não para seu próprio prazer, mas para nos contentarem.”

Na Austrália, “crianças de apenas cinco a seis anos estão sendo forçadas a uma atmosfera esportiva de grande tensão e competição, não obstante a posição oficial em muitas organizações — o rúgbi, o futebol e o críquete, que não devem começar antes dos 10 ou 12 anos”. O dr. W. W. Ewens, em Nova Gales do Sul, disse que a evidência era “razoavelmente conclusiva de que psicológica, fisiológica e socialmente as criancinhas não estavam preparadas para a prática de um esporte grande”.

Então, por que é que pais e treinadores fazem tanta pressão nas crianças? “Os pais ultrapassam os limites quando se excedem em identificar-se com seus filhos, ou tentam ocupar o lugar deles”, disse o dr. Leonard Reich, psicólogo de crianças em Nova Iorque. “Para alguns pais significa uma mudança, um retorno aos dias de sua juventude.” O único problema é que tendem a usar critério adulto nos jogos de seus filhos. O resultado é que, em vez de divertir-se, divertir-se, divertir-se, a meta é vencer! vencer! vencer!